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Marca Bahia Notícias

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Baiano sobe ao palco do TCA como protagonista do espetáculo de dança Romeu e Julieta

Por Jamile Amine

Baiano sobe ao palco do TCA como protagonista do espetáculo de dança Romeu e Julieta
Foto: Reprodução / Facebook
Nielson Souza tem 24 anos, nasceu em Salvador, e hoje é bailarino profissional da São Paulo Companhia de Dança (SPCD). Ele é protagonista do espetáculo Romeu e Julieta, que será apresentado neste final de semana no palco principal do Teatro Castro Alves e conta com a participação de outro baiano, Lucas Valente, como Frei Lourenço.
 

Nielson Souza tem 24 anos e dança desde os dez / Foto: Silvia Machado
 
O contato dele com a dança foi aos dez anos, quando ainda estava na escola. “Apareceu a professora de educação física, Rita França, que resolveu fazer um grupo de dança e perguntou se eu tinha interesse”, conta Nielson, que em uma apresentação do grupo no colégio foi descoberto por uma bailarina da Escola de Dança Ebateca. “Ela estava assistindo na plateia, gostou, e foi falar com a professora para ver se eu tinha interesse de estudar lá. Fiz o teste e, em 2003, como não é muito fácil encontrar menino para dançar, acabei ganhando uma bolsa integral para estudar na Ebateca”, explica o bailarino baiano. Depois de três anos, em 2006, surgiu uma grande oportunidade. A escola Bolshoi esteve em Salvador e Nielson foi inscrito para uma audição, por Ana Clara Sampaio, sua professora de balé na época. Ele passou e precisou se mudar para Joinville (SC), onde está situada a única sede da famosa escola de dança fora da Rússia. A mudança foi difícil, era a primeira vez que o rapaz saía de casa. “Foi complicado me adaptar do calor da Bahia para o frio do sul, mas como eu tinha o foco de estudar balé, isso não me atrapalhou”, relembra. Durante duas semanas ele teve a companhia do pai, o sargento de exército Marivaldo. Depois disso, ficou alojado no que chamam de “Casa do Balé”, onde bailarinos de outros estados eram recebidos e viviam com uma mãe social.
 

O jovem bailarino estudou um ano e meio no Bolshoi / Foto: Reprodução/Facebook
 
Com um ano e meio de aprendizado, inclusive tendo uma aula com o seu maior ídolo, o dançarino russo Mikhail Baryshnikov, Nielson já se sentia preparado para o mercado de trabalho e, por isso, resolveu deixar o Bolshoi. “Resolvi arriscar audições pra ser bailarino profissional em alguma companhia. Na época que eu estudava não tinha a Companhia de Dança do Bolshoi, e ia terminar o curso e ficar por isso mesmo”, conta. A SPCD estava abrindo naquele ano, em 2008, quando Nielson fez a primeira audição e não passou. Em seguida ele teve a oportunidade de voltar a Salvador, através do convite do professor Matias Santiago, com quem já havia tido aulas. “Ele estava abrindo a companhia independente Balé Jovem de Salvador, entrou em contato comigo e eu aceitei fazer parte do grupo, então retornei à Bahia”, explica Nielson. “Com a companhia me apresentei bastante, foi o momento que amadureci como bailarino para enfrentar a carreira”, completa.
 
Nielson Souza e o colega Diego de Paula antes da aula na SPCD
 
Em 2009, surgiu outra oportunidade para entrar na SPCD, e em 2010, após ser selecionado em uma audição, mudou-se para São Paulo. Mas, dessa vez o processo foi menos complicado. “Agora, mais velho, a gente amadurece. É mais fácil ter consciência do que quer e do que vai fazer. Foi mais tranquila a mudança, estava mais determinado, vi que dava pra viver de dança, então fui mais com cara e coragem. E ainda bem que está tudo dando certo”, diz o bailarino baiano, que na companhia, com repertório variado de dança contemporânea e clássica, participou de espetáculos que têm coreografias mundialmente famosas. “Para mim qualquer apresentação que participei na Cia. é muito importante, porque são coreografias que foram dançadas no mundo todo. Mas, nada vai se comparar a esse momento agora. É de uma grandeza muito especial, porque muita gente me conhece aqui, viu minha batalha para conquistar as coisas e me apoiou. Então, voltar e mostrar que consegui chegar onde imaginaram e desejaram que eu estivesse, tem um valor bem diferente e especial”, explica Nielson, comparando sua rotina dentro da SPCD, com a oportunidade de protagonizar o clássico Romeu e Julieta no palco principal do TCA, em sua terra natal. Será a primeira vez que a montagem será apresentada fora de São Paulo. Depois de passar por Salvador, o grupo voltará à capital paulista, onde o espetáculo será apresentado, junto com outros trabalhos da companhia, em novembro.
 

Nielson interpreta Romeu, ao lado da bailarina Aline Campos
 
Por agora, Nielson, que já está em Salvador, aproveita para rever a família e amigos, enquanto se prepara para subir ao mais importante palco do estado e mostrar que o baiano tem um tempero diferente. “Está sendo muito mágico. Sou muito pé no chão, então, às vezes, não tenho noção da dimensão das coisas, só percebo quando a família ou amigos falam que viram foto ou alguma reportagem em algum lugar, ou falam que vão assistir. É muito gratificante. Ver a felicidade deles é minha felicidade”, conta o baiano, dizendo ainda que a ansiedade é algo normal antes das apresentações. “A gente sempre fica nervoso, mas tem que manter o controle, senão a gente acaba estragando tudo. Até agora não estou ansioso, mas acho que no dia, quando tocar a primeira música, quando estiver pronto para entrar, vou tremer um pouco na base. Mas acho que vai ser diferente, porque vou estar muito entregue, já conheço quem vai estar na plateia, então vai ser um gostinho diferente”, diz o bailarino escolhido pelo diretor e coreógrafo italiano Giovanni Di Palma para encarnar Romeu, na história de amor mais famosa das artes.