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Marca Bahia Notícias

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Dramaturgo baiano estreia em SP peça sob direção de Lázaro Ramos e participação de Fernanda Torres

Por Jamile Amine

Dramaturgo baiano estreia em SP peça sob direção de Lázaro Ramos e participação de Fernanda Torres
Foto: Divulgação
Depois de “Namíbia, Não!”, espetáculo que marcou sua estreia como autor e cujo texto foi vencedor do Prêmio Braskem 2011, o dramaturgo baiano Aldri Anunciação parte para sua segunda parceria com o conterrâneo Lázaro Ramos, que dirige sua segunda peça, “Campo de Batalha”, ao lado de Márcio Meirelles. O espetáculo conta ainda com a participação de Fernanda Torres e estreia em São Paulo, no dia 30 de janeiro. Assim como em seu primeiro trabalho como autor, a nova obra acontece no futuro, em uma realidade hipotética. Aldri a chama de “hiato de guerra”, mais especificamente em uma pausa da Terceira Guerra Mundial, quando dois soldados inimigos se encontram no front, mas não podem se atacar por causa de uma crise que leva à falta de munição, e consequentemente à interrupção da batalha. “O espetáculo acontece na inação. Dois soldados vão desenvolvendo o diálogo e vão percebendo que não se conheciam. A gente hoje em dia às vezes não sabe nem que é nosso inimigo. A gente vai crescendo e ouvindo ‘seu inimigo é aquele ali’, e ai você vai direto para o combate, sem se dar o tempo de entender quem é a pessoa, coisa ou causa. É uma brincadeira, uma crítica a esse modelo e uma proposta para a gente se aproximar cada vez mais dos nossos inimigos institucionalizados para entender se realmente são inimigos ou não”, explica o autor, que também atua no espetáculo, ao lado do ator carioca Rodrigo Santos.

Rodrigo Santos e Aldri Anunciação interpretam soldados inimigos em uma hipotética Terceira Guera Mundial / Foto: Ricardo Simões
 
A escolha de Lázaro Ramos para a direção foi uma conseqüência. “Ele foi um cara que sempre me estimulou a escrever. Nos quatro anos de ‘Namíbia, Não!’ comecei a burilar o novo espetáculo e como a gente estava junto no processo, ele ficou sabendo do mote antes de eu começar a escrever. E já a partir da ideia ele se interessou. À medida que eu ia escrevendo ele ia acompanhando. Ele acompanhou todas as versões,  a parceria foi se moldando naturalmente, no final não tinha como ser outra pessoa. Mas a mas a gente queria também  trabalhar com outras pessoas. A saída foi unir o útil ao agradável, e ai veio Marcio Meirelles, que a gente encara como mestre. Ele já tem ligação muito grande com Lázaro e eu tinha um sonho de trabalhar com ele, então juntou a fome com a vontade de comer”, conta Aldri, responsável pelo convite prontamente aceito por Marcio, mesmo com uma agenda completamente lotada e tendo que conciliar trabalhos em Salvador e os ensaios no Rio de Janeiro, local escolhido para a preparação, por questão de comodidade para a equipe, já que a maioria vive ali.
 
Parceria entre Aldri e Lázaro começou em 'Namíbia, Não!', marcando a estreia deles como autor e diretor, respectivamente  / Foto: Léo de Azevedo
 
Dentre os cariocas envolvidos está a atriz Fernanda Torres, que doa sua voz para representar o “Sistema” e interagir com os dois personagens. “É uma voz que não tem cara, a gente ouve, segue suas regras. O papel dela é vigiar a pausa da guerra e manter a inimizade entre os combatentes, fazendo com que eles mantenham suas posições de inimigo”, explica o autor, que logo ao escrever o texto pensou na atriz para interpretá-la. “Confesso que pensei muito na Fernanda Torres. Lembrava muito dela pelo caráter do trabalho, uma coisa política, crônica do cotidiano, e ela encara isso de forma muito leve, tanto na sua escrita ou no trabalho como atriz ou nas entrevistas. Ela tem uma consciência muito grande do seu papel na sociedade, tem olhar observador muito irônico e leve”, lembra Aldri, que encontrou total apoio dos demais envolvidos no trabalho e fez o convite à atriz, depois de uma intensa troca de e-mails e debates sobre a metáfora da guerra e a ausência de pausas para que a sociedade pense antes de agir. Mesmo com um forte time de baianos, com o próprio Aldri Anunciação, Lázaro Ramos e Márcio Meirelles, a peça estreia no dia 30 de janeiro na capital paulista, por razões contratuais. O espetáculo passou em um edital do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e, por isso, fará a primeira temporada neste espaço em São Paulo e seguirá pelos centros culturais situados no Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, até agosto. Mas o público da Bahia não vai ficar de fora, ainda este ano poderá conferir “Campo de Batalha”. “A proposta é a gente fazer o percurso previsto em contrato. Depois a gente fica livre para fazer outras temporadas em outros estados. E ai o primeiro lugar seria Salvador, já em setembro”, promete Anunciação.