Alvim cancela nomeação de servidor da Casa de Rui Barbosa por críticas a Bolsonaro
Após o cientista político Christian Lynch ser indicado pela presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, Letícia Dornelles, na quarta-feira (15), o secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, cancelou a nomeação.
De acordo com informações da coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, Alvim puxou a orelha de Letícia pelas "coisas que ele [Lynch] pensa sobre o governo", visto que o cientista já fez críticas à administração de Jair Bolsonaro, mas no fim chegaram a um consenso. "Ela não sabia. Cancelou a indicação de comum acordo comigo", afirmou o secretário, que tem sido um fiel aliado do presidente para a guinada conservadora. A presidente da instituição chegou a publicar uma foto ao lado de Lynch nas redes sociais para divulgar a nomeação, mas depois apagou.
No Twitter, Roberto Alvim anunciou o recuo. "Christian E. C. Lynch é servidor concursado da Casa de Rui Barbosa desde 2014, o que me impede de dispensá-lo, mas não me impede de manifestar meu absoluto desprezo por suas ideias execráveis sobre Jair Bolsonaro. Já tornei sem efeito sua nomeação para o cargo de confiança na FCRB", escreveu.
Em entrevista à coluna ele explicou que a decisão se deu após ler um artigo publicado em agosto por Christian Lynch, que é especialista em história do pensamento político brasileiro e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), no qual ele afirma que Bolsonaro "veio com um ânimo decidido para fincar raízes na política e na sociedade brasileira, explorando o que ela herdou de pior da colonização: o autoritarismo, o gosto pela hierarquia mantida pela violência, a exploração predatória da natureza, a boçalidade intelectual, o sadismo a respeito dos mais fracos etc.".
"Li o artigo. É completamente falacioso. As ideias dele sobre o presidente são execráveis, mentirosas e manipuladoras. E, portanto, ele não pode compor com o nosso governo como parte da equipe de confiança", disse Alvim. Já Lynch rebateu e afirmou que não será nomeado "por ter, aos olhos do secretário, cometido um crime de opinião".