Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias Holofote
Você está em:
/
/
Entretenimento

Notícia

“Mais uma barreira no acesso à cultura", critica presidente da Abape sobre o aumento do preço dos ingressos

Por Ana Clara Pires / Erem Carla

Sala principal do Teatro Castro Alves
Foto: Fábio Marconi

Os ingressos para eventos no Teatro Castro Alves e na Conha Acústica estão mais caros, isso porque esses espaços - administrados pela Secretaria Estadual de Cultura (Secult) e pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) - retiraram o desconto do aluguel, que vinha sendo concedido pelo Governo do Estado da Bahia como forma de ajudar artistas e produtores culturais a se recuperarem dos impactos negativos da pandemia. Pelo menos essa é a justificativa dada pela Associação de Produtores de Evento (Abape).

 

Em conversa com o Bahia Notícias, o presidente da entidade, Moacyr Villas, revelou que a associação tomou conhecimento da retirada do desconto através de uma declaração que a Secult deu à imprensa.

 

“Com a extinção da calamidade pública e a regularização integral dos eventos culturais em todo o país, o retorno do valor original se faz necessário para garantir a manutenção dos equipamentos”, alertou o órgão.

 

Moacyr definiu essa como uma “declaração muito infeliz” porque, diferente do que foi apresentado, o setor ainda não se recuperou. “Essa ao meu ver, é uma declaração muito infeliz porque passa a ideia errada de que o setor já se recuperou e voltou à sua normalidade. Na verdade, o estado de calamidade ainda assola o setor (que ficou mais de dois anos parado) e estamos muito longe de uma regularização integral”, apontou.

 

O presidente da Abape entende que vão ser necessários alguns anos de muito trabalho e incentivo público para que o setor volte ao normal. “A PERSE, do Governo Federal, por exemplo, dá 5 anos de isenção de impostos ao setor. A prefeitura de Salvador também manteve o desconto no valor do ISS para eventos culturais. Até o ECAD manteve o desconto de 50% na cobrança dos direitos autorais. Todos, portanto, entendem que o setor precisa de tempo e incentivo para se restabelecer em sua integralidade. Gostaríamos e precisamos, humildemente, que o entendimento da Secult seja o mesmo”, alega Moacyr.

 

Quando questionado sobre a possibilidade de esse aumento ser um ato dificultador do acesso das pessoas a cultura Moacyr disse: “Afeta não só a população, por criar mais uma barreira no acesso à cultura, como toda a cadeia produtiva. Muitos eventos deixarão de acontecer porque as contas das planilhas não fecham. São milhares de pessoas e profissionais que deixarão de trabalhar por conta da inviabilidade”.

 

Por fim, ele cobrou a capacidade dos gestores públicos de criar políticas para democratizar o acesso à cultura e gerar empregos.

 

A Secult se pronunciou para a equipe do Bahia Notícias, assinada pela presidente da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), Piti Canella. Por meio de nota, Piti disse que o que está acontecendo não é um aumento no valor da pauta, que é o mesmo há 16 anos, mas o fim do desconto dado durante a pandemia para ajudar a fomentar o setor cultural que foi extremamente abalado com a situação pandêmica. “Antes da pandemia, os ingressos já tinham valores considerados acima da média para a maior parte da população”, revelou a gestora.

 

Ao ser questionada sobre os planos da Secult para amenizar perdas financeiras, a presidente da Funceb declarou que “ao longo do período pandêmico, a Secult, por meio da Funceb, realizou diversas medidas na tentativa de amenizar as perdas financeiras de artistas nas diferentes linguagens". "Neste momento estamos desenvolvendo internamente a retomada de projetos que fortaleçam a presença de artistas locais em produções nacionais, por exemplo”.

 

“Reforçamos, ainda, que a Associação Baiana dos Produtores de Eventos - a Abape - não compareceu a uma reunião junto à dirigente da Fundação Cultural do Estado, Piti Canella, marcada para o dia 27 de março de 2023, para tratar 'dos novos rumos para o Setor Cultural e de Eventos na Bahia', conforme pauta anunciada pela Associação. Mas que a Funceb está aberta ao diálogo para que sejam expostas as demandas da Associação e as necessidades do Estado, tendo como única preocupação a prestação de um melhor serviço à população”, finalizou.

 

Em declaração, o presidente da Abape rebateu dizendo que a reunião, que havia sido solicitada pela própria associação, foi cancelada porque a presença do secretário não foi confirmada e a participação do mesmo se fazia indispensável.