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Opinião: Lupi usa Ana Paula Matos como "menina dos olhos" e Bruno Reis terá desafio de reduzir tensão com PDT

Por Fernando Duarte

Opinião: Lupi usa Ana Paula Matos como "menina dos olhos" e Bruno Reis terá desafio de reduzir tensão com PDT
Foto: Mauricio Leiro/ Bahia Notícias

A vice-prefeita Ana Paula Matos segue em alta conta no PDT. Depois de ser alocada no partido e ter conquistado uma vaga como candidata a vice de Ciro Gomes na corrida presidencial de 2022, a vice de Bruno Reis em Salvador tem um papel crucial no processo político envolvendo o futuro do PDT na Bahia e os rumos que a legenda deve tomar após 2024. Principalmente após o estranhamento entre o presidente estadual da sigla, Félix Mendonça Jr., e o grupo ao qual Bruno integra, mas ainda se mantém sob a batuta do ex-prefeito ACM Neto.

 

Apesar da história de proximidade entre os Mendonça e os Magalhães ser de outrora, há muito tempo o PDT na Bahia permaneceu na zona de influência do PT, especialmente nos anos "dourados" do lulismo, encerrados abruptamente com o impeachment de Dilma Rousseff em 2016. Os pededistas, então, tentaram alçar voos sem a sombra do petismo e o exemplo mais explícito desse movimento nem chegou perto da Bahia. Foi as duas disputas entre Ciro Gomes e os petistas Fernando Haddad, em 2018, e o próprio Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022. Ciro e seu temperamento peculiar, dispararam sucessivos petardos que, inclusive, alimentaram a máquina antipetista que levou a extrema direita ao poder por quatro anos. Agora, já em Lula III, o dirigente maior do partido, Carlos Lupi, protagonizou a reaproximação e ganhou direito até a um ministério.

 

E o que Ana Paula Matos tem a ver com tudo isso? Pedetistas e ex-pedetistas fizeram e fazem um movimento constante para que Félix Jr. siga o adesismo típico dos "governos de colisão" e abandone o barco a que se juntou oficialmente em 2020 para retornar ao seio petista na Bahia. Em resumo: anseiam e externam o tempo inteiro que o mais correto é que o PDT marche em 2026 ao lado do projeto do PT na Bahia - e até mesmo no Brasil, a depender do desempenho de Lula e os desdobramentos do próximo xadrez majoritáro nacional. A vice-prefeita se torna, portanto, um dos bastiões do PDT a manter vínculos fincados com o grupo de ACM Neto e Bruno Reis, algo muito maior, por exemplo, que o próprio Leo Prates, deputado federal e que flerta com a esquerda ao mesmo tempo em que se declara fiel escudeiro do amigo e ex-prefeito de Salvador.

 

Para além de manter Ana Paula na vice, Bruno terá que movimentar as peças muito bem para que, reeleito, consiga deixar saciados os apetites do PDT e dos filiados que controlam a legenda e que, por enquanto, ainda pendem mais para o lado não petista da balança política baiana. A vinda de Lupi, na última sexta-feira, para mais uma vez reafirmar que Ana Paula é o nome do partido nessa concertação eleitoral é um detalhe nesse grande teatro político em que há o interesse maior em ser governo, independente de qual esfera e de quanto contraditório posssa parecer. Isso passa até por promessas para que, em 2026, os pededistas ganham uma das quatro cadeiras majoritárias que entrarão em disputa. Em um universo com possibilidades menos restritas do que no último pleito, Félix Jr., pode se tornar uma peça nessas disputas por poder e Bruno Reis terá que usar a lábia desde agora para distender o relacionamento que não vive em céu de brigadeiro.

 

Aos olhares menos atentos, talvez a vice fosse apenas uma figura sem tanta expressividade política, dado o fato de nunca ter sido testada sozinha nas urnas. Porém a ascensão de Ana Paula e a forma como ela conseguiu atrair a atenção dos caciques partidários de uma sigla na qual ela se filiou aos 45 minutos do segundo tempo em 2020 mostram que ela não é desprezível na construção das alianças. Em Salvador, ela já está em uma situação confortável. No plano estadual, pode partir dela a manutenção do PDT no arco de alianças do grupo político de ACM Neto. Estão nas mãos dela e também de Bruno Reis as ferramentas para controlar arroubos pró-PT entre os pededistas. E, convenhamos, não houve motivação racional que justifique uma ruptura entre as legendas na capital baiana e até mesmo na Bahia.