Em cartaz como 'Maria do Caritó', atriz Lilia Cabral fala sobre personagens marcantes
Por Marília Moreira
Na pele uma solteirona de 50 anos, a atriz Lilia Cabral chega ao Teatro Castro Alves neste fim de semana com o espetáculo “Maria do Caritó”. A peça revela valores, costumes e crendices que permeiam o imaginário popular brasileiro e, em especial, o nordestino. “Caritó” é a expressão que nomeia uma pequena prateleira fixada no alto da parede onde as mulheres costumam esconder das crianças pedaços de fumo ou carretel de linha. Maria é conhecida como “do Caritó” pelo fato de ter ficado na prateleira, esquecida, virgem. Ao sobreviver no parto, em que sua mãe morre, Maria do Caritó foi prometida pelo pai (Fernando Neves) ao Santo Djalminha. O pai e todos os habitantes da cidade acreditam, portanto, que ela é uma santa. “Maria do Caritó é uma heroína que se equilibra no duplo feminino, sacra e profana, virgem e mundana, santa e palhaça, arquétipo-brincalhão de um feminino desdobrado”, descreve o recifense Newton Moreno, autor do texto. Para Lilia Cabral esse o grande trunfo do personagem. A atriz paulista, que não tem nenhum vínculo familiar e mais direto com a cultura nordestina além da admiração, diz que é um prazer dar vida a Maria. “Sempre há uma cobrança maior sobre a mulher quanto ao casamento, mas a peça usa esse recurso para falar da busca pelo amor e felicidade. Isso é atemporal, por isso a personagem é fascinante”, contou Lilia em entrevista ao Bahia Notícias.