O projeto C, que transferiu suas atividades para o ambiente virtual durante a pandemia do novo coronav&iacute;rus, debater&aacute; a independ&ecirc;ncia da Bahia em sua pr&oacute;xima edi&ccedil;&atilde;o, na pr&oacute;xima ter&ccedil;a-feira (30).

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O encontro acontecer&aacute; a partir das 16h, no canal do Youtube da Funda&ccedil;&atilde;o Pedro Calmon (FPC). O bate-papo ser&aacute; comandado pelo diretor do Centro de Mem&oacute;ria da Bahia (CMB), Walter Silva, que conversar&aacute; com S&eacute;rgio Guerra Filho.&nbsp;

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O convidado &eacute; professor adjunto da Universidade Federal do Rec&ocirc;ncavo da Bahia, atuando na Licenciatura em Hist&oacute;ria e no Mestrado Profissional em Hist&oacute;ria da &Aacute;frica, da Di&aacute;spora e dos Povos Ind&iacute;genas. Ele &eacute; licenciado em Hist&oacute;ria pela Universidade Cat&oacute;lica do Salvador (1997) e Mestre (2004) e Doutor (2015) em Hist&oacute;ria Social pela Universidade Federal da Bahia. Tem experi&ecirc;ncia na &aacute;rea de Hist&oacute;ria, com &ecirc;nfase em Hist&oacute;ria Regional do Brasil e Ensino de Hist&oacute;ria, e coordena o Subprojeto Hist&oacute;ria do Programa Resid&ecirc;ncia Pedag&oacute;gica da UFRB.

O filme &ldquo;1798: Revolta dos B&uacute;zios&rdquo; ser&aacute; exibido nos munic&iacute;pios de Xique-Xique, Ponto Novo e Sim&otilde;es Filho com o objetivo de dinamizar a cultura em escolas p&uacute;blicas da rede de ensino.&nbsp;

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As exibi&ccedil;&otilde;es acontecem nesta quarta-feira (13), no Col&eacute;gio Modelo Luiz Eduardo Magalh&atilde;es, em Xique-Xique, e no domingo (17), no Centro Educacional Santo Ant&ocirc;nio, em Sim&otilde;es Filho, e no Col&eacute;gio estadual Jo&atilde;o Durval Carneiro, em Ponto Novo, a 328 km de Salvador. A a&ccedil;&atilde;o faz parte do projeto Escolas Culturais.

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O longa-metragem &ldquo;1798: Revolta dos B&uacute;zios&rdquo;, do diretor Antonio Olavo, conta a hist&oacute;ria do levante dos negros baianos que marcou o importante epis&oacute;dio de luta pela independ&ecirc;ncia e pelo fim da escravid&atilde;o.&nbsp;

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Em Sim&otilde;es Filho, na Regi&atilde;o Metropolitana de Salvador (RMS), ser&atilde;o beneficiadas as comunidades de Palmares e do Il&ecirc; &Agrave;se Oj&uacute; Yaomin. No munic&iacute;pio de Ponto Novo, que contar&aacute; com um Cinema Intinerante, as comunidades de V&aacute;rzea da Pedra e Reforma. J&aacute; em Xique-Xique, na regi&atilde;o do Vale do Rio S&atilde;o Francisco, a comunidade local ter&aacute; acesso &agrave; produ&ccedil;&atilde;o baiana.

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A iniciativa coordenada pela Diretoria de Audiovisual (Dimas), da Funda&ccedil;&atilde;o Cultural do Estado da Bahia (Funceb), &oacute;rg&atilde;o da SecultBA, pretende difundir a produ&ccedil;&atilde;o baiana no segmento, ampliar o acesso e estimular reflex&otilde;es e di&aacute;logos em torno de temas relevantes da agenda contempor&acirc;nea a partir da perspectiva audiovisual.&nbsp;

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A ideia &eacute; consolidar uma pol&iacute;tica de acesso ao cinema atrav&eacute;s da constitui&ccedil;&atilde;o de pontos gratuitos voltados para exibi&ccedil;&atilde;o de obras brasileiras, em especial, baianas. A SeculltBA tamb&eacute;m est&aacute; distribuindo kits entre as Escolas Culturais, com 18 DVDs e cerca de 37 filmes brasileiros, para comunidades em 27 Territ&oacute;rios de Identidade da Bahia.&nbsp;

A Revolta dos B&uacute;zios, cujos 220 anos foram celebrados como tema do Carnaval do governo do Estado este ano, seguir&aacute; sendo lembrada ao longo de 2018. Zulu Ara&uacute;jo, diretor geral da Funda&ccedil;&atilde;o Pedro Calmon (FPC), revelou ao Bahia Not&iacute;cias que a institui&ccedil;&atilde;o na qual atua, junto com outras dez entidades culturais e educacionais&nbsp;como Ufba, Uneb e a Secretaria de Cultura, formam uma comiss&atilde;o que organiza uma s&eacute;rie de eventos e a&ccedil;&otilde;es para celebrar o movimento protagonizado pelos baianos entre 1798 e 1799, tamb&eacute;m conhecido como Conjura&ccedil;&atilde;o Baiana e Revolta dos Alfaiates. &ldquo;Primeiro, a gente vai relan&ccedil;ar atualizado o dossi&ecirc; sobre a morte deles quatro [os soldados Luiz Gonzaga e Lucas Dantas e os alfaiates Jo&atilde;o de Deus e Manoel Faustino, m&aacute;rtires da Revolta dos B&uacute;zios]. S&atilde;o dois dossi&ecirc;s absolutamente precisos sobre as atrocidades que foram cometidas&rdquo;, contou Zulu, lembrando que os her&oacute;is foram punidos com a morte, n&atilde;o s&oacute; pela revolta, mas pelos ideais que pregavam. &ldquo;Igualdade, liberdade e fraternidade n&atilde;o eram ideais de negros apenas, tanto &eacute; que o s&iacute;mbolo da bandeira deles era &lsquo;Apare&ccedil;a, n&atilde;o se esconda&rsquo;. Ou seja, eles defendiam sal&aacute;rios iguais, defendiam a aboli&ccedil;&atilde;o da escravatura, e defendiam a independ&ecirc;ncia do Brasil de Portugal&rdquo;, contextualizou, lembrando que o lan&ccedil;amento dos dossi&ecirc;s deixar&aacute; explicita a &ldquo;crueldade do sistema colonial brasileiro&rdquo;, j&aacute; que a puni&ccedil;&atilde;o exemplar incluiu enforcamento, esquartejamento, exposi&ccedil;&atilde;o dos corpos em pra&ccedil;a p&uacute;blica durante uma semana, al&eacute;m de amaldi&ccedil;oar os descendentes dos m&aacute;rtires, at&eacute; sua terceira gera&ccedil;&atilde;o.

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<img alt="" src="/fotos/entretenimento_noticias/30820/mg/revolta.jpg" style="width: 400px; height: 240px;" /> 
Os her&oacute;is da Revolta dos B&uacute;zios foram enforcados, esquartejados e expostos em pra&ccedil;a p&uacute;blica | Foto: Divulga&ccedil;&atilde;o

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Zulu conta ainda que em agosto haver&aacute; uma grande performance na Pra&ccedil;a da Piedade, remontando as lutas e seus cen&aacute;rios. &ldquo;As ruas de nosso Centro Hist&oacute;rico funcionavam como um corredor da morte. Voc&ecirc; julgava e prendia na Casa de C&acirc;mara e Cadeia, que &eacute; a C&acirc;mara Municipal; passava pela rua Chile hoje, mas que chamava a rua do Tira Chap&eacute;u; entrava na rua do Cabe&ccedil;a, que tinha esse nome porque ali as pessoas iam perder a cabe&ccedil;a, ser degoladas; passavam a noite no Largo dos Aflitos, que era o local onde eles espiavam suas culpas antes de no outro dia de manh&atilde; ir para a Pra&ccedil;a da Piedade. E passava por onde na Pra&ccedil;a da Piedade? Pela rua da Forca, aqueles que iam ser enforcados&rdquo;, lembra o diretor da Funda&ccedil;&atilde;o Pedro Calmon, destacando como motivo das a&ccedil;&otilde;es&nbsp;o &ldquo;apagamento hist&oacute;rico&rdquo; de tais acontecimentos. &ldquo;A col&ocirc;nia portuguesa e a elite baiana fizeram quest&atilde;o de apagar isso da hist&oacute;ria baiana e do Brasil. Porque na verdade essa luta daqui foi mais importante que a Inconfid&ecirc;ncia Mineira, que era uma luta de comerciantes com rela&ccedil;&atilde;o ao reino de Portugal. A Revolta dos B&uacute;zios n&atilde;o, era uma luta pelos ideais da Revolu&ccedil;&atilde;o Francesa&rdquo;, argumenta.&nbsp;

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Al&eacute;m do relan&ccedil;amento dos dossi&ecirc;s e da performance, o movimento ganhar&aacute; um memorial na Assembleia Legislativa da Bahia. &ldquo;Eles [os her&oacute;is da Revolta dos B&uacute;zios] na verdade representaram os primeiros deputados da Bahia, os primeiros representantes do nosso povo. Naquela &eacute;poca eles j&aacute; falavam como parlamentares&rdquo;, explica Zulu. E para atrair os mais jovens e as crian&ccedil;as para conhecer sua hist&oacute;ria, ser&aacute; lan&ccedil;ado ainda um game sobre esta tem&aacute;tica. &ldquo;Atrav&eacute;s dessa forma l&uacute;dica, eles v&atilde;o poder identificar, saber, conhecer, aquilo que significou a Revolta dos B&uacute;zios&rdquo;, avalia ele, destacando que proposta das entidades envolvidas nestas a&ccedil;&otilde;es n&atilde;o &eacute; apenas falar do passado. &ldquo;N&oacute;s queremos deixar muito claro que n&atilde;o somos saudosistas, n&atilde;o estamos querendo celebrar a dor e o sofrimento, isso a&iacute; &eacute; parte da nossa hist&oacute;ria. N&oacute;s queremos celebrar o presente. E o presente diz o seguinte: se assassina no Brasil hoje mais de 30 mil jovens negros. Ou seja, a falta de respeito pela vida continua presente e a gente mata mais gente hoje no Brasil do que em uma guerra - e mais negros, sem d&uacute;vida nenhuma.&nbsp;S&atilde;o 77,8%&rdquo;, denuncia Zulu, criticando a naturaliza&ccedil;&atilde;o do assassinato de negros e a como&ccedil;&atilde;o seletiva diante da morte, que &eacute; diferente para v&iacute;timas brancas e de classe m&eacute;dia. &ldquo;Se morre na favela todo final de semana 30, e n&atilde;o h&aacute; nenhuma como&ccedil;&atilde;o. &Eacute; como se n&atilde;o fosse gente. Ent&atilde;o o que n&oacute;s estamos querendo chamar a aten&ccedil;&atilde;o &eacute; disso, a revaloriza&ccedil;&atilde;o da vida. &Eacute; preciso que a gente entenda que os seres humanos, independente da cor da pele, todos eles s&atilde;o seres humanos e esses garotos s&atilde;o nosso futuro&rdquo;, pontua, lembrando que ap&oacute;s muita luta&nbsp;os quatro jovens, Luiz Gonzaga e Lucas Dantas, Jo&atilde;o de Deus e Manoel Faustino, foram reconhecidos e est&atilde;o hoje no pante&atilde;o dos her&oacute;is nacionais, como m&aacute;rtires da Revolta dos B&uacute;zios.&nbsp;

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