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De malas prontas para o Pan, casal baiano da vela faz treinamento na Europa focado em Paris-2024

Por Leandro Aragão

Juliana Duque e Rafael Martins
Foto: Leandro Aragão / Bahia Notícias

O casal de velejadores Juliana Duque e Rafael Martins estão divididos entre a disputa dos Jogos Pan-Americano 2023 e a luta pela classificação para os Jogos Olímpicos de Paris-2024 em categorias diferentes da modalidade. A competição continental será realizada em Santiago, no Chile, entre os próximos dias 20 de outubro e 5 de novembro, na qual concorrem na classe Snipe, enquanto o principal evento dos esportes ocorre na capital francesa entre 26 de julho e 11 de agosto do próximo ano, onde a dupla faz parte da classe 470.

 

"A gente faz duas campanhas. O Pan-Americano é num barco da classe Snipe, que conseguimos a vaga para representar o Brasil novamente. Mas, em paralelo, vamos dizer assim, com muito mais energia, a gente faz a campanha olímpica para Paris-2024 num barco 470. Então, uma coisa vai se somando à outra. Nossa energia, vamos botar 90% está voltada para as disputas da classe 470, que é onde mais treinamos e gastamos mais energia e horas na água. Mas devido a base que temos na classe Snipe também conseguimos fazer a campanha no Pan-Americano", afirmou Rafael em entrevista ao Bahia Notícias.

 

A divisão é possível por não ter choque de datas. Segundo Rafael, a classificatória para Paris está prevista para fevereiro do ano que vem. Enquanto isso, o casal tem passado por períodos de treinamentos na Europa.

 

"Aqui no Brasil, na nossa classe, tem pouquíssimos barcos, uns três ou quatro e cada um mora num estado e não se juntam. Então, a gente precisa ir para a Europa, faz parte do treinamento, para estar contra 80 barcos, ao invés de sozinhos. Isso é importante para a gente fazer comparações, alterações na forma de velejar. Por isso, a gente passou dois meses e meio na Europa para aproveitar essa quantidade de barcos. Então, a gente vai para lá, aproveita isso, volta faz o dever de casa, que é o que dá para treinar sozinhos, vai de novo para ver se melhorou e vai caminhando dessa forma", comentou Juliana.

Foto: Reprodução / Instagram

 

Para carimbar o passaporte para a França, o casal de velejadores disputará vaga com adversários do mundo todo. Neste momento, o casal chegou na Holanda para a disputa do Mundial de Vela da World Sailing, entre os dias 8 e 20 de agosto, em Haia, na Holanda. Antes eles haviam passado 10 dias na Bélgica, onde fizeram a preparação. No ano que vem, o destino será Lanzarote, uma das ilhas do arquipélago das Ilhas Canárias, na Espanha. 

 

"A gente meio que acompanha o circuito mundial. Vamos acompanhando onde estão nossos concorrentes para a gente poder nos testar, ver nossa evolução ou não na classe", destacou Rafael.

 

APOIO FINANCEIRO

A Vela é um esporte caro e o custo é dos entraves. Medalhistas no Pan-Americano de 2019, Juliana e Rafael estão sempre atrás de mais investimentos para pagar o sonho olímpico.

 

"Para a campanha do Pan-Americano, acho que a gente tem um nível de investimento bom. Mas para pular esse degrau para uma campanha olímpica, acho que ainda falta muito para os nossos concorrentes mundo afora. A gente não pode falar só de Brasil, mas para conquistar a vaga olímpica, tem que vencer Estados Unidos, Espanha, França, Holanda e aí estamos disputando com países que tem um investimento muito maior, uma estrutura muito maior envolvida. Para a campanha olímpica, vamos dizer que estamos engatinhando nesse processo. É uma luta incessante por mais apoio, patrocínio, dinheiro para a gente poder fazer uma campanha bem feita", falou Rafael.

 

"Acho que até certo ponto, conta muito treino e talento. Mas na parte olímpica, o financeiro é, algo assim, 70% da conquista. É o que a gente continua buscando, porque só treinar e ter talento não é suficiente", completou Juliana.

 

O casal mora em Salvador, mas a capital baiana não é o único local de treinamento. A dupla tem barcos em outros estados do Brasil, além de manter outro na Europa.

 

Foto: Reprodução / Instagram

 

EXPECTATIVA PARA O PAN

Juliana Duque e Rafael Martins conquistaram a medalha de bronze na classe Snipe, no Pan de 2019 disputado em Lima, no Peru. Para a edição deste ano, Rafael acredita que a mala voltará de Santiago um pouco mais pesada.

 

"O esporte da Vela é um pouco peculiar, porque a gente não tem marca, não tem tempo para medir, como tem na natação, corrida. Todo dia é um dia, toda regata é diferente. No mesmo dia ocorrem duas ou três regatas e no mesmo dia temos situações diferentes. Então, a gente vem se preparando bastante, temos treinado bastante, muitas horas na água, investindo bastante para, sim, vamos trazer outra medalha. É o que a gente vem trabalhando para conseguir", declarou Rafael na coletiva no último mês de julho.

 

Foto: Reprodução / Instagram

 

UNIÃO "NA ÁGUA E NA TERRA" 

Juliana Duque e Rafael Martins se casaram em 2018. Atletas do Yacht Clube da Bahia, os dois se conheciam do local de treinamento, mas disputavam um contra o outro com duplas diferentes, até que resolveram unir o útil ao agradável. No entanto, a dupla ressalta que o mar não é apenas de calmaria.

 

"A gente se conheceu no clube mesmo. Quando eu passei para a classe Snipe, eu era timoneira de um barco e Rafael era de outro. Nessa época éramos amigos, nos apaixonamos, começamos a namorar e, num momento por acaso, tínhamos o mesmo objetivo de vida que era ser atleta profissional e viver do esporte. Então, decidimos nos juntar como dupla por ter o mesmo objetivo. Eu velejava com um homem e ele com uma mulher, que eram excelentes velejadores, mas tinham suas carreiras fora do esporte. Então, a gente decidiu se juntar para viver esse sonho. A gente se casou em 2018", contou Juliana na coletiva. "Não é fácil ser casado e dupla ao mesmo tempo. Tem que saber separar bem as coisas", continuou.

 

Foto: Reprodução / Instagram 

 

Inclusive, por serem casados tanto na água quanto na terra, os dois são acompanhados pelo psicólogo do clube para aparar as arestas.

 

"Além da coisa da dupla, somos um casal fora da água, então temos que saber separar que é da água e o que é de terra, não misturar as coisas e é o que a gente vem focando, até com o psicólogo do clube que apoia a gente", pontuou Rafael. "Eu acho que temos feito um bom trabalho nesse sentido, mas isso é com a ajuda do psicólogo, que vem sempre fazer uma manutenção e ajustando o que não está muito bem, principalmente na água. Acho que está sendo positivo", completou Juliana.