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Em coluna, atriz aponta dificuldades da mulher moderna e rechaça ‘vitimização' do feminismo

Em coluna, atriz aponta dificuldades da mulher moderna e rechaça ‘vitimização' do feminismo
Foto: Divulgação
A atriz e escritora Fernanda Torres tocou em um tema polêmico em sua coluna publicada nesta segunda-feira (22), na Folha de S. Paulo. “No presente, a mulher ainda apanha, ganha menos do que o homem e fechou um contrato social impossível de ser cumprido”, inicia o texto, apontando as dificuldades da mulher moderna, que acumula funções e é, muitas vezes, obrigada a sustentar casa sem o apoio, seja de familiares o mesmo do estado. Fernanda diz ainda que a maternidade interfere muito mais na vida da mulher que a paternidade para o homem, já que “A fragilidade no emprego, a dependência dos cônjuges, a falta de liberdade de ir e vir passa pela incapacidade do feminino de se desapegar das crias”, argumenta a artista, afirmando que os homens dão prioridade à própria agenda, sem pressões que não sejam a própria vontade. Diante desta constatação, ela afirma que embora algumas correntes defendam que tal diferença é cultural, ela acha que é “biológica, carnal, imemorial”.
 
A escritora diz ainda que é a favor da divisão da responsabilidade nos cuidados das crianças e que inveja “o companheirismo dos homens”. A partir dai Fernanda toca em um tema polêmico: “Homem gosta muito de estar com homem. Não me incomoda o machismo, confesso, talvez seja uma nostalgia de infância que carrego. A geração que me criou era formada por machões gloriosos, de Millôr a Miéle, irresistíveis até nos seus preconceitos”, afirma, lembrando que um livro seu foi rejeitado por um editor alemão sob a alegação de ser uma obra machista. “Está certo o editor, eu sou latina, não consigo entrar numa sauna com todo mundo pelado e me manter isenta”, assume a atriz, lembrando que a violência contra a mulher é menor em lugares “onde a igualdade entre os sexos é melhor resolvida” e que sempre ficou incomodada com o olhar repressor dos homens em países mulçumanos. A partir desta ideia, ela afirma que “O Brasil está entre um e outro”.
 
Fernanda cita então sua babá, a quem considera “um avião de mulher”. “Uma mulata mineira chamada Irene que causava furor onde quer que passasse. Eu ia para a escola ouvindo os homens uivando, ganindo, gemendo, nas obras, nas ruas, enquanto ela seguia orgulhosa. Sempre associei esse fenômeno à magia da Irene. O assédio não a diminuía, pelo contrário, era um poder admirável que ela possuía e que nunca cheguei a experimentar”, defendeu Fernanda Torres, destacando sua admiração por mulheres “que não conhecem o medo e são plenas na sua feminilidade”.
 
Para finalizar, a artista afirma: “A vitimização do discurso feminista me irrita mais do que o machismo. Fora as questões práticas e sociais, muitas vezes, a dependência, a aceitação e a sujeição da mulher partem dela mesma. Reclamar do homem é inútil. Só a mulher tem o poder de se livrar das próprias amarras, para se tornar mais mulher do que jamais pensou ser”.