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Marca Bahia Notícias

Notícia

Exposição sobre relações homoafetivas é alvo de vandalismo um dia após colagem

Por Ailma Teixeira

Exposição sobre relações homoafetivas é alvo de vandalismo um dia após colagem
Foto: Divulgação

Um dos criadores da exposição fotográfica urbana "É só amor", Luiz Antônio Sena Jr já esperava que a arte provocasse um impacto no público, mas não imaginou que seria tão "afrontoso, de maneira clara e imediata". Um dia após começar a colagem dos painéis, que seguirão um corredor da Av. Carlos Gomes a Praça da Sé, as imagens foram rasgadas e rabiscadas em um ato homofóbico.

 

Parte de um projeto homônimo, a exposição é composta por imagens que abordam situações cotidianas de homoafetividade, a exemplo de um beijo, um abraço ou simples mãos dadas. Além de Sena, as artistas Tina Melo e Mayara Ferrão assinam o trabalho. Ele conta que começaram a expor na noite de segunda-feira (1º), colando três painéis de lambe-lambe. Já na tarde de terça (2), os três haviam sido danificados "no ponto onde as imagens tinham o elo de afetividade".

Foto: Divulgação

 

"Por exemplo, no painel é do beijo, a parte do beijo foi arrancada. Tem um outro painel que é uma sequência de oito imagens. Das oito, sete imagens foram rasgadas também nesse lugar da mão dada ou do abraço e apenas um ficou intacto. Por acaso é o painel que tem o meu rosto, aí, em cima da minha testa escreveram com caneta: 'só bala'", descreveu o artista em contato com o Bahia Notícias.

 

Diante desse quadro, Sena disse que os artistas se viram obrigados a alterar o formato da exposição. Ao invés de colar os outros seis painéis como estava previsto na terça, eles colaram apenas dois e vão acrescentar mais dois hoje. O objetivo é acompanhar a receptividade do público ao longo dos dias.

 

"Isso acabou alterando todo o sentido da exposição. (...) Mas é uma reação, de fato, de ódio, não é nem levemente contrário à homoafetividade, à questão LGBT, é uma ação de ódio porque os rasgos são exatamente nos pontos onde existe o elo de afeto e são rasgos grotescos", ressalta.

 

Até o momento, eles não denunciaram o ato à polícia ou a outro órgão público, mas discutem formas de intervir na intervenção preconceituosa, a fim de destacar a homofobia sofrida por esses grupos.

 

Exposição antes do vandalismo | Foto: Divulgação

 

Contemplado no edital Arte Todo Dia - Ano IV, da Fundação Gregório de Mattos (FGM), o projeto terá ainda outras duas etapas: um show musical, cruzando teatro e música, que deve ser realizado em novembro, e um teatro performático, previsto para ocorrer apenas no ano que vem, após o Carnaval. Já a exposição de lambe-lambe na rua não tem data limite para ocupar o espaço público. “A ideia é que ela tenha seu próprio tempo”, simplifica o artista. Os painéis ficarão expostos à mercê das intervenções climáticas e sociais.