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Resenha BN: Som de Zilda em 'tudo o que é bonito é pra se mostrar'

Por Camilla Brito

Resenha BN: Som de Zilda em 'tudo o que é bonito é pra se mostrar'
Foto: Anderson Zeg
Em 2010, os estudantes de Comunicação, Filosofia, Ciências Sociais e outros cursos com “tendências” alternativas da UFBA ganharam mais um evento para o sábado a noite: um samba quinzenal organizado pelo Coletivo Pirombeira, no fim de linha de São Lázaro (Federação), com entrada gratuita (+ caixinha de contribuição) e um barranco como palco e plateia. Pronto. Nascia assim o Som de Zilda, que em seu terceiro ano parece ter recebido pela primeira vez a presença de alguns convidados “diferenciados”.
 
Apesar de ser frequentado por vários jornalistas – quem vos escreve, inclusive – o evento sempre se manteve sob uma aura de obscuridade. Entenda: não é que estivesse sempre vazio, fraco de público; é cheio o suficiente para encontrar amigos, conhecer algumas gatinhas, circular com maliciosa proximidade dos paqueras no meio do público sem precisar passar horas na fila da cerveja ou do banheiro.
 
Esse equilíbrio talvez tenha sido mantido às custas da pseudo-divulgação da festa. O boca-a-boca prevaleceu sobre as agendas culturais online, notas de rádio ou aparições em televisão. Ainda que perfis abertos em redes sociais deem as coordenadas do mapa do “tesouro”, o clima é de festa fechada.  E “ai” de quem rompesse o círculo restrito e seus convidados.
 
Na última edição do evento, porém, neste sábado (2), um grupo de jovens parou o carro quase em frente à Tenda da Lua, onde acontece a apresentação do Coletivo Pirombeira, e abriu o porta-malas. E em alto e bom prevaleceu o pagode automotivo sobre as melodias do barranco. Mas nada de barraco. O tom de estranheza em momento algum constrangeu quem parecia destoar do ambiente. Mas implantou uma discussão.
 
Ouvi comentários como “é o fim do Som de Zilda”, “não acredito que os caras subiram na traseira da caminhonete e começaram a dançar” e “que drama, ‘deixa’ os caras”. Alguns falaram em “orkutização” e houve quem não tinha notado diferença nenhuma.
 
É natural termos o instinto de proteger aquilo que gostamos, como um último pedaço de bolo que se esconde atrás do pote de feijão na geladeira. Mas, nesse caso, estamos alimentando apenas uma vaidade: a de frequentarmos um evento que, ainda que aberto a todos, é  “cool”, “hype”, ou, em bom português, “descolado”. E essa é uma lógica que nos faz buscar por novos lugares, descobrir novas festas, outros tipos de música, mais pessoas interessantes.
 
Não sei se será o fim do Som de Zilda, ou se numa próxima vez deixarão “os caras” em paz, como aconteceu no sábado, ou ainda se haverá uma próxima vez. Mas como diria o sábio Zacarias Higino de Jesus Filho, mais conhecido como Diumbanda, vocalista da Cia do Pagode, “tudo que é bonito é pra se mostrar”. Confira a apresentação do coletivo Pirombeira: