Gilmar Mendes diz que há tentativa de colocar STF 'na vala comum'

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes voltou a falar em entrevista ao jornal O Globo sobre o encontro que teve com o ex-presidente Lula, que ganhou grande repercussão nos últimos dias, e afirmou que há uma tentativa de adiar o julgamento do mensalão para um momento de transição no Supremo, com três juízes mais jovens recém-nomeados e dois dos mais experientes para sair, além de uma presidência em caráter tampão. Ele denunciou ainda que há uma estratégia de tentar colocar o STF “na vala comum”. Ao relembrar a conversa com Lula, Mendes reiterou a insistência do petista em falar sobre a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do caso Cachoeira. “[A conversa] Começou de forma absolutamente normal. Aí eu percebi que ele entrava insistentemente com tema da CPMI, dizendo do controle, do poder que tinha. Na terceira ou quarta vez que ele falou, eu senti-me na obrigação de dizer pra ele: ‘Eu não tenho nenhum temor de CPMI, eu não tenho nada com o Demóstenes’”, relatou o ministro. Ao ser questionado sobre o conteúdo do diálogo referente ao mensalão, Mendes contou: “Ele [Lula] disse que não achava conveniente o julgamento e eu disse que não havia como o tribunal não julgar neste ano. Visões diferentes e sinceras. É natural que ele possa ter uma avaliação, um interesse de momento de julgamento”. Mendes ainda falou sobre a reportagem da revista Veja – que trouxe à tona a suposta tentativa do petista de pressionar o ministro do STF – e a alegação do ex-ministro Nelson Jobim de que o relato era falso. “O Jobim disse que o relato era falso. Eu disse: ‘Não, o relato não é falso’. A Veja compôs aquilo como uma colcha de retalhos, a partir de informações de várias pessoas, depois me procuraram. Óbvio que ela tem a interpretação. O fato na essência ocorreu. Não tenho histórico de mentira”, afirmou.