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Estreia de projeto ‘Você é o que lê’ debate processo de escrita em meio às redes sociais

Por Ailma Teixeira

Estreia de projeto ‘Você é o que lê’ debate processo de escrita em meio às redes sociais
Foto: Carla Galrão / Divulgação
“Imagina como Guerra e Paz teria sido escrito se houvesse um celular vibrando nude ali?”, questiona o escritor e diretor Gregório Duvivier, que participou do bate-papo promovido pelo projeto “Você é o que lê”, acompanhado dos autores Maria Ribeiro e Xico Sá. Promovido pela Noarr Cultura e Conteúdo, o projeto estreou com público lotado na noite dessa terça-feira (10), no Teatro Eva Herz. O encontro, que vai passar por outras cinco capitais do país pelos próximos meses, pretende discutir sobre a influência da leitura desde a infância e formação dos autores até a publicação de seus últimos livros.

Entre outras questões, os autores discutiram sobre o contato com os leitores através das mídias sociais e a interferência dessa relação em seus processos criativos. Autodeclarado como um homem sensível, Duvivier admitiu que evita a interação a fim de fugir dos discursos de ódio proferidos em seus perfis e criticou a habitual disposição do “espaço do leitor” nos portais de notícia, que geralmente colocam a crítica ou crônica do autor próxima aos comentários dos leitores. “O lugar do leitor não é o mesmo que do escritor”, pontuou, defendendo que essa aproximação prejudica a leitura. Contrária à tese do amigo, a atriz e diretora Maria usou como exemplo o livro que Carlos Drummond de Andrade escreveu apenas com as críticas negativas do poema “No Meio do Caminho”. Certo de que a reação do público influencia o autor, Sá afirma que muitas frases, brincadeiras são usadas para despertar determinado tipo de reação no leitor . “O livro é a principal vítima desses tempos modernos”, ressalta o jornalista, destacando ainda a concorrência com os aplicativos móveis.


Estreante no gênero com a crônica autobiográfica “38 e meio”, Maria contou que escrever sempre foi sua forma de se colocar no mundo. “O livro é resultado da minha terapia, onde eu fui pegando as situações que vivi e deixando melhor do que foram”, resumiu, bem-humorada. Com o sucesso da primeira publicação, a autora já planeja o lançamento de seu segundo livro “40 cartas e um e-mail que eu nunca mandei”, pela editora Planeta. Já o diretor Duvivier, que chega à sua carta publicação com “Percatempos: Tudo que eu faço quando não sei o que fazer” define o livro como uma “série de achados, na maioria inúteis, do dia a dia”. O livro, que reúne pequenos textos e ilustrações, foi escrito em um período de ócio quando o diretor perdeu seu celular e decidiu experimentar a vida sem o aparelho móvel por um tempo. O jornalista Xico Sá, mais experiente no ramo literário entre os três, conclui uma trilogia iniciada ainda em 2003 com “Os Machos Dançaram”. Para o autor, esse terceiro livro reflete o avanço da sua escrita com o passar dos anos. “É uma autodenúncia do machista que eu fui, mas eu estou melhorando”, analisa. De Salvador, o projeto segue para Recife, Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.