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Davidson Pelo Mundo: Natureza e história, assim é a Bósnia e Herzegovina

Por Davidson Botelho - @davidsonpelomundo

Davidson Pelo Mundo: Natureza e história, assim é a Bósnia e Herzegovina
Foto: Reprodução / Redes Sociais

Dando continuidade a viagem pelos Balcãs, chegou a vez de contar um pouco sobre esse incrível país. Confesso que fiquei em dúvida se iria ou não, ouvia e lia muitas coisas que não me animavam, coisas tristes e desanimadoras. Aos poucos fui entendendo que o que era negativo para algumas pessoas, eram justamente as coisas que eu sempre busco em minhas viagens.


Gosto de história e também de confrontar o que geralmente é divulgado pela grande mídia com que os meus olhos certificam. No caminho da Albânia para Sarajevo, confesso que fiquei preocupado, ao entrar na Bósnia-Hezergovina( Já vai uma dica; jamais pronuncie o nome do país de forma abreviada- Bósnia, sempre será Bósnia-Hezergovina, não se meta em questões histórica e étnicas) as estradas estavam em péssimas condições.


Ao chegar em Sarajevo já vimos claramente as marcas da sangrenta guerra com a Sérvia que acabou com mais de 200 mil mortos, na grande maioria civis. Eles preservam as parede cravadas de balas, mísseis, prédios e casas destruídas fazem parte do cenário que impactam ao chegarmos , mas tudo isso é proposital e o turismo explora isso de forma respeitosa e sábia.


De toda região dos Balcãs, essa é a interessante no sentido da mistura das raças, religião, gastronomia, assim a Bósnia-Hezergovina se torna um destino único, com muita história, povo solícito, seguro para os turistas e barato. Sarajevo é uma cidade que nasceu num vale cercado de montanhas, as mesmas que serviram de estratégia para os Sérvios bombardearem a cidade e promoverem uma matança, e também para abrigar as olimpíadas de inverno de 1984.


Mas esse destino também é rico em belezas naturais, da região é o país que tem a menor faixa litorânea, mas suas belezas montanhosas compensam e valem a pena conhecer . A Bósnia-Herzegovina  é resultante da dissolução da Iugoslávia , limitada a norte e oeste pela Croácia, a leste e a sul pela Sérvia, e a sul pelo Montenegro, dispondo ainda de uma minúscula extensão de litoral, no mar Adriático. Sua capital é a cidade de Sarajevo. É composta por duas entidades politicamente autónomas, a Federação da Bósnia e Herzegovina (federação croato-bosníaca) — que é uma república federal de facto — e a República Sérvia  .


A república independente está dividida em duas regiões geográficas: Bósnia, na parte setentrional, uma região de montanhas que encontra-se sob a cobertura das densas florestas; Herzegovina, na parte meridional, compõe-se, em sua maioria, de montes rochosos onde a atividade econômica praticada é a agricultura. Antes da guerra civil, mais de um quinto da população que habitava a Bósnia e Herzegovina se compunha de fazendeiros responsáveis pelo cultivo de frutas cítricas e legumes. A república independente possuía grandes reservas minerais onde eram extraídos bauxita, cobre, ferro, aço, lignito, madeira e zinco. 


As indústrias de maior importância foram as que fabricavam ferro, aço, couro, alimentos e têxteis, sendo destruídas mais tarde em virtude dos conflitos da guerra civil. Os principais grupos étnicos que habitam a Bósnia-Herzegovina são majoritariamente bósnios, sérvios e croatas. A maioria dos habitantes que vivem no país são falantes do servo-croata e adotantes do alfabeto cirílico. Metade da população segue o cristianismo (35% segue a Igreja Ortodoxa Sérvia e 15% segue o catolicismo) e 46% é muçulmana.


O Império Austro-Húngaro dominou a região em 1878. Em 1914, um estudante nascido no Reino da Sérvia, Gavrilo Princip, assassinou o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do Império Austro-Húngaro, em Sarajevo, na Bósnia recém-anexada ao império. Esse foi o estopim da Primeira Guerra Mundial.


Com o término da Primeira Guerra Mundial, a Iugoslávia anexou a Bósnia e Herzegovina em 1918. Na época em que eclodiu a Segunda Guerra Mundial, os soldados da Bósnia e Herzegovina entraram na luta contra tropas da Alemanha Nazi e da Itália fascista que foram responsáveis pela ocupação da terra dos bósnios.


A Bósnia e Herzegovina tornou-se independente em 1992. Depois de ser proclamada a independência do país, eclodiu uma guerra civil, resultando num genocídio que causou a morte de 200 000 pessoas, sendo Sarajevo palco de um dos piores momentos da humanidade.

 

Sarajevo é a maior cidade e a capital da Bósnia e Herzegovina. A cidade é o maior ponto de encontro das diferentes etnias e religiões que formam o país. Em Sarajevo convivem em harmonia bósnios, croatas e sérvios, assim como católicos e muçulmanos. Por causa de sua diversidade cultural e religiosa, Sarajevo é às vezes chamada de “Jerusalém da Europa” e é considerada o lugar “onde o Oriente encontra o Ocidente”. É também uma cidade de longa e diversificada história. A cidade de Sarajevo desempenhou um papel significativo em alguns dos maiores eventos da história europeia.

 

O centro histórico de Sarajevo inclui vários objetos sagrados. A maioria são mesquitas, mas também existem várias igrejas e sinagogas. Um dos mais antigos edifícios sagrados de Sarajevo é a antiga Igreja Ortodoxa. Foi construída ao lado da Baš?aršija no século XVI, quando a comunidade ortodoxa habitava Sarajevo. Devido aos danos que sofreu ao longo dos séculos, a igreja teve de ser reconstruída, mas conseguiu a manter sua aparência autêntica. Hoje a igreja abriga um museu com uma coleção invejável de ícones e outros objetos históricos. Perto da antiga igreja fica a Catedral Ortodoxa construída no século XIX, que hoje é a maior igreja ortodoxa em Sarajevo.

 


Ao virar na próxima rua, você encontrará a Catedral do Sagrado Coração, a principal igreja católica de Sarajevo. A catedral foi construída em 1889, durante o período austro-húngaro. Em 1997, após o fim da guerra, o papa João Paulo II visitou Sarajevo. Os católicos de Sarajevo decidiram honrar esse momento e colocaram uma estátua do papa em frente à catedral.


A comunidade judaica também esteve presente na cidade desde o período otomano. Os judeus construíram a Antiga Sinagoga no século XVI e a usaram até a Segunda Guerra Mundial. No início do domínio austro-húngaro, ainda mais judeus chegaram a Sarajevo. Nessa época a Sinagoga Ashkenazi foi construída na margem do rio Miljacka. Durante a Segunda Guerra Mundial, a comunidade judaica de Sarajevo sofreu grandes perdas e não se recuperou desde então. Hoje, a Sinagoga Ashkenazi continua a ser a única sinagoga ativa na cidade, enquanto a Antiga Sinagoga serve como um museu.

 

Há uma placa no pavimento da rua Ferhadija que diz: Sarajevo Meeting of Cultures (Encontro de Culturas). A placa fica na fronteira da Cidade Velha e simboliza um ponto de encontro de diversos períodos históricos e culturais que moldaram a cidade de Saraievo. Estes são o período otomano e o período austro-húngaro. Tanto figurativamente quanto geograficamente, é um lugar onde o Oriente encontra o Ocidente. É também um local popular para tirar uma foto, já que a perspectiva muda se você está voltado para oeste ou para leste.

 

No fim da rua Ferhadija, você encontrará um memorial para todas as vítimas da Segunda Guerra Mundial. O Memorial da Chama Eterna foi colocado aqui no primeiro aniversário da libertação de Sarajevo, em 1946. Há um texto na parede escrito em azul, branco e vermelho – as cores da bandeira iugoslava. E na frente, há uma chama aberta que sempre está queimando. O texto na parede expressa gratidão ao exército misto de brigadas bósnias, croatas e sérvias que defenderam a cidade.

 

As chamadas Rosas são um tipo específico de memorial de guerra que pode ser encontrado em diferentes locais em Sarajevo. As Rosas são de fato buracos nas calçadas e estradas, feitos pelas granadas durante a ocupação de Sarajevo nos anos 90. Após a guerra, os buracos foram preenchidos com resina vermelha para simbolizar o sangue e as vidas perdidas em cada local. Por causa da cor vermelha, as marcas se parecem com rosas e, por isso, receberam esse nome.

 

A Ponte Latina é uma antiga ponte otomana erguida sobre o rio Miljacka no século XVI. A ponte ficou famosa em 1914 quando se tornou o local do assassinato do arquiduque Franz Ferdinand da Áustria e sua esposa Sophie. Este evento logo levou ao início da Primeira Guerra Mundial. O local exato do assassinato ainda está marcado no prédio ao lado da ponte com uma placa que explica o acontecimento. O local virou um museu e conta detalhadamente a história desse episódio que teve repercussão mundial.

 

O edifício da prefeitura de Sarajevo é o edifício mais icônico da cidade. Construído em 1896, é considerado o mais belo patrimônio austro-húngaro em Sarajevo. É um edifício triangular com uma típica fachada listrada, decorada com elementos da arquitetura moura. Antigamente uma sede do governo da cidade, o prédio foi posteriormente usado como Biblioteca Nacional e Universitária. Durante a guerra da Bósnia, o edifício, junto com uma valiosa coleção de livros, foi incendiado. A reconstrução começou depois da guerra, mas só terminou em 2014, quando a prefeitura abriu novamente para o público. Hoje, o edifício abriga as bibliotecas nacionais e universitárias, a prefeitura e um museu.

 

A história da Bósnia e Herzegovina é excepcional e interessante. Por causa da influência otomana, difere bastante da história dos países vizinhos. Visite um dos museus da cidade e saiba mais sobre Saraievo e a Bósnia.


O Museu Histórico da Bósnia-Herzegovina abrange toda a história do país, desde os tempos antigos até os dias atuais. Mas há muitos outros museus especializados em um período específico da história. Se você estiver interessado em cultura otomana, visite o Brusa Bezistan ou a Casa de Svrzo. Ambas as instituições possuem artefatos valiosos do período otomano e mostram como era a vida do povo de Sarajevo.


O Museu de Sarajevo 1878-1918, representa o período do domínio austro-húngaro na cidade. Dá um foco especial ao assassinato de 1914. O próximo período é coberto pelo Museu da Prefeitura, representando o último século da história de Sarajevo. A história mais recente é representada em vários museus e instituições. Estes são o Museu de Crimes Contra a Humanidade e o Genocídio de 1992 a 1995, o Museu da Infância na Guerra e o Túnel da Esperança. Todos os três cobrem os eventos da guerra da Bósnia e da ocupação de Sarajevo.

 


Outro lugar interessante é o Museu da Cervejaria de Sarajevo. É a única cervejaria europeia com produção contínua desde o Império Otomano. Como tal, oferece uma perspectiva diferente dos principais eventos da cidade. Se você é fã de cerveja, não deixe de visitá-lo!