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jimmy cliff
O cantor e compositor Jimmy Cliff, lenda mundial do reggae, faleceu nesta segunda-feira (24), aos 81 anos, vítima de complicações causadas por um quadro de pneumonia. A morte do artista reacendeu a memória de sua profunda conexão com a Bahia, que se estendeu da capital, Salvador, ao interior do estado.
Embora Jimmy Cliff tenha estabelecido raízes familiares em Salvador – onde conheceu a mãe de sua filha, a atriz e cantora Nabiyah Be – sua passagem por Feira de Santana em 1990 é lembrada como um marco cultural.
O show, realizado em 2 de fevereiro de 1990, foi promovido pelo jornalista e produtor cultural Paulo Norberto. Em depoimento, Norberto detalhou a vinda do artista. “Ele já estava fazendo turnê na Bahia com Gilberto Gil. Eu entrei em contato e consegui uma data. Na época, a gente tinha o projeto Feira Show, e contratamos Jimmy Cliff para um show no dia 2 de fevereiro de 1990”.
Para evitar boatos de cancelamento, o cantor chegou dois dias antes, realizando uma coletiva de imprensa no Feira Palace Hotel e circulando pela cidade. O produtor recorda ao Acorda Cidade, parceiro do Bahia Notícias, a curiosidade de Cliff pela culinária local: “Ele me chamava à tarde para comer abará. Levava ele em Dona Pequena, no Pilão, na Cristóvão Barreto. Ele comia abará e depois tomava caldo de cana”.
Norberto também relembrou situações inusitadas de bastidores, como a exigência de 35 toalhas brancas de algodão, que o artista utilizava no palco e jogava para o público.
Um momento de grande tensão na época foi o impacto financeiro da semana do show, que coincidiu com o anúncio do Plano Collor, responsável pelo bloqueio de contas bancárias. O produtor conseguiu honrar o compromisso, mas destacou o susto: “Quase me quebrou. Mas consegui pagar [pelo show]. Quase vendo um apartamento.”
Jimmy Cliff, lembrado por sua energia no palco e seu legado para o reggae, fez da Bahia um de seus portos seguros, sendo Feira de Santana palco de um de seus eventos mais comentados no interior do Nordeste.
A distância em km não impediu o jamaicano Jimmy Cliff, ícone do reggae, que faleceu nesta segunda-feira (24), de se conectar com Salvador.
Aproximadamente 5.480km separam Kingston, capital da Jamaica, da capital baiana, mas a sensação de pertencimento do artista com a 1ª capital do Brasil foi tanta, que Salvador se tornou casa para o astro.
Considerado um dos pioneiros do reggae e responsável por levar o gênero ao cenário internacional, o artista, que recebeu dois Grammy com os álbuns Cliff Hanger (1985) e Rebirth (2012), criou uma ponte entre a Jamaica e a Bahia.
Foto: Arquivo Pessoal
A primeira passagem de Jimmy pela Bahia aconteceu no final dos anos 70 e já de cara, o artista se encantou pelo estado, voltando na década de 80, quando escolheu Gilberto Gil para abrir todos os shows que realizou no país, e em Salvador, o jamaicano se apresentou para um público de 60 mil pessoas.
Nos anos 90, Jimmy Cliff se debruçou sobre a música baiana e estreitou relações com o Olodum. O artista se apresentou no Festival de Música e Arte Olodum (Femadum), gravou partes do álbum 'Breakout', de 1992, na Bahia.
Por meio das redes sociais, o grupo se pronunciou sobre a morte do artista.
"Jimmy Cliff deixou um legado de diálogo entre povos, defesa da paz, valorização das raízes e afirmação cultural. Sua trajetória também marcou a Bahia e especialmente o Olodum, já que tivemos o privilégio de gravar com ele duas músicas, Reggae Odoya e Woman No Cry, nos anos 90. Expressamos nossa solidariedade à família, aos amigos e aos admiradores deste grande mestre. Sua arte seguirá inspirando gerações."
Além do grupo percussivo, o artista gravou com Araketu e fez questão de levar a música de Lazzo Matumbi para o mundo ao participar do álbum 'Kindala', de Margareth Menezes cantando 'Me Abraça e Me Beija'. A artista também compartilhou um depoimento na web sobre Jimmy.
"Tive a oportunidade de conviver com Jimmy quando ele veio morar na Bahia. Na época estava gravando meu disco “Kindala”, e compartilhamos momentos musicais inesquecíveis. Com ele gravei “Me Abraça e Me Beija”, composição de Gileno Felix e do querido Lazzo Matumbi. Na Bahia, ficou, casou e teve uma filha, Nabiyah Be, com quem convivi e tenho muito carinho. Uma referência na música, com um legado imenso sobre valorização das nossas raízes e afirmação cultural. A vida segue o seu caminho e as memórias que tenho com ele seguirão em mim. Para sempre, Jimmy Cliff!."
Margareth, inclusive, foi a pessoa responsável por apresentar Jimmy a artista visual brasileira Sônia Gomes, com quem ele teve Nabiyah. A história foi contada por ela em um podcast.
"A Margareth Menezes apresentou meus pais e eles se conheceram em uma cerimônia de ayahuasca na praia, em Salvador. Sou fruto dessa união sagrada. Minha mãe, engravida do meu pai, decide não criar uma filha negra em São Paulo e migra para Salvador... [Jimmy] morou conosco até os meus 9, 11 anos por aí."
Outra grande ligação do artista com a Bahia se dá através do futebol. Além do show na Fonte Nova, o artista assistiu a uma rodada dupla no estádio em 1991, e viu o Bahia enfrentar o Atlético Paranaense e o Vitória jogar contra o Sport.
Na época, o artista não acompanhava o espote e foi levado para um amigo, mas pouco tempo depois, surgiu vestindo com orgulho a camisa do Bahia. Nas redes sociais, o Esquadrão compartilhou uma homenagem para o cantor.
"Com grande pesar, o Esquadrão lamenta o falecimento do jamaicano-tricolor @jimmycliff, um dos maiores reggaemans da história, que abraçou nosso clube após inúmeras vindas a Salvador. Pai da cantora baiana @nabiyahbe, homenageada pelo Bahêa na campanha #BahiaDasArtes em agosto. Descanse em paz, mestre."
Jimmy também foi homenageado pela banda Ara Ketu, com quem gravou a música 'Samba Reggae'.
"Hoje homenageamos Jimmy Cliff, um gigante que marcou para sempre a música baiana. Em 1992, sua passagem pela Bahia e a gravação de “Samba Reggae” deram ao Ara Ketu sua primeira projeção internacional — um gesto generoso que ecoa até hoje em cada batida da nossa música. Recebemos com tristeza sua partida, mas seu legado vive em cada tambor, em cada voz, em cada ponte que une Jamaica e Bahia."
O cantor faleceu aos 81 anos. De acordo com a esposa do artista, Latifa, o cantor sofreu uma convulsão seguida de pneumonia. Jimmy deixa outros dois filhos com Latifa, Aken e Lilty, além de Nabiyah Be.
Filha de Jimmy Cliff, a cantora Nabiyah Be, de nacionalidade brasileira e jamaicana, foi escalada para interpretar a vilã Tilda Johnson, no filme “Pantera Negra”, da Marvel. A informação foi confirmada pela própria artista, que é baiana, nas redes sociais. "Nunca escondi um segredo por tanto tempo. Veja a primeira aparição de Tilda Johnson no teaser de Pantera Negra!", escreveu ela em sua conta no Twitter. Nabiyah nasceu em Salvador, mas mora em Nova York. Com lançamento previsto para fevereiro de 2018, o filme dirigido por Ryan Coogler conta ainda com Chadwick Boseman, Michael B. Jordan, Lupita Nyong'o, Danai Gurira, Forest Whitaker, Daniel Kaluuya, Martin Freeman, Angela Bassett, Sterling K. Brown e Andy Serkis no elenco.
Confira o trailer do filme:
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Pérolas do Dia
Jaques Wagner
"Recebi notícias de que Alcolumbre estava chateado comigo ou rompido comigo. Confesso que não sei o motivo. Sempre tentei colaborar com ele. Nesse episódio agora do Messias, houve uma chateação, mas foi uma escolha do presidente [Lula]. Eu nunca faltei com a verdade nem com o Rodrigo Pacheco, nem com Davi".
Disse o senador Jaques Wagner (PT) ao comentar sua relação com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União). Em entrevista à GloboNews, Wagner afirmou que soube que o senador estaria “chateado” com ele, mas disse desconhecer as razões.