Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Sob a perspectiva do afrosurrealismo, curta aborda as subjetividades de pessoas negras

Sob a perspectiva do afrosurrealismo, curta aborda as subjetividades de pessoas negras
Foto: Divulgação

Estreia nesta quinta-feira (10), o curta metragem "Manual como Conter uma Raça Poderosa", às 20h, no YouTube. A obra busca falar sobre o racismo estrutural que imobiliza socialmente as pessoas pretas. A obra estará disponível virtualmente até o próximo dia 17.

 

Um jovem em situação de rua, um artilheiro em vésperas de um grande jogo, uma pessoa não-binária em um linchamento digital e um jornalista na urgência de uma notícia vivem as sombras de seus pensamentos na trama afrosurrealista. 

 

Criado pelos artistas Marcelo Ricardo e Vagner Jesus, o manual é o fio condutor que emaranha as histórias em cena, e retrata o tensionamentos atuais que afetam pessoas pretas diversas. 

 

"Este é um projeto ousado, em que me desafio a experimentar ser mais de um, dentro e fora de cena", conta Vagner de Jesus, que já trabalhou em espetáculos do Bando de Teatro Olodum como 'Ó Pai, Ó!', 'Áfricas' e  'Êrê'.  

 

A obra percorre por estratégias que interdita pessoas negras subjetivamente chamando atenção para as operações truculentas que detém e exterminam tal grupo baseado no racismo que estrutura a sociedade. 

 

O material põe em reflexões situações diárias, como a de George Floyd, assassinado sob os joelhos de um policial em praça pública em Minneapolis (EUA), e o de João Alberto Silveira de Freitas, morto por seguranças no Carrefour, em Porto Alegre.  

 

"Estamos falando dentro da obra do que realmente nos afeta no mundo fora. São corpos diversos em situações distintas, que sofrem do mesmo mal: o racismo estrutural", ressalta Vagner. As quatro cenas ressaltam o tom de denúncia, mas não se encerra sem propor uma contranarrativa sobre as movimentações políticas de pessoas negras.

 

O curta une teatro, dança, audiovisual e artes visuais. Para a construção, os artistas se apropriam da estética do afrosurrealismo, em que o sonho, a alucinação e o subconsciente protagonizado por pessoas pretas dão o ritmo de suspense a obra. 

 

“O manual é uma metáfora para pensar no conjunto de imagens que se sobrepõe às subjetividades de pessoas negras da diáspora”, diz Marcelo Ricardo, que roteiriza e co-dirige a produção com o ator.  “Nosso interesse é se aprofundar num subconsciente que é coletivo, ameaçado e que nos retira a possibilidade de pensar saídas, mas que ainda assim, nos dar formas de reagir”, explica a o roteirista.