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Marca Bahia Notícias

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Em peça sobre Judas, Carlos Vereza dá 'outra visão sobre um personagem tão estigmatizado'

Por Jamile Amine

Em peça sobre Judas, Carlos Vereza dá 'outra visão sobre um personagem tão estigmatizado'
Foto: Divulgação

Conhecido por suas declarações políticas polêmicas, Carlos Vereza decidiu encarar mais um desafio em seu novo espetáculo, "Iscariotes, a Outra Face". Na montagem, que fica em cartaz nesta sexta-feira (11) e sábado (12), no Teatro Sesc Casa do Comércio, em Salvador, o artista investe em mais um tema controverso. Ele apresenta Judas, que é tido como traidor de Jesus, como sendo o discípulo mais amado por Cristo. “É uma humilde tentativa de fazer com que o espectador tenha uma outra visão, até mesmo para continuar não concordando, mas para ter uma outra visão sobre um personagem tão estigmatizado pela literatura canônica católica há dois mil anos”, explica Vereza, que além de atuar também assina o texto e direção do monólogo.


Para construir argumento e a dramaturgia da peça, o artista se inspirou no evangelho apócrifo de Judas Iscariotes, encontrado em 1978 em uma caverna no Egito e não sancionado pela Igreja Católica. Manifestar opiniões ou proposições que se aproximem da defesa ao que é abominado nas sociedades maniqueístas é um ato de coragem, mas o ator avalia que vale a pena ter sair do senso comum. “Porque não é possível que um ser humano seja a caricatura do mal absoluto, eu sempre desconfio das versões definitivas”, diz Carlos Vereza. “Quando o evangelho dele foi descoberto em 1978 e depois veio a ser divulgado a público, 10 anos após, foi um espanto na cultura geral e teológica aonde ele [o evangelho] dizia que ele [Judas Iscariotes] era o discípulo mais amado de Jesus. A partir daí eu resolvi escrever o monólogo, sem pretensão de que seja uma visão definitiva, mas para dar voz a ele, para apresentar as razões dele”, acrescenta o ator, que apesar de sugerir esse novo olhar para o emblemático personagem da história cristã, contou que não enfrentou nenhum problema ou qualquer tipo de restrição das instituições eclesiásticas.

 


Baseado em evangélho apócrifo, Vereza mostra um Judas leal e amado por Jesus | Foto: Divulgação


Além de apresentar Judas como um fiel apóstolo de Jesus Cristo, o espetáculo traz ainda outras proposições controversas. “Segundo a filosofia da agnose [a quem se atribui a realização do evangélico apócrifo de Judas], as pessoas não precisariam de um intermediário para a sua salvação, desde que elas se descobrissem, tivessem a auto descoberta de seu Cristo interno”, contextualiza Vereza. “Por outro lado, o gnóstico acha que o Deus verdadeiro, generoso, que condena o pecado, mas perdoa o pecador, este Deus generoso não teria criado o planeta Terra. Quem teria criado este planeta de sofrimento, de dor, teria sido um anjo decaído, um Demiurgo, um Deus menor, um Deus coordenador do nosso planeta, mas não Deus generoso”, acrescenta o ator, destacando que de acordo com tal filosofia, este ser supremo “não faria um planeta de tanto sofrimento, de tantas provas e expiações”.

 

SERVIÇO
O QUÊ:
"Iscariotes. A Outra Face – com Carlos Vereza
ONDE: Teatro Sesc Casa do Comércio
QUANDO: 11 e 12 de maio. Sexta-feira, às 21h e sábado, às 20h
VALOR: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia)