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Artigos

André Curvello
As câmeras corporais chegaram. É a Bahia pela paz
Foto: Divulgação

As câmeras corporais chegaram. É a Bahia pela paz

A Segurança Pública continua sendo um dos principais desafios dos estados brasileiros e na Bahia não é diferente. Diante desse cenário, o governo baiano tem feito investimentos volumosos em Inteligência, equipamentos e novas unidades, na capital e no interior, além de ações que valorizam os agentes de todas as forças de segurança. Agora, chegam as Câmeras Corporais Operacionais (CCO) para garantir ainda mais qualidade e segurança na atividade policial, protegendo agentes e a população.

Multimídia

“A Bahia tem uma malha ferroviária decadente que foi feita para não funcionar”, diz presidente da CBPM

“A Bahia tem uma malha ferroviária decadente que foi feita para não funcionar”, diz presidente da CBPM
Alvo de críticas há anos, a qualidade da malha ferroviária do estado da Bahia voltou à tona nesta segunda-feira (29), quando o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Henrique Carballal, fez duras críticas às linhas, em especial à Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), a classificando como “decadente”.

Entrevistas

Os limites invisíveis da campanha eleitoral: o que você precisa saber

Os limites invisíveis da campanha eleitoral: o que você precisa saber
Foto: Caroline Pacheco/Famecos/PUCRS
Quem não é visto, não é lembrado. Esta é uma “receita” que se tornou infalível, antes com o rádio, a TV e a mídia off, como santinhos e outdoors e logo depois com a internet e todas as suas redes sociais e plataformas.  A menos de seis meses para as eleições municipais, partidos e pré-candidatos estão em constantes articulações e principalmente correndo contra o tempo.

Equipe

Luis Ganem

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Produtor musical responsável por diversos sucessos nos anos noventa, trabalhou com política no governo Paulo Souto. Atualmente é crítico especializado em música da Coluna Holofote do Bahia Notícias.

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Últimas Notícias de Luis Ganem

Luis Ganem: Tudo igual no velho e cansado Carnaval
Foto: Bahia Notícias

É justo dizer que esperei o quanto pude. E junto a isso, o quanto torci pra coisa melhorar, mas infelizmente, em nada, absolutamente nada mudou o cenário musical baiano de três meses pra cá, em se tratando de novas músicas. O nosso mar de mesmice atingiu um ápice que, acredito eu, nunca aconteceu – no que quero estar, muito, mas muito errado. 

 

O surgimento de valores e novidades, o que esperava fosse a tônica do nosso mercado, simplesmente não aconteceu. Nada surgiu, nenhuma novidade se lançou, nosso buraco musical ficou mais profundo ainda – na minha visão, óbvio, até porque a claque do aplauso pode e deve estar pensando diferente. 

 

O pior pra mim, foi e é perceber que nosso celeiro musical, em se tratando de ritmos, tem ficado cada vez menos robusto. Se antes inventávamos novos ritmos, agora fazemos todos a mesma coisa, atropelados pela preguiça artística e falta de criatividade. 

 

Óbvio que o incauto vai perguntar no que isso tem demais, outros estilos são únicos e vivem muito bem. 

 

Somente a título de esclarecimento, os outros estilos não são a Bahia. Nos notabilizamos pela diversidade musical que imprimimos no mercado fonográfico. Não somos um único estilo, mas sim vários, desde o Samba, passando pelo Arrocha até chegar ao Axé – que se diga de passagem: já não se faz mais. Sempre inundamos o mercado com novidades, mas, esse ano, creio que estagnamos.

 

Meu melhor parâmetro pra isso é a insistência em titular a chamada música do carnaval. Não acredito que alguém, em sã consciência, vai acreditar nessa história de melhor música. Se era algo que fazia diferença, agora, ano após ano vem perdendo sentido e se transformou em algo menor, sem a mesma força e significado de antes.

 

A melhor explicação que tive sobre tudo que acontece no nosso mercado foi de uma figura bastante conhecida da nossa música, que contribui e já contribuiu muito para a festa, que desenhou nossa condição atual, quando assertivamente em um bate-papo comigo apontou que o carnaval se tornou um festival de música que só se fala faltando um mês e, que depois que ele passa, já não existe uma discussão sobre o próximo ano.

 

Usou como exemplo o Rio de Janeiro que ainda tem força para justificar um melhor isso ou melhor aquilo, pois trabalha na condição de Enredo, Alegoria, Bateria, e outros quesitos, que justificam ter uma música premiada, enquanto o nosso mercado apenas toca a música escolhida para o período e só.

 

Óbvio que a escolha sempre vai existir, mas talvez pudesse vir com outro nome como, por exemplo, a mais ouvida do carnaval, ou a mais executada entre as bandas ou ainda a melhor mídia induzida (contém ironia).

 

A verdade é que será um carnaval da mesmice. Sim! Um carnaval musical igual e sem nada de novo, apenas com pequenos retalhos de um outrora imenso e pujante celeiro musical reduzido a nada com coisa alguma.


Já é carnaval cidade, acorda pra ver!  

Luis Ganem: Tudo igual no velho e cansado Carnaval
Foto: Bahia Notícias

É justo dizer que esperei o quanto pude. E junto a isso, o quanto torci pra coisa melhorar, mas infelizmente, em nada, absolutamente nada mudou o cenário musical baiano de três meses pra cá, em se tratando de novas músicas. O nosso mar de mesmice atingiu um ápice que, acredito eu, nunca aconteceu – o que quero estar, muito, mas muito errado. Clique aqui e leia o texto completo.

Luis Ganem: Então é Natal... e cadê a Bahia nas rádios?

“Finalmente chegou dezembro e, com ele, bom perceber que as rádios estão tocando nossas músicas (música baiana) a todo vapor.” O Começo desse texto já foi dito por diversas vezes anos atrás, sendo totalmente verdadeiro na construção a que ele se propõe, mas em nada atual, importante ressaltar também. Poderia eu ou qualquer pessoa ter dito essa frase lá pelo fim da década de noventa ou ainda nos primeiros anos do século 21, mas neste momento, esta frase em nada representa a realidade da música baiana como um todo. Clique aqui e leia a coluna completa.

Luis Ganem: Então é Natal... e cadê a Bahia?

Luis Ganem: Então é Natal... e cadê a Bahia?
Foto: Bahia Notícias

“Finalmente chegou dezembro e, com ele, bom perceber que as rádios estão tocando nossas músicas (música baiana) a todo vapor.” O Começo desse texto já foi dito por diversas vezes anos atrás, sendo totalmente verdadeiro na construção a que ele se propõe, mas em nada atual, importante ressaltar também. Poderia eu ou qualquer pessoa ter dito essa frase lá pelo fim da década de noventa ou ainda nos primeiros anos do século 21, mas neste momento, esta frase em nada representa a realidade da música baiana como um todo.

 

Infelizmente, os tempos já não são tão acolhedores para nosso mercado. A impressão que se tem é que a nossa música está literalmente ultrapassada, fora de contexto, velha mesmo. Esse movimento musical, igual a esse texto, parece, e o é, repetitivo.

 

Se fosse somente por conta de não termos nada audível musicalmente, poderíamos até tentar mudar essa realidade, com coisas mais modernas e tal. Mas fica cada vez mais evidente que não é isso, e sim, a falta de interesse do ouvinte, do consumidor de música. O que é bem pior, pois demonstra de forma inconteste um consumidor cansado e que não se motiva mais com o nosso som.

 

Essa análise que hora faço vem pautada em diversas conversas com profissionais do meio, desde jornalistas a comunicadores, que falaram de forma uníssona sobre a falta de renovação musical a que estamos submetidos, com reflexos sentidos principalmente na relação oferta e procura que o rádio, sendo o principal veículo de propagação e publicização de música, está tendo.

 

Até porque, a saber, em nível de procura pra se tocar nas rádios locais, o que antes acontecia primeiro a partir do fim de junho – logo após o fim do São Pedro com o fim do ciclo zonal do ritmo forró, foi com o passar dos anos mudando seu mês de início de procura, chegando ao cúmulo de, agora, só começar a tocar em novembro/dezembro – e olhe lá!

 

Óbvio, digo isso tudo e reitero que estou falando do axé. No pagode e nos outros ritmos locais, as coisas ainda estão menos ruins. Isso mesmo! Menos ruins, pois o bom já não existe há muito tempo.

 

Dizendo tudo isso, sei que irão lembrar que hoje já não se precisa mais de rádio pra nada – ao menos podem achar isso – pois as plataformas estão aí como forma moderna de se ouvir música. Mas em se tratando de faixa etária, temos em maior parte ouvintes acima dos 30 anos, o que é significativo enquanto parâmetro das pessoas que preferem o rádio em detrimento às novas formas de audição. Por isso do meu espanto quanto à falta de peso da nossa música perante o consumidor, pois, de forma geral ou para sua grande maioria, fica evidente que nosso som cansou.

 

Pasmem, quem diria que um dia chegaríamos a essa condição. Nossos poucos brilhos, a exemplo de Bell, Ivete, Olodum no axé, Pablo e Tierry no arrocha – falando dos mais famosos -, do nosso pagode na sua versão original com Xandy Harmonia e Marcio Vitor, ou sua nova versão mais moderna com os diversos que ai existem, a exemplo da La Fúria, já não conseguem sobrepor o sertanejo, ou melhor dizendo, ao ritmo que vem de fora.

 

Fico imaginando: como será o meme da “música do carnaval” quando fevereiro chegar? Aliás vai ser interessante entender o que será moda no verão, já que o mesmo começa com nada de produto baiano sendo tocado nas rádios de forma a contento.

 

Lembro que uma música, para maturar no gosto das pessoas, levava no mínimo três meses tocando no rádio. E agora vai tocar no máximo um mês e olhe lá pra já chegar na “boca do povo”. Então é Natal!

Luis Ganem: O Jesus Sangalo que conheci, e que todo mundo deveria conhecer
Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias

A vida é cheia de reparações. Se formos parar pra ver, sempre e a qualquer tempo estamos rearrumando a ordem das coisas, ou pelo menos, em tese, tentando. E nessa coisa de rearrumar, é preciso sempre rever o passado. Como bem disse o escritor irlandês Edmund Burke, “um povo que não conhece a sua história, está condenado a repeti-la” – no que concordo em gênero, número e grau.

 

Com isso e, falando em história, Fábio Almeida, ex-empresário de Ivete Sangalo, trouxe alguns dias atrás na entrevista que deu ao podcast Bargunça, parceiro do Bahia Notícias, a possibilidade de se revisar um pouco a história de Jesus Sangalo, tendo como pano de fundo as declarações do aludido entrevistado sobre as acusações imputadas a Jesus quando da saída dele do grupo IS. Importante mais uma vez ressaltar que esse texto aqui é muito mais sobre um amigo, do que sobre fatos ocorridos em outrora. Até porque a fala de Fábio Almeida trouxe, de pronto, um avivamento da amizade que comunguei com Jesus até a sua partida.

 

Conheço os Sangalo da adolescência, mais precisamente do Edifício Sparta. Esse que está situado no bairro da Pituba, na esquina da Rua Bahia com a Avenida Manoel Dias da Silva. Meu contato começa aí e se extingue, momentaneamente, também aí. Por circunstâncias da vida, depois de alguns anos, esse hiato é desfeito quando do reencontro em pontuais momentos de minha passagem pelo mundo artístico, e também quando nos esbarrávamos em um restaurante que gostávamos muito. Virava e mexia – no restaurante –, ou ele estava com a irmã ou sozinho. Sempre que podíamos, batíamos alguns papos (às vezes descontraídos, às vezes tensos), mas sempre com a cordialidade habitual de ambos.

 

E assim foi até que, num desses reencontros, por um acaso no Shopping Barra, em uma tarde de sábado, nos cumprimentamos e, por vontade mútua, acabamos mais uma vez conversando informalmente sobre vida, negócios e dia a dia. Daquele reencontro inusitado fez ressurgir ou surgir – como queiram– uma amizade que iria durar até a sua partida. 

 

E essa amizade só fez se fortalecer, pois por pensarmos sempre em negócios, acabava que quase todos os dias nos falávamos. 

 

Vendo a entrevista do agora ex-empresário Fábio e, dentro dessa amizade com Jesus, lembro que não foram poucos os momentos em que dado às lágrimas, falava da injustiça do julgamento público a que tinha sido submetido, e como se ressentia de não ter sido ouvido. Nesses momentos, sozinho com ele ou na companhia de seu também grande amigo, o produtor e empresário artístico Cícero Meneses, escutávamos e nos compadecíamos.

 

O que mais me impressionava naquilo tudo é que sempre via que a conta da culpa imputada não fechava. Quem conviveu com ele percebia a vida comedida e regrada, comparando ao período anterior a seu afastamento.

 

Mas como disse, não estou aqui para fazer apontamentos, nem cabe, mas sim para homenagear meu amigo, e contar algo que pra mim corrobora com a figura dele, nas inúmeras histórias que ouvi.

 

Vou contar uma que, pra mim, é fantástica. O ano é 2010. Ivete vinha em alta já há alguns anos no mercado musical brasileiro – nunca saiu, diga-se de passagem. Mas um inquieto Jesus achava que faltava algo. E esse algo, como ele mesmo dizia, era Ivetinha – nome falado com sotaque carregado do menino juazeirense – tocar no Madison Square Garden. Mas pra isso, tinha que convencer gravadora, artista, conseguir a data no Madison, angariar parcerias e muito mais.

 

Enfim, tudo muito difícil para pessoas que pensam reto. Mas lembrando da história, vejo que meu amigo Cetáceo (nos chamávamos assim, nunca entendi o porquê) não só pensava no resultado, mas também em como conseguir esse resultado. 

 

E foi com essa premissa de êxito que ele resolveu naquele momento – como me contou  – bater na porta da então TAM, hoje LATAM, para falar com alguém da presidência ou coisa assim sobre o projeto Madison. Isso sem marcar horário ou ter relação com a empresa – além do fato da banda e artista voar com eles em shows pelo Brasil, como qualquer outra produtora.

 

Mas o fato é que lá foi ele na cara de pau conversar. Recebido foi, e vendeu de forma clara a intenção da TAM ser a empresa parceira do maior acontecimento da década (e que ainda continua sendo um marco, na minha visão), que era o show de Ivete em Nova York.

 

De pronto, a diretoria ali presente ficou toda entusiasmada, mas logo com o valor pedido o entusiasmo deu lugar a uma frustração, quando perceberam que não teriam como bancar a jornada. Lembro bem que perguntei a Jesus se, quando ele tinha ido conversar, não sabia que o valor pedido iria ser negado – me permito não comentar de forma explicita, mas era alto. 

 

Como resposta, tive um “sim”. Ele sabia que iria ser negado, mas como tática comercial primeiro ele iria deixar todo mundo feliz com a proposta, depois triste com o valor, e finalmente feliz com a solução que ele apresentaria.

 

Queria poder comentar aqui qual foi o formato final, mas posso garantir que, literalmente, foi coisa de gênio. Lembro dele dizendo algo como: “Cetáceo, o povo da TAM sorria de um lado a outro”.  Enfim o que Jesus queria era dar o que eles precisavam, mas primeiro teria que dar o “doce”, puxar e devolver, pra todo mundo ficar feliz.

 

E assim aconteceu um dos DVDs mais importantes da música baiana, e da carreira da irmã, e que teve seu investimento retornado praticamente no decorrer da gravação. Falando isso, como uma alegria, um brilho nos olhos e bastante emocionado, para deleite de poucos ouvintes, eu entre eles.

 

Lembro bem da publicização desse megaevento com Ivete Sangalo fazendo uma performance de comissária de bordo da empresa aérea na viagem para Nova York. Algo inusitado para passageiros. 

 

Jesus partiu e deixou saudades. Jesus ajudou muita gente, mas muita gente mesmo! Foi amigo dos muitos que dele precisaram, e foi lepra pra alguns quando precisou. 

 

Falei com ele pouco antes da sua partida em uma ligação feita pelo mesmo, com ele gritando: “CETÁCEO”. Lembro que atendi respondendo da mesma forma. Tivemos nesse momento uma breve conversa de videofone. Era uma despedida. Era mesmo.

 

Jesus faz falta. Que bom que o empresário Fábio Almeida pôde tocar nesse assunto, e reafirmar o que Cetáceo falou até partir: que nunca roubou nada. Que bom aqui também poder contar um pouco da história dele, um pequeno ato, diga-se de passagem, diante de tudo que fez.

 

Finalizando meu texto, é como se estivesse vendo ele dizer com sua ironia: “esse Cetáceo é uma onda, todo emotivo”, com um sorriso irônico franzindo a testa.

 

Saudades, amigo Cetáceo. Saudades.

Luis Ganem: Se avexe não!

Luis Ganem: Se avexe não!
Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias

Não estou aqui para falar mal de ninguém ou entender que esse ou aquele artista deve ser dono ou cativo de espaço. Mas há alguns dias nesse nosso mundo da música – que não o da música baiana –, um fato chamou mais uma vez a atenção. E digo mais uma vez porque já tinha havido um manifesto desse que vou comentar, salvo engano, em 2017, feito pela cantora Elba Ramalho. Só que, dessa vez, a polêmica se deu muito forte por conta das redes sociais. Falo do desabafo de Flavio José. Cantor de forró, renomado e veterano, que, nas palavras do mesmo, teve que diminuir o seu show para atender uma solicitação do cantante sertanejo Gusttavo Lima. 

 

Óbvio, o desabafo não foi a perda de tempo, mas sim o quanto o tradicional forró nordestino tem perdido espaço no período de São João para outros ritmos, principalmente o sertanejo.

 

Diminuir tempo é algo meio na medida do possível: nada demais. Fato corriqueiro até, dentro de um mercado onde os pares se conhecem. De forma pessoalista ou não, a pedidos, deve sim se manter um mínimo de relação de cortesia que é algo salutar inclusive. Mas fica complicado quando falamos de festas tradicionais, principalmente aquelas que reverenciam a cultura local enquanto pano de fundo.

 

O Nordeste quase todo – com exceção da Bahia – tem o forró como seu ritmo anual. Excluo a Bahia pois somos um Estado múltiplo em se tratando de música. Abarcamos vários ritmos de agosto até fevereiro e, de março até agosto, ficamos somente no forró – ao menos, deveria ser assim. Em outros Estados do Nordeste (não sei se em todos), o forró é algo cotidiano, enraizado na cultura do povo nos trezentos e sessenta e cinco dias do ano. 

 

Daí que começa a ser estranho, ao menos na visão dos mais tradicionalistas – e me coloco entre eles – certas exceções, que não se abarcam dentro das tradições culturais locais. E digo isso na tranquilidade de não ter vindo do forró, enquanto iniciação musical. Mas, independentemente das minhas vontades ou gostos, esse ritmo tem uma importância ímpar na solidificação de um povo. Seja por seu ritmo ou pela cultura composta nele. 

 

Ouvi enquanto contraponto dessa história toda da exigência do cantor Gusttavo Lima, inclusive como justificativa para tal situação, que, nos grandes eventos da cultura sertaneja, outros ritmos, inclusive o forró com seus grandes ícones a exemplo de Solange Almeida e Wesley Safadão – citando os dois maiores do forró – são permitidos, não ficando a grade somente voltada para o mundo sertanejo. 

 

Realmente desconheço a história e não sei dizer se é verdade ou não. E nem acho que tenha que se começar uma guerra musical entre ritmos. 

 

O que na minha visão talvez pese mais nisso tudo, e aí serve de alerta para qualquer ritmo de qualquer estrela musical, é a onda de boçalidade e desrespeito que tem vindo junto com alguns artistas sertanejos. 

 

Talvez (e digo “talvez” dando o direito ao contraditório e à ampla defesa”, o que mais me incomoda nessa história do direito de um em detrimento do outro é o famoso da atualidade se achar maior – por estar em alta no mercado comercial – e não respeitar o artista que está começando ou que já tem uma larga carreira consolidada e seu espaço garantido, porque precisa sair logo.

 

O que tem que ser pensado aqui, penso eu, além de ter que existir bairrismo sim na manutenção das tradições das festas Juninas, é o respeito ao artista de forró, à sua cultura e à sua gente.

 

Pra mim, além do descaso pela forma com que o fato passado por Flávio José foi tratado pelo cantor sertanejo, foi ver o seu deboche na justificativa do mesmo nas redes sociais, dizendo que passou por um “perrengue” e dando risada do fato. Isso sim é algo a ser questionado pelo meio artístico, principalmente pelos artistas do Nordeste.

 

A fruta podre em um cesto acaba com todas as outras. Infelizmente parece que o sertanejo começa a ficar “podre” pela soberba dos que se acham, sendo preciso que um freio seja dado pelos nossos artistas nordestinos, movidos ou não pelo ritmo do forró.

 

Particularmente o ritmo sertanejo não me atrai. E com esses gestos a vontade é menor ainda. Mas se eu não preciso de artista sertanejo pra viver, eles dependem do povo para sobreviverem enquanto artistas. E partindo dessa premissa, quem não respeita minha cultura e tudo que ela traz junto não merece meu aplauso.


Minha solidariedade a Flávio José e a todos os artistas de forró.

 

Viva São João, Viva São Pedro, viva o povo nordestino, viva o Nordeste Brasileiro!

 

 

Luis Ganem: Mais uma vez a mesma chatice

Luis Ganem: Mais uma vez a mesma chatice
Foto: Bahia Notícias

Esse meu mais recente texto, confesso, demorou. Estou aqui pela enésima vez pensando o que iria comentar, o que iria trazer enquanto análise crítica para o contexto do nosso mercado musical baiano. Os fatos artísticos e musicais que se sucederam na festa de momo deste ano são, talvez, dignos de nota – mas talvez, eu disse talvez. Clique aqui e leia o texto completo.

Luis Ganem: Mais uma vez a mesma chatice

Luis Ganem: Mais uma vez a mesma chatice
Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias

Esse meu mais recente texto, confesso, demorou. Estou aqui pela enésima vez pensando o que iria comentar, o que iria trazer enquanto análise crítica para o contexto do nosso mercado musical baiano.

 

Os fatos artísticos e musicais que se sucederam na festa de momo deste ano são, talvez, dignos de nota – mas talvez, eu disse talvez.

 

Daí, queria algo que fosse novo, um fato à parte, mas de todo modo como é preciso escolher dentre os assuntos estão aí e, até para expressar a minha visão crítica, parei em algo que sempre observo e por isso pergunto: será que somente eu reparei, ou mais alguém percebeu a faixa etária das nossas estrelas baianas? Não que faixa etária seja demérito, e não é, mas será que foi somente eu que reparei, ou mais alguém percebeu que quase não existe nova safra na música da Bahia?

 

Dito isso, alguns vão dizer que existe renovação sim, e que está acontecendo de forma paulatina, sem pressa, sem pressão. Mas não é essa a impressão que tive e que vi. O que percebi de forma clara e inequívoca foi um apanhado de remakes, além de uma publicização feita a fórceps para vender o que já existe há muito tempo em total detrimento do novo.

 

Engraçado esse fenômeno de negação da renovação. É tão perceptível a falta de vontade de abrir espaço, é tão inacreditável, que passa despercebido. O espaço do sucesso está tão pequeno que nunca fez tanto efeito a história da “Farinha pouca, meu pirão primeiro”. E seja com artista de qualquer grandeza. 

 

Já falei tanto e falo há tanto tempo sobre isso, que chega a ser chato essa resenha, mas ninguém quer abrir os olhos pra isso, nem dar oportunidade para o novo. E quando falo ninguém, me refiro também às rádios – viu, senhores e senhoras coordenadores, que não propõem um espaço na sua grade pra apresentar o novo?

 

Dá pra contar nos dedos a renovação na nossa música. É chato ficar cobrando toda hora, eu sei, mas se isso não for feito, vai chegar o momento em que nada teremos pra mostrar e apenas receber e festejar os artistas vindos de fora. 

 

Inclusive não sei como isso não se tornou algo comum ainda. Já que tivemos alguns “ensaios” por aqui. Desde a vinda do cantor Michel Teló, passando por Jorge e Mateus e depois Wesley Safadão e mais alguns, essa tentativa de furar a bolha vem acontecendo sempre.

 

Vai chegar um momento em que isso vai se tornar o normal, mesmo que digam que nosso povo tem suingue próprio e não consegue aceitar o que vem de fora assim facilmente. Mas, lembre-se que, lá atrás, as festas eram sempre com mais artistas locais do que forasteiros, e agora, na sua grande maioria, salvo as de pagode suingueira, somos apenas coadjuvantes. Isso na minha visão, óbvio. Uns chamam isso de modernidade, de fator progresso; eu chamo de vacilo, de falta de visão, de desinteresse, de má vontade mesmo.

 

Pois esse foi o ponto de vista mais gritante pra mim no Carnaval que passou. Maior que a guerra de bastidores pelo lugar na fila do desfile na Barra, maior que nosso “Bozo” baiano que se acha, mas na verdade não percebe que tem um nariz vermelho na face, maior que ver artista de fora querendo cantar de galo longe do seu quintal, ou ainda perceber que aquele ou aquela artista toca o mesmo repertório há mais de “trocentos anos” – nada contra –, ou ainda perceber que existe um novo alento para o Campo Grande, mas que vai perpassar pela vontade das nossas autoridades locais. Enfim... A falta de renovação é maior que tudo isso que vi a mais.


Fui!

Luis Ganem: Vale a pena fazer um EP - sim ou não?
Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias

Não vou começar meu texto dizendo que ‘já é carnaval cidade, acorda pra ver’. Nada contra a música do meu amigo Gerônimo – o compositor e cantor –, mas não vou começar com esse trecho da música, pois ele já é muito usado. Por mais que seja um ícone de versos carnavalescos, tal como a música de Nizan Guanaes, ‘We are the world of carnaval” – obviamente nada contra nenhuma das duas – dessa vez eu passo de fazer o jargão.

 

Mas, estamos no carnaval, e carnaval é música. Nem por isso quero falar sobre o título de melhor ou a mais tocada, ainda que, por óbvio, até o fim do meu texto eu vá expressar a minha opinião. O que quero falar mesmo é sobre o fenômeno do encolhimento de que a música baiana está acometida, já há alguns anos, por comodismo ou por falta de conteúdo mesmo.

 

Quero falar da falta de obras musicais completas. Quero falar sobre a falta de um álbum completo – já foi LP, depois CD, agora álbum ou o tal do moderno EP (extended play, com duas a cinco músicas e duração na casa de 30 minutos). É isso mesmo! Quero falar sobre o momento cômodo ou não, de não se ter mais uma obra musical completa como se tinha antigamente, como se a música que se produz nessa terra em tempos de Momo se resuma a apenas uma música empurrada goela abaixo, tendo que ser aceita de qualquer jeito. 

 

Comumente, a partir da introdução ao tema, esclareço nos meus textos como a coisa funcionava ou como era antigamente, fazendo o contraponto com o agora. Faço isso até como uma forma de poder exercer o meu ponto de vista para o tema por mim proposto. 

 

Já existiu um tempo na música baiana em que produzir um trabalho não era somente algo a ser feito em uma música ou faixa. Produzir uma obra musical completa era algo que demandava um razoável tempo na vida do artista. Em muitos casos, ao fim da folia – ainda na quarta de cinzas – já estava pensando o artista, grande ou pequeno, em preparar seu próximo disco – como era conhecido antigamente por conta de sua forma redonda e achatada. 

 

Nesse momento de outrora, fervilhava na Bahia uma gama extensa de compositores nos mais diversos ritmos, os quais eram procurados, assediados e até bajulados (os mais renomados) para que pudessem entregar algo novo, alguma nova música, aquele sucesso mais conhecido como a música do carnaval. 

 

Esse trabalho que estava sendo garimpado vinha em forma de um álbum completo. Quando digo completo falo de, pelo menos, doze faixas que eram disponibilizadas aleatoriamente, e que davam a oportunidade de se conhecer um pouco da virtuosidade do artista ou da banda, com os mais diversos formatos. 

 

O disco de um artista da Bahia, independentemente do ritmo que tocasse, vinha sempre recheado de andamentos. Da música lenta à mais acelerada, de um tudo se tocava e cantava.

 

E dava trabalho para levantar as músicas. Para se fazer isso, era preciso ir aos espaços onde a música acontecia – já falei sobre isso em outros textos. Do Beco de Gal na Vasco da Gama, passando pelos ensaios da terça do Olodum, na periferia de Salvador ou, ainda, através de amigos e achegados, conseguir músicas boas era extremamente trabalhoso. 

 

Era tanto trabalho correr atrás das músicas que se levava quase dois meses para isso. Essa recolha começava um pouco antes do carnaval, parava no período da folia, voltava logo após e só terminava no fim de março ou meados de abril por conta das tendências musicais que iriam ser apresentadas na folia, afinal, era preciso saber o que de novo estava sendo lançado e mesclar o ano que passou com o ano que viria e, isso demandava tempo. 

 

Isso sem contar as tendências que um artista ou outro lançava e que mudavam totalmente a linha de pensamento artístico daquele ano, o que também, a bem da verdade, não significava muito, pois a aposta do verão poderia estar escondida entre doze músicas de famosos ou não.

 

Hoje, ao que se vê, isso é obsoleto. Ao menos para a grande maioria do mercado, a tônica virou lançar duas músicas por ano, sem escolhas, empurradas como se o consumidor tivesse a obrigação de ouvi-las e aceitá-las como boas, sem o direito de escolher entre mais algumas, o que caracteriza a meu ver um empobrecimento cultural imenso. Afinal, pra que compor o tempo todo se a escolha recai em apenas uma música ou duas e mais nada?

 

Lógico, digo isso pela forma como o mercado se coloca, não querendo com isso acabar com o sonho de ninguém. Mas, é preciso deixar clara essa situação atual. 

 

O que já é diferente do sertanejo, que lança álbuns completos e não apenas singles. Ou quando lança o tal do single, o faz como faixa de um álbum ou trabalho mais completo. 


As tendências precisam mudar e é preciso que os mais conhecidos façam isso até como estímulo para os mais novos. 

 

Sou do entendimento de que é preciso continuar o garimpo de boas músicas, mesmo tendo sido criada a cultura da venda antecipada, do escritório agenciador de compositores e tudo mais. Gosto da tese de que o pouco é nada e que o muito é importante, sem essa de que tudo em excesso é sobra. 

 

Os melhores exemplos pra mim de que essa tendência pode e deve voltar são os lançamentos de EPs de Ivete Sangalo e Claudia Leitte – se não escutou, escute –, lançados salvo engano agora no fim de janeiro e que trazem uma mescla de músicas para todos os gostos e todas as escolhas. 

 

Ato pensado? Não sei. Só sei que, pra mim, pegou muito bem, mas muito mesmo. Pois talvez traga de volta uma tendência com viés positivo pra nosso mercado musical. 


Nosso mercado precisa ser reaquecido. É algo absurdo perceber a falta de produtividade musical/cultural da nossa música pela falta de procura. É preocupante perceber que não existe mais pluralidade na escolha e que é tudo fruto da mesma ideia dita de forma diferente. 

 

Não desqualifico o que é feito, pois pra mim tudo é música. Não crio apontamentos, mas óbvio que gostaria de ter a possibilidade de escolher algo entre o muito e não do que está aí. 

 

Aceitar do jeito que está, ou parecer descolado dizendo da falta de necessidade de se fazer mais é algo que não consigo. Não vou aceitar. Portanto, mais uma vez, fora do senso comum, penso ser necessário se repensar essa coisa de fazer uma ou duas faixas por ano e esperar apenas que se crie uma referência em rede social para que isso seja colocado como destaque de sucesso.

 

Quanto à música que mais gostei, ouvi todas. De meu amigo Bell, passando pelo gigante Léo, Escandurras, Xanddy Harmonia, Ivete Sangalo, Claudia Leitte etc., como disse, ouvi todas, apreciei todas, mas, gostei de uma que, por um acaso, ouvi despretensiosamente e que não está na lista que tem sido colocada para escolha.

 

A minha aposta por entender que a “possibilidade” de escolha entre as que estão fora da lista é algo salutar, mas, obviamente, dentro do meu feeling musical, é: ‘Se saia’ (Gigi Cerqueira, Ivete Sangalo, Radamés Venâncio, Samir Trindade), faixa do EP de Ivete Sangalo, que, pelo visto, não é a aposta nem a queridinha de ninguém, mas que se tornou a minha referência deste ano, por toda a alegria e espontaneidade que a sua harmonia e letra trazem.

 

Daí… não concorda? ‘Se saia’ e leva o trio, Motô!

Luis Ganem: Tive a oportunidade de tocar em um ensaio com Saulo
Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias

Alguém aqui que não é músico, nem trabalha no meio artístico, tem ideia de como é tocar em um trio ou com artistas da música baiana? Acredito que ninguém – e me incluo – tem ideia de como é tocar em cima de um trio, por mais de três, quatro, cinco, seis horas, levando consigo um bloco e uma multidão a reboque. Pois bem, resolvi encarar esse desafio e conto um pouco agora como é tocar (ensaiar) com um grande músico. Clique aqui e leia o texto completo!

Curtas do Poder

Ilustração de uma cobra verde vestindo um elegante terno azul, gravata escura e língua para fora
Sugiro que Guerrinha contrate Fernando Guerreiro urgente pra ajudar Rolando Lero. Pra sobreviver à campanha, ele vai precisar derramar pelo menos uma lágrima quando se disser emocionado. Mas Ferragamo também não está tão bem assim. No encontro com os bolsonaristas, ele não conseguiu nem sorrir, que é bem mais fácil que chorar. E olha que até com o Maluco do Pão ele conseguiu convencer mais. Na tal onda de TBT, tem gente lembrando de coisas que podia esquecer. Mas o título de maior biscoiteiro eu preciso entregar pra Zoião. Saiba mais!
Marca Metropoles

Pérolas do Dia

Felipe Freitas

Felipe Freitas
Foto: Mauricio Leiro / Bahia Notícias

"Eu acho que esse tempo [de discussão] foi muito bem gasto pelas equipes técnicas para nos oferecer as saídas desde o processo de licitação, que foi, eu acho, um aspecto importante, já que todo o processo de licitação foi acompanhado".

 

Disse o secretário de Justiça(SJDH), Felipe Freitas ao comentar sobre a implementação das câmeras nas fardas dos policiais da Bahia. 

Podcast

Terceiro Turno: Com parcerias pavimentadas, Bruno Reis garante apoio de ministro de Lula a Bolsonaristas

Terceiro Turno: Com parcerias pavimentadas, Bruno Reis garante apoio de ministro de Lula a Bolsonaristas
Arte: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias
O fechamento da janela partidária passou, e com isso os apoios partidários começaram a ser apresentados para as eleições municipais deste ano.  Em Salvador, o prefeito Bruno Reis segue acumulando os endossos para sua reeleição, com os últimos, tendo somente a manutenção desde 2020, com o PDT e o PL. Agora, com 12 partidos no arco de apoio, Bruno parece estar “pronto” para confirmar, de maneira oficial, sua pré-candidatura.

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