Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias
Você está em:
/
Entrevistas

Entrevista

"Alternativa é aumentar e não reduzir número de circuitos", diz secretário sobre medidas para desafogar Carnaval na Barra

Por Gabriel Lopes

"Alternativa é aumentar e não reduzir número de circuitos", diz secretário sobre medidas para desafogar Carnaval na Barra
Foto: Samuel Freitas / Bahia Notícias

Aumentar o número de circuitos no Carnaval de Salvador. Essas é uma das alternativas apontadas pelo secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro, para desafogar o percurso Barra-Ondina durante a folia. Com a superlotação do circuito Dodô, Monteiro endossa a posição do governador Jerônimo Rodrigues (PT) de que a solução passa em adicionar circuitos na capital e não reduzir. Em entrevista ao Bahia Notícias, onde fez um balanço sobre o Carnaval de 2024, o titular da Secult também destaca que a valorização do circuito Osmar (Campo Grande) é parte fundamental do processo.

 

"A gente não pode ficar também vendo o Carnaval aumentar e não tomar medidas que acompanhem esse crescimento. Isso é uma uma avaliação primeira que a gente faz. Mas também da necessidade de se buscar alternativas. O governador falou isso de público que alternativas não podem significar reduzir o número de circuitos, mas aumentar. Nós temos que nos debruçar sobre isso e o governo do estado quer puxar essa discussão com todos os atores envolvidos", disse.

 

"O ano passado nós terminamos o carnaval assumindo o compromisso de uma maior valorização do circuito Campo Grande por uma retomada do circuito tradicional mas também como uma forma de desafogar o circuito Barra-Ondina. Aconteceu esse ano, o Campo Grande cresceu, teve mais atrações, teve mais movimentação, mas isso não representou um esvaziamento da Barra", acrescentou.

 

No bate-papo, Monteiro também projetou as ações da Secult para o restante do ano e atualizou o andamento das obras no Teatro Castro Alves (TCA). Confira a entrevista na íntegra abaixo:

 

Qual a avaliação que o senhor faz do Carnaval de 2024 em todo o Estado da Bahia?

Nossa avaliação é de que foi um Carnaval histórico não somente do ponto de vista dos números que são muito significativos, superando todas as nossas expectativas inclusive, que já eram de um aumento mas nós fomos realmente surpreendidos, foi uma participação maior de pessoas. Sobretudo pela força que ele teve no ponto de vista de conteúdo, de mensagens, foi um Carnaval muito representativo, muito político e especialmente com o tema dos 50 anos dos blocos afro que nós decidimos homenagear como tema do nosso Carnaval e nós percebemos que essa homenagem, o incentivo todo que se deu, o trabalho de divulgação feito acabou contribuindo muito para uma maior apropriação desse tema não somente na bolha dos blocos afro mas grandes artistas da nossa cultura e o público como um todo acabou também sendo envolvido por esse tema, o que pra nós é uma é uma vitória porque era justamente esse objetivo. Trazermos o trabalho dos blocos e a sua importância pra nossa cultura à tona. E isso aconteceu. Temos uma avaliação bastante positiva sobre todos os aspectos do do que aconteceu no Carnaval.

 

Falando especificamente sobre Salvador, você comentou sobre a adesão popular na festa e eu gostaria de saber quais seriam as alternativas por parte do governo para amenizar a superlotação que foi registrada no circuito Barra-Ondina?

Tem duas coisas que precisam ser ressaltadas. Primeiro que houve muita falha na organização da festa por parte da prefeitura municipal. O que aconteceu no circuito Barra-Ondina no sábado revela, escancara isso, a prefeitura tem a atribuição de controlar o circuito, horário dos trios e ter medidas mais ágeis para o caso de um problema como foi registrado problemas mecânicos em alguns trios em alguns momentos, então precisa haver maior agilidade nisso. A gente não pode ficar também vendo o Carnaval aumentar e não tomar medidas que acompanhem esse crescimento. Isso é uma uma avaliação primeira que a gente faz. Mas também da necessidade de se buscar alternativas. O governador falou isso de público que alternativas não podem significar reduzir o número de circuitos, mas aumentar. Nós temos que nos debruçar sobre isso e o governo do estado quer puxar essa discussão com todos os atores envolvidos, com a prefeitura, com o setor privado que faz os camarotes, com os vendedores de ambulantes, com o pessoal que puxa corda. Para nós todo mundo tem uma contribuição a dar mesmo que nem sempre a gente vai conseguir que todos saiam satisfeitos mas pelo menos suas opiniões sejam consideradas. Nós queremos muito enfrentar esse debate, estamos colocando a disposição para puxar isso com muita tranquilidade mas também consciente da necessidade que tem com isso. O ano passado nós terminamos o carnaval assumindo o compromisso de uma maior valorização do circuito Campo Grande por uma retomada do circuito tradicional mas também como uma forma de desafogar o circuito Bara-Ondina. Aconteceu esse ano, o Campo Grande cresceu, teve mais atrações, teve mais movimentação, mas isso não representou um esvaziamento da Barra então nós precisamos de fato agora nos debruçarmos sobre isso para buscar alternativas para que o Carnaval do ano que vem, que vai ser maior ainda do que esse ano, nós precisamos de fato nos debruçar no sobre o tema.

 

No ano passado o debate sobre a possibilidade de instalar um novo circuito na orla de Salvador, nos bairros da Boca do Rio e Pituaçu, ficou muito aquecido. Na sua visão essa é uma das alternativas para o gargalo que vem sendo registrado ano após anos? O governo do Estado estuda isso e tem debatido junto à prefeitura?

Em que pese seja atribuição da prefeitura, nós sabemos que não existe Carnaval sem o governo do estado. Com toda a estrutura, com tudo que nós colocamos para que a festa aconteça. Por isso nós estamos reafirmando publicamente que queremos ser parte dessa discussão. A gente não pode admitir qualquer tipo de imposição nesse sentido. Nós estamos nos colocando à disposição para isso. Sobre a questão do novo circuito eu nunca vi nenhum estudo sobre ele. Não estou dizendo que não existe, mas eu nunca vi. Eu só vi se falar sobre isso, se falou na imprensa. Eu acho que uma decisão como essa só pode ser tomada a partir de muito diálogo e de estudos técnicos que mostrem a viabilidade. Tudo isso a gente precisa de fato ver os estudos para que consiga trabalhar e evoluir de uma forma sustentável e responsável.

 

No último dia de Carnaval o prefeito Bruno Reis disse que o grande legado deixado por ele em seu mandato foi o renascimento da folia no Centro da cidade. O tema rendeu inclusive falas suas nas redes sociais, com direito a tréplica do secretário municipal de Cultura, Pedro Tourinho. Eu gostaria que o senhor comentasse esse assunto.

Desde o ano passado nós vemos o Pelourinho no centro de uma de uma polêmica e de uma disputa. A prefeitura de Salvador no ano passado se aproveitou de algum caso ou outro de roubo registrado no Pelourinho para criar uma narrativa de que o Pelourinho viveu uma crise e precisava de uma intervenção policial. Nós do Estado sempre enfrentamos esse discurso. Até porque nossa presença no Pelourinho não é uma presença ocasional, nós estamos lá no cotidiano. Nós temos sedes da Secretaria de Cultura, equipamentos culturais no Pelourinho, a nossa vivência é cotidiana e tudo é feito em diálogo com os comerciantes com quem vive e faz o Pelourinho acontecer. Nós sempre dissemos desde que a discussão começou de que o Pelourinho precisa de vida, precisa de cultura, precisa desse tipo de investimento. E assim nós fizemos, nós temos feito e o resultado tem sido positivo. A nossa ação "Amor pelo Pelô" que começou no início do verão levando uma maior movimentação e uma maior diversificação cultural para o Pelourinho se mostrou um verdadeiro grande sucesso e o Carnaval desse ano também com atrações de peso variadas, que era uma reivindicação dos comerciantes do Pelourinho, que ficaram muito satisfeitos que aumentou muito o o movimento ali. Mas por outro lado há sim uma tentativa muitas vezes da prefeitura de buscar uma apropriação do Pelourinho e eu repito: nós não temos a pretensão nem a arrogância de querermos fazer as coisas sozinhos, jamais. A gente sempre tem buscado o diálogo como um caminho. Mas a gente espera que da parte da prefeitura também haja essa disposição, o discurso do prefeito de Salvador exaltando o Carnaval do Pelourinho como um feito histórico não foi verdadeiro nem honesto porque todos nós sabemos que o Centro Histórico não é somente o Pelourinho mas ele comemora o Carnaval do Pelourinho como um feito histórico da prefeitura e isso não é verdade, foi esse o debate que a gente enfrentou e eu fiz o enfrentamento e seguirei fazendo na política. Jamais com ataque pessoal, jamais com qualquer tipo de desqualificação porque eu não acredito na política feita assim. Eu fiz uma crítica na política eu lamento que muitas vezes as reações não sejam da política, sejam com tentativas de desqualificação pessoal. Mas eu não levo isso para mim não, eu eu reafirmo que nós estamos à disposição para a discussão do todo, dos circuitos, do Pelourinho, o que quer que seja. Não tem problema, mas vamos botar as coisas às claras na mesa a gente não pode é chegar e querer qualquer tipo de comportamento oportunista de se apropriar de algo que não fomos nós que fizemos. Eu acho que as soluções  precisam ser feitas de formas mais claras.

 

Saindo do escopo de Carnaval, fala um pouco sobre as ações da Secult para o restante de 2024.

É um ano de nós aprofundarmos a nossa política de territorialização da cultura que se mostra muito acertada, foi uma decisão da nossa gestão, uma decisão do governador Jerônimo, logo no início que nós não ficássemos tão focados em Salvador e fizéssemos um trabalho no estado como um todo. E isso tem se mostrado muito exitoso. A Paulo Gustavo é um é um exemplo vivo disso com 57% dos projetos aprovados no interior do estado. É uma marca inédita, nós seguiremos com essa política e ela envolve uma série de questões como a continuidade do processo de reforma dos equipamentos culturais e também com processo de reconhecimento da cultura, das diferentes culturas que são produzidas no interior do estado. Nós também vamos aprofundar nossa política junto à educação que é uma outra determinação do governador Jerônimo para o programa de formação voltado aos estudantes do ensino médio especialmente que são responsabilidades do estado tanto para área de artes, para música, teatro, dança, literatura, audiovisual, artes visuais, artes plásticas, mas também a parte técnica. A [lei] Paulo Gustavo nos mostrou que quando chega o recurso tem uma possibilidade de projetos mas muitas vezes a gente ainda tem uma carência de pessoas qualificadas para edição, para iluminação, para trabalhos técnicos que compõe a cultura e que é um mercado de trabalho em crescimento e nós precisamos nos debruçar e temos essa decisão inclusive em diálogo com o governo federal de melhorarmos ações para a formação da sociedade na área da cultura entendendo esse mercado como um mercado muito promissor. Além disso nós temos aí a execução da Paulo Gustavo com o pagamento dos projetos e a sua realização plena que vai até o final desse ano e também a lei Aldir Blanc que agora a gente começa com um processo também de fomento que vai durar cinco anos e nos permitirá termos programas mais mais duradouros, mais perenes e vem a possibilidade de a gente fazer um investimento em áreas que historicamente tem ficado de fora do fomento à cultura. Como por exemplo o hip hop, a capoeira, toda cultura que é produzida junto aos quilombos e aos terreiros e também um programa de apoio mais permanente aos blocos afro para além do Carnaval. Que é uma reivindicação histórica e que nesse trabalho agora em torno do Carnaval nós vimos a necessidade de um apoio mais permanente especialmente para os projetos que esses blocos realizam nas suas comunidades.

 

A gente recebe no BN diversos pedidos de leitores sobre a situação do Teatro Castro Alves. Qual o status das obras no TCA?

A obra do TCA está em pleno andamento, eu já falei isso publicamente algumas vezes que muitas pessoas entendem que uma obra só começa quando elas veem tapume, guindaste ou cimento, mas para chegar nessa etapa há uma série de questões que que precedem a chegada da obra. Durante todo o ano passado foi realizado atualização do projeto especialmente do projeto específico do teatro, que é toda a parte de sonorização, de acústicos, de iluminação, de refrigeração, que não é uma obra qualquer, é uma obra que tem especificidade por se tratar de um teatro. Nós realizamos o processo de licitação em novembro, foi aberto, agora no final de janeiro houve abertura dos envelopes, teve duas empresas que se cadastraram, se habilitaram, uma de Salvador e uma de São Paulo. Esse trabalho de análise dessas empresas está sendo concluído agora para divulgação da vencedora a partir inclusive da sua proposta financeira e entre abril e maio começa a obra física especificamente que é toda a parte civil da obra. E até o final do ano nós lançamos a nova licitação, dessa vez para a obra específica, para a obra que traz as disciplinas específicas do teatro que é toda essa parte que eu comecei falando. Tudo isso vai ser feito numa licitação separada para preservar também as especificidades e a qualidade que o teatro merece.