Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Waters diz que Caetano pode ‘estar vendo a política israelense com lentes cor-de-rosa’

Waters diz que Caetano pode ‘estar vendo a política israelense com lentes cor-de-rosa’
Foto: Divulgação
Após posicionamento de Caetano Veloso justificando sua apresentação em Israel, o ex-integrante da banda Pink Floyd, Roger Waters, escreveu uma nova carta para pedir que ele e Gilberto Gil não se apresentem em Tel Aviv no dia 28 de julho. De acordo com a Folha de S. Paulo, a carta foi encaminhada aos brasileiros pelo BDS (sigla que significa "boicote, desinvestimento e sanções”), movimento que luta pelo fim da ocupação israelense nos territórios palestinos.

No documento, Waters agradece a resposta enviada por Caetano, destacando a importância do diálogo. "Obrigado por tomar seu tempo para responder minha carta. Diálogo é realmente importante. Eu vou responder aos pontos que você levantou. Temo que você possa estar vendo a política israelense com lentes cor-de-rosa. O fato é que por muitas décadas, desde a Nakba em 1948, as políticas coloniais e racistas de Israel têm devastado a vida de milhões de Palestinos", disse o músico, que faz ainda críticas ácidas às citações utilizadas por Caetano em sua resposta. "Em sua carta, você diz que Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir acreditavam em Israel antes de morrer. Até pode ser, mas isso foi naquele tempo, talvez à época eles não soubessem, ou não compreendessem, a brutalidade da ocupação das terras palestinas e na subjugação de seu povo. No entanto, eu sei o seguinte, os assoalhos respingados de vinho e café do Café Flores e do Les Deux Magots hoje reverberariam com o som de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir revirando-se em seus túmulos ao ouvirem seus nomes usados em vão e pregados ao mastro da ocupação e opressão do povo palestino", completou.

Waters questionou ainda o ativismo de Caetano, comparando a situação do povo palestino com a dos negros da África do Sul, durante o apartheid. "Caetano, se posso fazer uma pergunta, por que você não rejeitaria a cumplicidade com tamanha injustiça agora, assim como você certamente teria rejeitado o racismo branco contra a população negra da África do Sul, nos anos 80?", indagou o ex-integrante do Pink Floyd.  "Não, Caetano, tocar em Tel Aviv não vai mover o governo israelense ou a maioria dos israelenses nem um centímetro, mas vai ser visto como a sua aprovação tácita ao status quo. Sua presença lá será usada como propaganda pela direita e proverá cobertura e apoio moral às políticas ultrajantemente racistas e ilegais do governo israelense", afirmou o músico. A carta tomou um tom ainda mais dramático."Eu imploro a você para não proceder com sua participação em Tel Aviv, em vez disso, tome a oportunidade de visitar Gaza e a Cisjordânia e ver por você mesmo o que Sartre e de Beauvoir nunca viveram para ver. Eu acredito que sua resolução de tocar em Tel Aviv se dissolverá em um mar de lágrimas e arrependimento", disse Waters. 
Confira a carta completa.