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Com divulgação da Paulo Gustavo, especialista analisa cenário do audiovisual na Bahia

Por Ana Clara Pires

Com divulgação da Paulo Gustavo, especialista analisa cenário do audiovisual na Bahia
Reprodução: Secult-AL

O mês de maio foi de extrema importância para o cenário cultural nacional. As novas leis de fomento à cultura surgiram em um momento em que o setor estava abandonado e precisava de investimento público. A Lei Paulo Gustavo, regulamentada na última quinta-feira (11), é a esperança de que o setor finalmente volte à normalidade depois do período pandêmico.

 

A Bahia foi o primeiro estado a ter seu Plano de Trabalho da Lei Paulo Gustavo aprovado pelo Governo Federal. Portanto, o estado será o primeiro a receber os recursos previstos pela lei. São R$ 148 milhões para fomentar a cultura de todo o estado. 

 

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No meio audiovisual, além da Lei Paulo Gustavo, que tem uma parte dedicada a este meio, foi lançado, nesta quinta-feira (18), um programa para incentivar o desenvolvimento de projetos audiovisuais na capital baiana. O programa batizado de “SalCine” visa incentivar a produção de longas, curtas e médias-metragens. Além do projeto “Bahia Film Commission" que existe desde 2010, e tem ganhado cada vez mais investimento.

 

O cineasta e diretor do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), Pola Ribeiro, contou, em entrevista para o Bahia Notícias, que essas políticas públicas são essenciais para que a Bahia mostre o seu potencial produtivo. “A Bahia tem tudo para ser um celeiro de produções audiovisuais, porque, quando você pensa em produção de cinema, você precisa ter texto e a Bahia tem poetas e escritores. A Bahia tem música e para filme precisa ter música, precisa ter compositor, precisa ter estrutura industrial de produção, finalização e mixagem. A Bahia tem atores, tem diretores de teatro, de cinema. E, com as políticas a Bahia, mostrou uma capacidade de se reinventar no meio audiovisual”.

 

Pola também contou que o estado também tem o poder de atrair recursos de fora para serem investidos no audiovisual baiano. Segundo ele, o projeto Bahia Film fez um diagnóstico muito consistente sobre a situação do audiovisual baiano. “O que eu chamo de consistente? É levantar que protagonismos têm as produtoras, o estado, a Prefeitura, o Governo Federal no fomento e na captação desses recursos. O projeto da Bahia Film demonstra que a Bahia capta muitos recursos por ano, mas tem o poder de captar muito mais”, continuou.

 

Mantendo seu argumento, Pola revelou que esse diagnóstico é “música para os ouvidos” dos investidores, do estado. “Ou seja, eu vou criar uma estrutura, mas é uma estrutura que já vem captando recursos para a atividade. Com o mínimo de investimento que o estado faça, ele vai ter uma capacidade de atrair um número imenso de recursos e de parceiros de fora da Bahia para trazer recursos que vão ser gastos na Bahia, gerando emprego, gerando renda, gerando desenvolvimento”.

 

Ele também defendeu que os novos investimentos além de empregar baianos, ajudam a “vender” a imagem da Bahia, a cultura, os conceitos, as paisagens, a música, o jeito de falar para outros estados e países. “O cinema é um investimento que não para de dar retorno”.

 

Quando questionado sobre como levar cinema baiano para outros municípios, ele respondeu que, quando se tem um projeto como Bahia Film, associado a DIMAS – departamento da Funceb que trabalha com audiovisual – se consegue fazer um diálogo que conversa com as coisas que formam o audiovisual, e, principalmente, a capacidade que o audiovisual tem de estar na vida das pessoas. “E assim está no interior do estado, está nas plataformas de streaming, está na TV Educativa – que está em todo o estado – essas são as formas das pessoas terem acesso e de cultuarem e gerarem conhecimento a partir do audiovisual”.

 

No fim, Pola revelou que vê com positividade o cenário audiovisual a partir da Lei Paulo Gustavo. “Também acho que a Ancine volta, depois desses tempos sombrios de um governo retrógrado destruidor de políticas públicas. A Ancine retoma seu papel, e volta com força total”.

 

O coordenador do projeto Nordeste Lab, Gabriel Pires, reiterou como o cenário de produções audiovisuais na Bahia é promissor. “Temos muitas coisas sendo produzidas, apesar do hiato do fomento que vivemos nos últimos anos, em âmbito federal e local. O nosso cenário é promissor, já que temos uma gama bem diversa de formatos de produção, de gente realizando as suas obras e com a possibilidade de termos uma perspectiva diversa sobre os nossos lugares, nossa gente e nossas coisas. Os longa-metragens baianos ainda precisam circular mais em festivais nacionais e internacionais, porém temos bons exemplos de produtoras que conseguem fazer uma boa circulação em festivais nacionais e internacionais, como os filmes da Plano3 Filmes e da Ato3 Produções de Vitória da Conquista”, começou.

 

Por outro lado, ele comentou que tem sido um diálogo difícil com a Ancine, que é o gestor do Fundo Setorial do Audiovisual, principal fonte de financiamento ao setor em âmbito federal. “Temos produtoras que foram contempladas em editais de 2018 que somente neste ano realizaram a sua contratação e tiveram a liberação dos recursos para iniciarem os seus trabalhos”, contou Gabriel.

 

“No âmbito local estamos sem editais desde 2019. Mesmo com a vinda de um volume considerável para que tenhamos editais no âmbito estadual e municipal precisamos que os governos locais também façam esse investimento. No caso do Fundo de Cultura da Bahia, nos últimos oito anos, tivemos somente dois editais setoriais de audiovisual em oito anos”, continuou.

 

Quando questionado sobre como o público baiano tem acesso às produções também do estado Gabriel admitiu a dificuldade de distribuição. “Os filmes realizados na Bahia ainda precisam chegar mais ao público final, temos pouca participação em bilheteria nos cinemas tradicionais, o campeão de bilheteria entre os filmes baianos é o Bahia Minha Vida (2011), com quase 75 mil espectadores”.

 

“Temos ainda uma dificuldade de penetração nas salas de cinema com as obras realizadas aqui, a conjunção de fatores que levam a isso é grande, desde a dificuldade de ter dinheiro para fazer uma divulgação boa até a forma como são programados os filmes nas salas de cinema de grandes redes (muitas vezes os filmes baianos ficam restritos ao Circuito Sala de Arte e ao Glauber Rocha, em Salvador e aos cinemas de arte, de rua e alternativos em outras cidades, da Bahia e do país)”, continuou.


A respeito das novas políticas públicas, a Secretária de Cultura do Estado da Bahia, por meio da Diretoria de Audiovisual da Funceb, falou, com a equipe do BN, que o foco no momento é a Lei Paulo Gustavo. “A Lei Paulo Gustavo tem sido o ponto focal de um esforço conjunto em toda Secretaria de Cultura, em prol de pensar, construir e disponibilizar à sociedade instrumentos eficazes, inclusivos e democráticos que garantam o amplo acesso aos recursos que virão para o estado”.

 

“No que concerne às políticas públicas voltadas ao Audiovisual na Bahia, a Fundação Cultural do Estado, vinculada à Secretaria de Cultura (SecultBA), tem o compromisso de, neste momento, fortalecer a Diretoria de Audiovisual (DIMAS) e seus projetos estruturantes, a exemplo da Cinemateca da Bahia, que visa preservar a memória do audiovisual baiano, salvaguardar bens materiais e imateriais, estimular a pesquisa e dinamizar o acesso do público, tanto à história do audiovisual baiano quanto aos registros da história do nosso estado; a Sala de Cinema Walter da Silveira, único cinema público na Bahia, um espaço de difusão das produções nacionais; o Circuito Luiz Orlando de Exibição com formação e difusão do cinema baiano nos 417 municípios; e a Bahia Film Commission, um espaço de promoção das obras audiovisuais baianas e o estado da Bahia, bem como atrair produções nacionais e internacionais”, finalizou a Secult.