Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias
Você está em:
/
Entrevistas

Entrevista

“É preciso que população se veja representada”, diz Silvio Humberto sobre ser citado na disputa por prefeitura de Salvador - 27/03/2023

Por Leonardo Costa

“É preciso que população se veja representada”, diz Silvio Humberto sobre ser citado na disputa por prefeitura de Salvador - 27/03/2023
Foto: Paulo Victor Nadal/Bahia Notícias

Em seu terceiro mandato na Câmara de Vereadores de Salvador, o doutor em Economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp-SP) Silvio Humberto (PSB) articula para compor uma chapa para concorrer à prefeitura de Salvador em 2024. Questionado pelo Bahia Notícias sobre a movimentação do partido para as eleições, o edil disse que a sigla deu uma uma boa largada, se referindo a uma reunião que o PSB teve com o PSD, logo após o carnaval, para discutir o futuro da capital baiana.

 

“É o início de uma caminhada para apresentar alternativas, pois você não pode ter uma única visão sobre a cidade. Nós somos partidos importantes, que tem representação nacional e estadual, com figuras importantes. Como partido, nós temos obrigação de apresentar alternativas para os espaços onde nós militamos. A cidade de Salvador é esse espaço. O que eu diria é que nós temos convergências importantes. Eu e o professor Edvaldo Brito convivemos há 10 anos, temos muitas afinidades. Participaram Lídice da Mata e Antonio Brito. Demos uma boa largada”, afirmou o vereador. 

 

Silvio Humberto ainda disse que a inclusão econômica da população negra precisa se tornar real e que o atual modelo administrativo da cidade não viabiliza isso. 

 

“Eu coloquei o meu nome, porque eu entendo que Salvador precisa virar a chave e precisa ter alternância, do ponto de vista de quem tem vivenciado a cidade. Eu tenho colocado que o maior problema hoje é a desigualdade racial, que precisa ser enfrentada dentro de toda a sua dimensão: econômica e sociais. É preciso que a população se veja representada. E eu me coloco para ser uma das alternativas para que o partido possa apresentar à cidade”, disse Humberto. 


 

Em relação às discussões do PDDU [Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano], que é  um dos principais instrumentos de política urbana  e garante a função social das propriedades privadas de uma cidade, Silvio lembrou os encontros de 2016 e pediu mais participação popular.  

 

“O PDDU [Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano] está dependendo de uma discussão, coisa que o prefeito [Bruno Reis] não quer, porque serão colocados em pauta os destinos da cidade. Tem que ser aberto, para que essa ferramenta importante seja de forma participativa. O último não teve a participação necessária, porque as audiências públicas foram sempre pela manhã e isso compromete muito o PDDU. É importante discutir, porque é com o PDDU que você diz minimamente a cidade que queremos”, acrescentou. 

 

Leia a entrevista na íntegra: 

 

Vereador, o senhor tem uma forte ligação com os movimentos negros e teve 15 mil votos na última eleição municipal. Como está a discussão por garantia de direitos da população negra na Câmara?

Nós retomamos os trabalhos em fevereiro, logo após o carnaval, com a formação das comissões. Eu faço parte da Comissão de Reparação e da Comissão de Direitos Humanos, uma é permanente e outra especial. A de Direitos Humanos é presidida pela vereadora Marta Rodrigues. Eu fiz uma sugestão na comissão de Direitos Humanos, pela própria demanda do movimento, que se fizesse uma discussão sobre o racismo nas polícias. Vimos aí esse último caso que vitimou o policial Adson Gomes. Ele foi brutalmente agredido por policiais militares no carnaval de Salvador. Nós queremos debater o uso das câmeras nos uniformes, pois entendemos que isso resguarda o policial e preserva vidas. Nós temos também a demanda das pessoas em situação de rua. É uma luta pela preservação dessas populações que são bastante vulneráveis. Nós seguimos atentos e realizando o que nós podemos fazer. Nós também estamos atentos à educação na primeira infância, que envolve as creches, escolas comunitárias, os programas municipais que envolvem o Pé na Escola. Então, nós estamos atuando junto a Comissão de Educação, que fez um convite ao secretário que nas próximas semanas deve comparecer para explicar aos vereadores do colegiado, inicialmente, e depois isso deve se desdobrar em uma audiência pública, porque envolve os direitos à educação na primeira infância. Não adianta fazer belas obras se não investirmos para que tenhamos educação pública de qualidade. 

 

A deputada federal Lídice da Mata pontuou que as conversas para as eleições de 2024 já começaram e citou o nome do senhor. Há um trabalho para que Silvio Humberto esteja em uma chapa majoritária ou os soteropolitanos terão Silvio Humberto buscando reeleição?

Essa primeira pesquisa mostra o desempenho de Lídice da Mata. É o reconhecimento da população ao seu nome. Apesar de ter quase 30 anos que ela foi prefeita, Lídice tem prestado serviços prestados à cidade de Salvador, sempre em defesa da justiça social, que teve uma marca: a fundação da Cidade Mãe, onde combatemos as desigualdades na cidade. Além disso, tem a contribuição dela na área da cultura. Ela é alguém que tem dado contribuições significativas ao país. Ela citou o meu nome. É uma discussão que nós estamos tendo dentro do partido. Eu tenho me colocado à disposição do partido. São 10 anos como vereador, conhecendo de perto os problemas da nossa cidade, sobretudo essa falta de alternativa econômica, para que Salvador saia desse ciclo vicioso da pobreza. Salvador precisa ter uma sinalização, porque não basta você cuidar das coisas, você precisa investir nas pessoas, garantir minimamente dignidade. Eu coloquei o meu nome, porque eu entendo que Salvador precisa virar a chave e precisa ter alternância, do ponto de vista de quem tem vivenciado a cidade. Eu tenho colocado que o maior problema hoje é a desigualdade racial, que precisa ser enfrentada dentro de toda a sua dimensão: econômica, sociais. É preciso que a população se veja representada. E eu me coloco para ser uma das alternativas para que o partido possa apresentar à cidade. 

 

Foto: Paulo Victor Nadal/Bahia Notícias

 

Houve reunião com o PSD. Mais encontros devem acontecer pensando em 2024?

Foi um primeiro encontro e nós faremos outros. A reunião serviu para saber quais as nossas convergências, como é que pensamos a cidade. O PSD terá um seminário no dia 30 e nós fomos convidados. É um processo. É o início de uma caminhada para apresentar alternativas, pois você não pode ter uma única visão sobre a cidade. Nós somos partidos importantes, que tem representação nacional e estadual, com figuras importantes. Como partido, nós temos obrigação de apresentar alternativas para os espaços onde nós militamos. A cidade de Salvador é esse espaço. O que eu diria é que nós temos convergências importantes. Eu e o professor Edvaldo Brito convivemos há 10 anos, temos muitas afinidades. Participaram Lídice da Mata e Antonio Brito. Demos uma boa largada. 

 

A federação com PDT impacta alguma coisa na Câmara?

A federação tem sido apresentada como uma saída nessa nova conjuntura política dos partidos. Teve conversa inicial, mas isso precisa ser submetido aos diretórios estaduais e municipais, porque nós sabemos que cada um desses espaços tem as suas especificidades, como aqui em Salvador. Isso precisa ser devidamente ajustado, porque a federação não será imposta de cima para baixo. Como é política, temos que fazer os ajustes necessários. Anteriormente, tinha o processo de federação que envolvia o PT e o PV e não aconteceu, você aprende com a caminhada. Então, é necessário muita conversa ainda até 2024. 

 

O senhor será o último líder da oposição. O trabalho já começou, principalmente com o PDDU?

Nós acordamos na oposição essa alternância, que é muito saudável. Nós temos uma unidade muito grande em nossas ações. Nesse momento, a oposição está sendo conduzida pela vereadora Laina [Crisóstomo]. No próximo ano, em 2024, será a minha vez. Eu acho que a gente tem muita escuta, vai ser um ano de eleição. O PDDU [Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano] está dependendo de uma discussão, coisa que o prefeito [Bruno Reis] não quer, porque serão colocados em pauta os destinos da cidade. Tem que ser aberto, para que essa ferramenta importante seja de forma participativa. O último não teve a participação necessária, porque as audiências públicas foram sempre pela manhã e isso comprometeu muito o PDDU. É importante discutir, porque é com o PDDU que você diz minimamente a cidade que queremos. 

 

Foto: Paulo Victor Nadal/Bahia Notícias

 

Considerações finais...

Salvador terá a oportunidade em 2024 de fazer a virada de chave e deixar de ser simplesmente essa capital afro e ponto para ter esse lugar da capital afro onde a população possa se reconhecer também no prefeito, porque pensando pós-abolição são 135 anos que a cidade não se vê no seu gestor. Então, está chegando a oportunidade de virar a chave, não só mudando a cor de quem administra, mas de ter igualdade para ver. E isso passa por assegurar dignidade na prestação de serviços públicos nas áreas da educação, saúde, mobilidade urbana, porque se observar todos os lugares onde a maioria é negra, os serviços públicos sempre deixam a desejar em termos de qualidade. Isso é uma forma de como o racismo se manifesta nesses espaços, não garantindo qualidade a esses serviços. Salvador precisa deixar de ter a fila da indignidade, que foi a da Semop, onde na sua maioria mulheres negras lutavam para ganhar o seu pão e quando chega no carnaval só consegue trocar dinheiro. Isso mostra que a cidade tem a renda concentrada. O racismo impede que as pessoas exerçam o seu potencial de ter um lugar ao sol e faça com que Salvador tenha uma renda concentrada.