Em comemoração aos 60 anos, Escola de Teatro da UFBA estreia 'Romeu e Julieta'

É difícil encontrar alguém que nunca tenha escutado falar sobre o caso de amor proibido dos jovens Romeu e Julieta, pois o trágico romance Shakespeariano está no inserido no inconsciente coletivo brasileiro. Porém, a mesma história com ares soteropolitanos é novidade. Este é o ponto de partida da montagem da Companhia de Teatro da Universidade Federal da Bahia que estreou nesta segunda-feira (13), como marco inicial da comemoração dos 60 anos de inauguração da Escola de Teatro da UFBA. Dirigido por Harildo Deda, que possui mais de 50 anos de trabalho dedicados ao teatro, e motivada pelos 400 anos da morte de Shakespeare, a montagem com 3h de duração apresenta, além do romance impossível, as contradições de Salvador, com suas tensões sociais, raciais e culturais. “Montar uma peça como esta é importante. Apesar das inúmeras versões que existem, busquei apenas trazer para nossa realidade", explica Deda. 

No palco, 30 atores, entre estudantes da Escola de Teatro selecionados através de uma audição pública interna, iniciada através de uma oficina, ministrada por Deda e atores mais experientes convidados, com destaque para a "Ama" de Sonia Rangel. O ponto alto do espetáculo é a interpretação forte e carismática que a atriz conseguiu imprimir para a criada da família de Julieta.  Mesmo com o texto original do Skakespeare, a peça apresenta pequenos "cacos" contemporâneos que aliviam algumas falas de personagens burocráticos.  A trilha sonora inspirada e coreografias dinâmicas conseguem dialogar bem com a tentativa de inserção do enredo no universo baiano. O casal de protagonistas coube aos jovens Valéria Fonseca e Fernando Santana. “A peça é um presente. Traz a necessidade que a gente tem de falar do amor; mostra que a vida vai além do subúrbio e da burguesia. Só tenho a agradecer o Arildo, pois é muito fundamental no atual tempo que vivemos", comenta Fonseca.  

Por se tratar da noite de estreia, muitas personalidade estiveram presentes, a exemplo do Reitor da Universidade Federal da Bahia, professor João Carlos Salles, "Ver Shakespeare é sempre uma maravilha, pois é um patrimônio da humanidade. Ele continua sempre atual. Porém, é importante lembrar que comemorar os 60 anos da Escola de Teatro, juntamente com os 70 da UFBA, começa forte, justamente, porque associa as diversas áreas do conhecimento, unindo as ciências com as artes de uma maneira bastante singular e de vanguarda. É uma felicidade estar aqui celebrando o aniversário da Escola de Teatro", pontua o Reitor. O ator baiano Marcelo Flores, famoso por papéis em novelas da Globo, especialmente em "Amor à Vida", em que viveu o engraçado "filósofo" Rinaldo Silva, também acompanhou a apresentação, "Essa adaptação tem uma importância imensurável,  pois são muitos valores. Primeiro, por ser um clássico que nunca havia sido montado na Bahia e depois porque vemos se cumprir um objetivo da Escola de Teatro que é fazer uma montagem de altissimo nível com atores profissionais e professores, misturado com alunos como protagonistas em papéis tão complexos. É muito emocionante; é uma alegria; uma montagem que dialoga com nosso tempo", finaliza.