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Com objetivo de fomentar o esporte, ONG atuante na Bahia se firma para ajudar crianças presentes nas comunidades

Por Eduarda Pinto / Thiago Tolentino

Crianças praticando Capoeira
Foto: Diego Damasceno / De Peito Aberto

Fundada em 2006 por um grupo de ex-nadadores, a ONG "De Peito Aberto" tem como missão levar o esporte a lugares antes inacessíveis, com foco principal nas crianças de comunidades carentes sem estrutura para a prática.

 

Desde sua origem em Minas Gerais até sua expansão para a Bahia em 2011, a organização tem trabalhado para equipar essas regiões com os recursos necessários e profissionais qualificados. Em parceria com Edvaldo Valério, medalhista olímpico e pioneiro nadador negro do Brasil nos Jogos Olímpicos, a De Peito Aberto lançou seu primeiro projeto em Salvador, especificamente no bairro de Periperi, introduzindo a primeira raia olímpica salgada da Bahia em 2012.

 

Palestra realizada por Edvaldo Valério em parceria com a De Peito Aberto | Foto: Divulgação

 

“Em 2012, realizamos um projeto junto com o nadador Edvaldo Valério, à época amigo nosso de Belo Horizonte. Foi ele quem nos trouxe e nos apresentou a Bahia. Me lembro que na Bahia não tinha nenhuma piscina olímpica, a da Fonte Nova havia sido demolida para a construção da nova Arena Fonte Nova. Foi aí que nós lançamos então a primeira raia olímpica salgada da Bahia que foi em Periperi", contou Hagmar Madeira, sócio fundador, ao Bahia Notícias.

 

“O  Edvaldo foi quem nos trouxe e nos abraçou, nos acolheu dentro da Bahia e a partir de então é a gente vem realizando projetos em diversas cidades da Bahia e regiões metropolitanas: Camaçari, Praia do Forte, Simões Filho, Salvador, Feira de Santana, Maraú, São Gonçalo, Andorinha, Conde e por aí vai… São algumas é dezenas de cidades”, revelou.

 

Um dos projetos destacados pela ONG é o "Esporte na Cidade", sediado em Pituaçu desde 2021, focado em cuidar de cerca de 100 meninas que praticam o futebol feminino. A iniciativa recebeu reconhecimento como projeto do ano no Brasil pela Sudesb e pelas Nações Unidas devido ao seu impacto social significativo. 

 

“É um projeto 100% feminino, desde a coordenação, da treinadora e de todas as meninas que fazem isso. Nós estamos no terceiro ano indo para o quarto de projeto em Pituaçu. Em 2021, nós recebemos essa premiação e é por isso que falo que ela tem um maior apelo e um olhar com maior carinho de acolhimento, mas todos os nossos projetos também possuem esse olhar”, destacou Hagmar. 

 

Projeto Esporte na Cidade, realizado no estádio de Pituaçu | Foto: Diego Damasceno / De Peito Aberto

 

Além do esporte, a De Peito Aberto integra iniciativas de saúde, conscientizando sobre a prevenção de doenças como câncer de colo uterino e câncer de mama, promovendo uma sinergia entre esporte e saúde.

 

“Entre os projetos, a gente tem a parte de saúde atrelada ao esporte. Com isso a gente também consegue produzir uma sinergia positiva cuidando de mães de famílias, que falam um pouquinho sobre câncer de colo uterino e câncer de mama, que é uma pauta muito importante para a gente falar e, obviamente, a gente colocar a prevenção. O esporte e a saúde estão muito bem linkados um com o outro e é um tema muito importante”, comentou o fundador.

 

Ao todo, 107 colaboradores fazem parte da equipe da De Peito Aberto, com aproximadamente 20 atuando na Bahia. Entre os profissionais, estão espalhados membros da parte administrativa e operacional, entre eles professores que aplicam metodologias específicas para as práticas esportivas. A ONG é viabilizada pela lei federal de incentivo ao esporte, permitindo que empresas destinem parte do imposto de renda para seus projetos sociais, sem tirar recursos dos municípios. Apesar de não ter nenhum convênio com as cidades baianas, a organização busca firmar parcerias.

 

“Nós não tiramos recursos do município. Nós levamos recursos para o município através dos incentivos fiscais”, explicou.

 

Até o momento, mais de 50 mil crianças foram beneficiadas em 16 cidades, com 6 mil atualmente participando ativamente em 11 cidades, com expectativa de crescimento para 7 mil até o final do ano.

 

Foto: Diego Damasceno / De Peito Aberto

 

“São projetos de geração para educação. São temas transversais com o esporte sendo base principal onde a gente coloca essas crianças para estarem junto conosco. Uma coisa muito legal é que toda criança ganha uniforme completo de forma gratuita. Vai desde chuteira a meião, camisa e short. A gente tem todo esse aparato tanto de uniforme quanto de equipamento quanto de metodologia e também nós realizamos a contratação desses profissionais que vão estar na ponta junto conosco”, ressaltou Madeira.

 

Dentro do propósito geral da De Peito Aberto, se firma o desejo de ocupar as lacunas deixadas por planejamentos inacabados e aplicar cada vez mais uma metodologia educacional para que as crianças não deixem de aprender, mesmo praticando ativamente o esporte. Hagmar conta que “com uma quadra vazia não se faz um atleta". "O atleta se faz com o professor. A criança só consegue de certa maneira produzir o desporto educacional seguida de um profissional da educação, pois é ele quem vai colocar as regras. Ele quem vai colocar a didática e a metodologia em prática”, finalizou.

 

Um dos exemplos explicados foi a entrega de estruturas. Apesar das iniciativas de infraestrutura esportiva por parte das prefeituras, como a construção de novas quadras, a falta de profissionais qualificados muitas vezes impede o pleno aproveitamento desses recursos, algo que a De Peito Aberto busca resolver ao ocupar esses espaços.

 

Foto: Diego Damasceno / De Peito Aberto

 

“Quando a gente vê que uma prefeitura lançou e fez duas, três novas quadras com equipamento esportivo, falta às vezes um professor e é aí que a gente consegue ocupar esses espaços. Na maioria das vezes eles ficam ociosos, gerando uma depreciação do processo”, exemplificou.

 

Embora o sudeste lidere em captação de recursos, a organização continua a buscar parcerias com políticas governamentais e artistas para ampliar seu impacto social, visando fortalecer ainda mais a formação de crianças e jovens no estado.