Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias
Você está em:
/
Artigo

Artigo

Putin, à sombra dos tsares

Por Ipojucã Cabral

Putin, à sombra dos tsares
Foto: Divulgação

Talvez um dos mais emblemáticos desafios dos tempos turbulentos que o mundo vive no presente seja decifrar o núcleo – ou o que está por trás – da mente de Vladimir Putin, o todo poderoso autocrata russo que esconde seus planos de poder absoluto em um rosto tão enigmático e gélido quanto o país-continente que governa. Putin reina em um império de si próprio, usando os mesmos métodos dos tsares da dinastia Romanov com toda a linhagem que começou no início do século XVII, com Miguel I, até Nicolau II – assassinado cruelmente com esposa e filhos em 1918 -, e Stalin.

 

Nas mãos e na cabeça de Putin, como quase ocorreu com Hitler, pode ser decidido o destino da Humanidade. Quando o fuhrer ensaiou seus primeiros passos rumo ao poder e, após conquistá-lo no início dos anos 30 do século passado, poucos – entre eles Einstein – já percebiam ali o ovo de serpente em avançado estágio de desenvolvimento. A II Grande Guerra era questão de tempo.

 

Churchill, o icônico primeiro-ministro inglês, foi um dos poucos que anteviu a tragédia anunciada. Antes mesmo da invasão a Checoslováquia e a Polônia, o líder inglês (ele só seria eleito primeiro ministro um pouco depois) já alertava o mundo de que o fuhrer queria transformar a Europa em uma Alemanha branca, que dominaria milhões de pessoas sob a sombria ideologia nazi-fascista.

 

Putin sonha com um império tão gigantesco como o foi o da sua Mãe Rússia nos 300 anos de dinastia Romanov, e ainda mais forte e poderoso se comparado ao império soviético. A invasão a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, abriu caminho não apenas para o início da ambição do autocrata russo em ocupar um país soberano, mas que ele quer ter como seu, mas – o que é mais preocupante – um sinal para o Ocidente. O sinal é claro e ameaçador. Na visão dos estrategistas do Kremlin, pouco importa a reação da Otan e outras democracias no mundo. Vale para o império russo a determinação de retomada do poderio que a União Soviética impôs ao longo de mais de 60 anos do século passado.

 

Os sinais de dissuasão do governo autocrata russo vão muito além de um simples blefe, ultrapassam os limites de tudo que a História registra até os dias de hoje. A diferença monumental é que, ao invés dos cavalos e artilharia das guerras napoleônicas, as trincheiras da I Grande Guerra e os poderosos tanques e a aviação nazista da II Guerra Mundial, estaremos diante de um assombroso arsenal nuclear inteiramente à disposição de um único ser humano, ou melhor, um não-ser, que poderá levar a humanidade, ou o que sobrar dela, de volta às cavernas.

 

*Ipojucã Cabral é jornalista

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias