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Marca Bahia Notícias

Notícia

Totalmente em Yorùbá, obra conecta memórias familiares através da ancestralidade africana

Por Jamile Amine

Totalmente em Yorùbá, obra conecta memórias familiares através da ancestralidade africana
Foto: Divulgação / Taylla de Paula

Primeira obra cênica brasileira integralmente em Yorùbá, o espetáculo baiano “QUASEILHAS” estreia nova temporada na próxima quarta-feira (10), às 20h, no Mercado Iaô, situado no bairro da Ribeira, em Salvador. 


A escolha do local, em si, já carrega um pouco da proposta do projeto, que é a de estabelecer conexões a partir das memórias familiares do diretor Diego Pinheiro, vividas em Alagados de Itapagipe e marcadas pela “ancestralidade que está no DNA do povo preto”. “QUASEILHAS é a tradução do latim da palavra península. Como falo de Alagados e Itapagipe, que é uma península, então vem disso. É a faixa de terra que avança, mas não desvincula do continente”, explica o artista, que pretende conectar o público com a ancestralidade afrodiaspórica e, ao mesmo tempo, levar as pessoas para fora do circuito oficial de arte na capital baiana. “Busca estabelecer e renovar conexões em mergulhos profundos, essas memórias que parecem isoladas em uma ilha estão conectadas por algo invisível”, destaca Diego.


O diretor conta que a escolha do Yorùbá se deu porque foi este o idioma falado em seu ambiente doméstico até a geração de sua vó e a montagem busca justamente mostrar que a ancestralidade segue pulsante. “As minhas tias e minha mãe pegaram o idioma mais fragmentado, e a minha geração praticamente não pegou. O idioma era falado de uma maneira crioulada, com algumas palavras em português e eles não chamavam de Yorùbá, minha vó falava 'trocar língua'. Na cabeça dela não existia um nome para o idioma. Então eu decidi que a peça fosse toda em Yorùbá na intenção de me conectar com esse 'trocar língua' da minha família materna”, conta Diego Pinheiro. 


Foto: Guto Muniz


O texto da montagem teve forma a partir de Oríkì’s - literatura oral dos povos Yorùbá’s -, compostos pelo próprio dramaturgo. “O oríkì é uma espécie de identidade em literatura oral que conta a história de um povo, um acontecimento, uma comunidade, uma pessoa, um ancestral, uma família, etc”, explica Diego. No palco, eles servirão de ferramenta para que os performers Laís Machado, Diego Alcantara e Nefertiti Altan – que deram melodia ao texto - contem, de forma não linear, as memórias familiares do autor, através da fala, do canto ou da dança. 


Apesar da forte influência da música no roteiro, Diego destaca que o espetáculo não se trata de um musical. “Não tem nada a ver, por mais que tenha música o tempo inteiro. É outra ideia, da festividade, ritualidade. Não é musical, eu não sei qual seria o gênero, então eu chamo simplesmente de obra cênica”, explica Pinheiro.


A trilha sonora original é composta pelo próprio diretor, os temas melódicos foram criados pelo elenco e os arranjos e harmonização são do maestro Ubiratan Marques, com texturas eletrônicas de André Oliveira (Ubiratan e André também assumem a direção musical). A trilha será executada ao vivo por Sanara Rocha, Mayale Pitanga e Nai Sena. Figurino, maquiagem e cabelos são assinados pela artista Tina Melo. A concepção de luz é de Luiz Guimarães e a concepção videográfica é de Nina La Croix, com execução ao vivo feita pela videomaker Ani Haze.


SERVIÇO
O QUÊ:
“QUASEILHAS” 
QUANDO: 10 de abril a 4 de maio. Quarta, às 20h, e quinta a sábado, às 19h
ONDE: Mercado Iaô – Ribeira – Salvador (BA)
VALOR: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)