'Nenhum negro fez um filme bom como os anteriores', diz Milton Gonçalves sobre o Oscar
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Para o brasileiro Milton Gonçalves, a falta de negros entre os indicados ao Oscar 2016 não é racismo. "A Academia não é racista. Existe preconceito nos Estados Unidos? Claro, como existe em qualquer lugar. Se nenhum negro foi premiado, é porque nenhum negro fez um filme bom como os anteriores fizeram", declarou o ator ao Timeline Gaúcha, nesta quinta-feira (21). Na entrevista, Gonçalves ainda contou uma situação de preconceito que sofreu em uma cafeteria norte-americana. "Pedi um sanduíche para uma loirona. Parecia uma barata branca. Eu pedi a ela, educadamente. Ela me olhou e chamou uma negra para me atender", lembrou.
Com o diretor Spike Lee e o casal de atores Will Smith e Jada Pinketh-Smith decididos a não prestigiar a premiação como forma de protesto (confira aqui e aqui), o debate sobre a falta de diversidade em Hollywood se intensificou. Para a atriz britânica Charlotte Rampling, o movimento iniciado por Lee é "racista contra os brancos". "Não dá para saber, mas talvez alguns atores negros não merecessem estar na reta final", declarou a atriz à rádio francesa Europe 1. Charlotte já foi indicada ao Oscar de "Melhor Atriz" pelo filme "45 anos".
Por outro lado, outros representantes da classe artística reconhecem a questão racial. "O problema não é com o Oscar", declarou Viola Davies, duas vezes indicada ao Oscar. "O problema é com o sistema de produção de filmes de Hollywood", explicou. A atriz também não vai à cerimônia, mas por que estará viajando.
Viola Davies com seu primeiro Emmy Awards, em 2015 | Foto: Reprodução/ Daily Mail
"Quantos filmes para negros estão sendo produzidos todo ano? Como estão sendo distribuídos? Os filmes estão sendo feitos, as grandes produtoras estão pensando fora da caixa sobre como escalar um elenco?", questionou. No último ano, Viola se consagrou a primeira mulher negra eleita "Melhor Atriz" pelo Emmy Awards, maior premiação da televisão americana. A atriz protagoniza a série "How To Get Away With Murder". "O problema nem está nos nossos pagamentos. Você poderia listar as principais atrizes negras por aí e elas provavelmente não ganham o que as principais atrizes brancas ganham em um filme. Esse é o problema. Você pode mudar a Academia, mas se não existem filmes para negros sendo produzidos, o que há para se votar?", concluiu.
Quanto ao apresentador do ano, o comediante Chris Rock, comparecer ou não, Viola defende que é ele quem deve decidir. "Mas se ele for, eu espero que ele tome como uma oportunidade para fazer um discurso, um discurso social sobre mudança. É 2016", destacou.