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Entrevista

"O PDT é independente, não está fechado para nada", diz Félix sobre possíveis entraves locais para federação com o PSB - 20/03/2023

Por Gabriel Lopes

"O PDT é independente, não está fechado para nada", diz Félix sobre possíveis entraves locais para federação com o PSB - 20/03/2023
Félix Mendonça Jr., deputado federal pela Bahia | Foto: Divulgação

Diante das discussões para uma eventual federação entre os partidos PDT e PSB, o deputado federal e presidente do PDT na Bahia, Félix Mendonça Jr., ressalta a posição de "independência" da sua legenda no Estado ao minimizar eventuais entraves para o andamento do processo já que as siglas estão em campos opostos na política local. Ao Bahia Notícias, o parlamentar garantiu que o PDT não está subordinado ao União Brasil ou ao PT, que há 16 anos comanda a Bahia.

 

"Eu digo que o PDT é um partido independente, o PDT não não está fechado para nada. Ele decide por si próprio, com todo respeito aos outros, maiores inclusive. Mas nós não estamos subordinados nem ao União Brasil e nem ao PT. Claro que nós podemos aliar com qualquer um. Hoje estamos aliados com Bruno Reis que a gente acha que é a melhor opção para Salvador, e permanece assim. Não quer dizer que a gente seja subordinado a ele. Agora eu vi na entrevista de Lídice [da Mata, presidente do PSB] que ela disse que não há hipótese de sair do [grupo do] PT, ou seja, de sair do candidato de lá. E isso não existe do lado de cá, a gente analisa porque o PDT não se sente subordinado a ninguém", disse em entrevista na última semana.

 

Ainda no tema federação, Félix avalia que o desenho PSB-PDT não deve vingar até as eleições de 2024. Para ele, a soma de forças entre os dois partidos não é tão importante para as eleições municipais do ano que vem, mas sim para o pleito nacional de 2026.

 

"Eu acho muito difícil acontecer uma federação antes 2024, até 2024. Pode até acontecer após 2024, porque a federação vai ser importante para as eleições nacionais, de governador, deputados, senadores, de 2026. Agora não, agora para eleição de prefeito não será tão importante a federação. Claro que a gente inicialmente pode fazer um grupo, um bloco partidário pra poder atuar junto em Brasília como se fosse uma experiência para a federação. Eu acho importante  porque nós não podemos também ter 30 partidos no Brasil", aponta.

 

Durante a entrevista, o deputado também falou sobre os trabalhos em Brasília, a disputa pela prefeitura de Salvador e o cenário político em Lauro de Freitas. Confira na íntegra abaixo.

 

Félix Mendonça Jr., deputado federal pela Bahia | Foto: Divulgação

 

Como tem sido esse início de legislatura, o início dos trabalhos legislativos em Brasília?

Tem sido um trabalho um pouco demorado, né? Nós estamos aqui em março, no mês de março e as comissões estão começando a serem instaladas agora. Houve um período de negociação e eu espero que agora comece a fluir, porque enquanto isso todos os projetos ficam parados e a produtividade da Câmara fica muito pequena.

 

O que você está preparando de projeto pra esse ano? O que você quer pautar em mais um mandato?

Uma prioridade minha é a educação. Mas nesse mandato eu acho que a gente tem que buscar uma resposta econômica melhor para o Brasil. Ou seja, o porquê dessas taxas de juros estão altas no Brasil, né? A contramão mundial, os Estados Unidos que tem uma semelhança de inflação, as taxas do Brasil são três vezes mais alta. Isso é um fator que influencia toda a economia no país além de gerar um problema sério que mais da metade da arrecadação do Brasil vai pra pagamento da dívida pública. E é corrigida por essas mesmas taxas publicadas pelo Banco Central. Também verificar o sistema tributário, né? Porque é o sistema tributário tem que simplificar. Uma vez eu falei que parecia com manicômio. E realmente parece porque você tem que pagar seus impostos. Mas não precisa ser uma série de coisas para uma empresa estar sujeita a não ter um fiscal e achar alguma coisa. Poderia ser muito mais simples, muito mais prático pra que elas possam ficar em dia com o fisco sempre, sem ficar na dúvida do que vai acontecer. Então tem que ser um sistema simples e não sendo como no Brasil hoje que toda empresa tem que ter um departamento só para atender o Fisco.

 

Atualmente você é o único parlamentar baiano a presidir uma comissão permanente na Câmara dos Deputados. É o caso da Comissão de Desenvolvimento Econômico. Quais são os pontos chave para as discussões esse ano no colegiado, o que Félix quer pautar?

É a Comissão de Desenvolvimento Econômico, então a gente tem as relações internacionais, exportações, importações, também tem a política de benefícios para alguns setores que precisam ser estimulados pra que a produção possa vir, aqui na Bahia por exemplo o setor náutico é um setor muito importante, nós temos uma das maiores baías de todo o mundo e a melhor, posso dizer a melhor Baía para águas calmas, que não são congeladas ou geladas, então tem uma exploração muito grande que não está utilizada ainda. A gente tem que beneficiar pra que a empresa possa instalar aqui tanto a construção de parques e lanchas no transporte, montadoras para vir pra cá. Por exemplo, aqui na Bahia tem evento da montadora chinesa que está podendo produzir os carros elétricos. Na parte tributária, como a gente pode simplificar isso aí e a pecuária nós temos que ver as importações, por exemplo do cacau e todas as necessidades dos agricultores e dos pecuaristas que também são importantes pois eles geram riqueza e mão de obra também.

 

Você também foi reeleito pra essa Frente Parlamentar em Defesa do Cacau no Congresso, uma frente importante para um estado como a Bahia. São mais de 200 deputados e senadores, e queria que você falasse também sobre isso. No ano passado vimos notícias sobre importação ilegal de cacau...

Eu não vou dizer ainda que é importação é ilegal, mas no mínimo elas são duvidosas. Porque para importar de outros países, especialmente Gana e Costa do Marfim, a gente ouve notícias de que tem mão de obra assemelhada a escravos, que utiliza mão de obra infantil. Então, não permitimos e nós não queremos essa mão de obra aqui no Brasil, mas também não podemos importar de países que utilizam dessa mão de obra. Nós temos que estimular os produtores baianos e brasileiros. Porque sem eles a gente não teria nem a Mata Atlântica. Então a gente não pode deixar essa lavoura que já foi tão importante para o Brasil e para a Bahia especialmente ser tratado do jeito que está sendo tratado.

 

Deputado, você é presidente do PDT aqui na Bahia. E temos acompanhado o início das discussões para uma federação entre o seu partido e o PSB. Queria saber qual é a sua postura, opinião, em relação a esse movimento?

Antes de entrar no aspecto da minha opinião sobre isso, eu acho muito difícil acontecer uma federação antes 2024, até 2024. Pode até acontecer após 2024, porque a federação vai ser importante para as eleições nacionais, de governador, deputados, senadores, de 2026. Agora não, agora para eleição de prefeito não será tão importante a federação. Claro que a gente inicialmente pode fazer um grupo, um bloco partidário pra poder atuar junto em Brasília como se fosse uma experiência para a federação. Eu acho importante  porque nós não podemos também ter 30 partidos no Brasil. Você tem alguns partidos como o PDT que são partidos históricos e que devem no final de uns 20, 30 anos afunilar para poucos partidos, no máximo seis no Brasil. Nós temos uma afinidade nacional grande com o PSB, bom relacionamento, divergências vão existir em vários estados, não há como dois partidos não terem divergência, você tem divergência até dentro do próprio partido.

 

Aqui na Bahia, o PSB é presidido pela também deputada Lídice da Mata. Como é sua relação com ela? Já chamou para conversar sobre a equação da federação aqui no Estado?

A relação é ótima, eu tenho uma relação ótima com que Lídice, eu estimulei até que ela fosse candidata, coordenadora da bancada [baiana] e ela acabou sendo a nossa coordenadora até esse ano, que não teve a eleição ainda. Mas a relação com ela é muito boa, apesar de estarmos em campos opostos, ou seja, ela apoiou para a prefeitura de Salvador, a Major Denice. Tem que eleger a pessoa competente, se for negra ótimo, se não for também ótimo, mas que seja uma pessoa competente. Nós colocamos lá Ana Paula como vice, tivemos sucesso nisso aí e hoje a gente está tranquilo com isso.

 

O PSB não participou da federação com o PT, mas faz parte do arco de alianças do governador Jerônimo Rodrigues. Já no município, o PDT está aliado ao grupo do prefeito Bruno Reis e do ex-prefeito ACM Neto. Se a federação avançar, como resolver esse impasse? Há chance de o PDT ser atraído pelos governistas?

Eu digo que o PDT é um partido independente, o PDT não não está fechado para nada. Ele decide por si próprio, com todo respeito aos outros, maiores inclusive. Mas nós não estamos subordinados nem ao União Brasil e nem ao PT. Claro que nós podemos aliar com qualquer um. Hoje estamos aliados com Bruno Reis que a gente acha que é a melhor opção para Salvador, e permanece assim. Não quer dizer que a gente seja subordinado a ele. Agora eu vi na entrevista de Lídice que ela disse que não há hipótese de sair do [grupo do] PT, ou seja, de sair do candidato de lá. E isso não existe do lado de cá, a gente analisa porque o PDT não se sente subordinado a ninguém.

 

Como estão as conversas para as eleições de 2024? Hoje, a vontade do PDT é apoiar a reeleição de Bruno ou uma candidatura própria está em vista?

Hoje o caminho natural é apoiar Bruno. Ana Paula que está lá na vice. Esse é um pensamento meu, pensamento de Leo e da maioria do partido. Nunca é uniforme, mas ainda dentro da divergência a gente espera que todos dentro do partido mesmo opinando de forma contrária, que no final a gente chegue e caminhe juntos, escuta antes mas em seguida que caminhe juntos. Hoje é uma opção natural apoiar Bruno por Ana Paula já estar lá dando sucesso ao trabalho à frente de Salvador. Alias, esse Carnaval que passou foi um belíssimo Carnaval, eles estão todos de parabéns.

 

E caso Ana Paula Matos não seja escolhida por Bruno para uma manutenção na vice?

Não pensei nessa hipótese não. Aí é uma das hipóteses que você começa a mudar o quadro. Estou dizendo que o quadro hoje é esse, então o caminho natural é esse [apoiar a reeleição de Bruno Reis]. Se o quadro for mudando, a gente vai analisando o que se tem para analisar.

 

Temos acompanhado também as movimentações em Lauro de Freitas. A informação é que tem uma disputa interna no partido lá no município, envolvendo o nome do deputado Leo Prates. Ele negou que quer disputar a prefeitura de Lauro e declarou apoio a Mirela Macedo. Já o senhor, endossa o nome da vereadora Debora Regis para esse pleito. Como está essa questão e o PDT vai chegar em 2024 pacificado e unido em torno de uma única candidatura?

Tranquilo, pacificamente. Nós vamos chegar lá completamente unificado, sem dúvida nenhuma. Léo nunca disse que tinha uma tendência de ser candidato em Lauro de Freitas. Ao contrário, se ele fosse candidato seria em Salvador. Aí sim a gente teria um candidato do PDT a prefeito de Salvador. Seria bom. Agora lá em Lauro de Freitas nós temos o Leo, que foi muito bem votado, é o deputado federal mais bem votado em Lauro de Freitas. Por outro lado nós temos Débora Régis que foi a vereadora mais votada do município. Então vamos tentar unir nossas forças todas para sairmos de lá de braços dados rumo à vitória em Lauro de Freitas.

 

E o endosso de Leo ao nome de Mirela já nesse momento?

Mirela primeiro tem que vir para o PDT para ter o apoio do PDT. Depois disso é que se discute o restante. Enquanto ela não estiver no PDT eu não posso discutir o nome dela, o principal objetivo de qualquer partido é ter nome dentro do partido que possa concorrer às eleições.

 

Considerações finais...

Me perguntaram sobre o secretário de Segurança e sobre a segurança na Bahia e eu disse para dar um voto de confiança a ele. Apesar de eu ser oposição... nós somos oposição ao governo, agora o que o governo fizer correto nós estamos aqui para apoiar e aplaudir. E se fizer errado e a segurança daqui a seis meses continuar ruim como está ainda hoje na Bahia nós vamos é bater novamente. Por enquanto o governador fez algumas mudanças, mudou o principal nome da Secretaria de Segurança e com isso aí tem o nosso apoio. É claro que nós queremos uma segurança melhor na Bahia, assim como a gente espera que educação também fique melhor. Então para deixar claro: nós somos oposição na Bahia porque não apoiamos o governo eleito, mas nós não somos aquela oposição que torce para que não dê certo. Ao contrário, nós torcemos pra que dê certo porque será bom para a população baiana.