Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Jornal narra empreitada para apagar Kevin Spacey de ‘Todo o Dinheiro do Mundo’

Jornal narra empreitada para apagar Kevin Spacey de ‘Todo o Dinheiro do Mundo’
Foto: Divulgação

Após diversas acusações de assédio sexual, Kevin Spacey, que seria protagonista do longa-metragem “Todo o Dinheiro do Mundo”, acabou sendo apagado da produção, pouco mais de um mês antes da estreia (clique aqui). O que nem todo mundo sabe é como foi a empreitada inédita, que recentemente foi relatada por Brooks Barnes, do New Work Times. “O sol estava se pondo no dia 7 de novembro quando Christopher Plummer chegou a um hotel de Manhattan para uma reunião secreta. Ridley Scott tinha um pedido urgente: será que Plummer ajudaria a expiar Kevin Spacey, caído em desgraça, de seu mais recente filme? Detalhe: a estreia do longa-metragem estava marcada para dali a seis semanas”, escreveu Barnes, sobre o contexto do trabalho dificílimo que viria a ser realizado, com a refilmagem de 22 cenas do filme. “’Admiro muito seu trabalho, mas ainda não li o roteiro’, disse Plummer, 88, ao diretor Scott, 80. Já na manhã seguinte, Plummer tinha concordado em substituir Spacey como o avô da família Getty. Nas palavras dele, ‘era uma oportunidade boa demais para deixar passar’”, assim descreveu o jornalista os momentos que precederam o feito nunca antes visto em Hollywood: “Scott e sua equipe trabalharam 18 horas por dia na corrida para completar em nove dias aquilo que geralmente consumiria um mês, no mínimo”, relatou.


Barnes relembra que antes do caso em questão, quando outros abalaram Hollywood, as empresas cancelaram ou atrasaram lançamentos de filmes ligados a acusados de assédio. O caso de “Todo o Dinheiro do Mundo” era mais complicado, já que o trailer já estava até passando nos cinemas. “A Sony e a Imperative Entertainment, produtoras do filme, realizaram uma série de reuniões de emergência a partir de 30 de outubro, um dia depois de Spacey pedir desculpas por ter se insinuado sexualmente ao ator Anthony Rapp em 1986, quando este tinha 14 anos. Conforme aumentava o número de homens fazendo a mesma denúncia, houve quem prometesse boicotar o lançamento de ‘Todo o Dinheiro do Mundo’. Naquela altura, a pré-estreia do filme estava marcada para dali a duas semanas”, conta o jornalista, lembrando que após o incidente, a Sony, que apostava em Spacey para o sucesso do filme, decidiu que ele teria papel secundário, mas logo isso também mudou.


“Alguns dias mais tarde, dois dos produtores do filme, Dan Friedkin e Bradley Thomas, disseram a Thomas E. Rothman, que comanda as operações cinematográficas da Sony, que não deixasse os erros de uma pessoa prejudicarem um filme que era resultado do trabalho de mais de 800 pessoas. Eles apresentaram uma ideia que tinha sido debatida anteriormente com Scott: e se Spacey fosse substituído? ‘Teoricamente, seria fantástico’, respondeu Rothman. ‘Mas já supervisionei a produção de 450 filmes na minha carreira, e o que vocês estão propondo é impossível. Não há tempo suficiente’”, relata Brooks Barnes. “Os produtores concordaram que a jogada era arriscada. O custo seria de aproximadamente US$ 10 milhões, aumentando o orçamento total da produção para mais de US$ 50 milhões. Mas impossível? Não com Scott na direção, insistiu Friedkin”, acrescentou. 


O jornalista conta ainda que o diretor convenceu Plummer a assumir o papel, e disse nunca ter entrado em contato com Spacey para comentar o caso ou informa-lo da substituição, já que o contrato não proibia. “Ele trouxe Wahlberg e Michelle Williams de volta. A produção de ‘Todo o Dinheiro do Mundo’ foi retomada em 20 de novembro em Londres, mudando-se para Roma alguns dias mais tarde”, relatou, lembrando que como as cenas originais foram rodadas em locação, eles não precisaram reconstruir qualquer set, poupando tempo. “E a idade de Plummer se aproxima mais daquela do personagem, possibilitando que as próteses faciais e a pesada maquiagem usadas por Spacey fossem dispensadas. Conforme as sequências eram filmadas, as imagens eram enviadas digitalmente para a montadora do filme, Claire Simpson, que já encaixava as cenas no devido lugar. À noite, Scott fazia os ajustes”, conta Brooks Barnes, lembrando que os jurados do Globo de Ouro, que viram uma versão inacabada do filme, acabaram indicando Plummer como Melhor Ator Coadjuvante, mencionando ainda a a atuação de Michelle Williams e direção de Scott, que disse ter achado ótima a mudança: “A interpretação de Kevin era mais fria. Christopher é muito charmoso, sabe sorrir e piscar, algo que faz esse personagem frio e lógico parecer ainda mais perigoso”.