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Entrevista

Robinson não vê “demora” em definição da base do governo para candidatura em Salvador: “Tempo da política é esse”

Por Thiago Teixeira

Robinson não vê “demora” em definição da base do governo para candidatura em Salvador: “Tempo da política é esse”
Foto: Divulgação / PT

O pré-candidato do PT a prefeito de Salvador, deputado estadual Robinson Almeida, não acredita que a definição, por parte da base aliada do governo, do nome que vai disputar as eleições em 2024, esteja demorando, afirmando que "o tempo da política é esse". Em entrevista ao Bahia Notícias, ainda assim, o petista admitiu que por conta da “ansiedade” em disputar as eleições, gostaria de “ter resolvido isso há um mês ou dois meses atrás”.

 

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Durante a conversa, o parlamentar ainda afirmou enxergar “com muita naturalidade” a disputa interna com o vice-governador, Geraldo Jr. (MDB), outro nome na disputa. “Nós fazemos parte de um grupo democrático que não tem dono, que não tem um chefe e sim líderes. E o processo de escolha é feito em cima de critérios de argumento do debate. E é muito legítimo que todos os partidos que têm trabalho político, força, representatividade em Salvador possam apresentar seus nomes para serem avaliados”, afirmou o petista.

 

Ao Bahia Notícias, Robinson ainda tratou mais aprofundadamente a escolha da secretária de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades), Fabya Reis, para ficar à frente da comissão que tratará a candidatura na capital baiana, afirmando não ver indício de um possível um aceno a Geraldo Jr. para uma chapa encabeçada por ele e com Fabya como vice.

 

“O único debate dentro do PT e no Conselho Político sobre o candidato a vice é qual o melhor perfil. Eu advogo a tese que quem tem a maior representatividade política, social e institucional na cidade de Salvador ou em qualquer cidade da Bahia, tem a prerrogativa de liderar e apresentar a candidatura do grupo do governador Jerônimo, em Salvador. É a Federação que tem sete vereadores, que tem ampla presença no movimento social, que tem as maiores votações de deputados estaduais e de deputados federais na cidade e tem o partido do presidente Lula e do governador Jerônimo, que tem a força do 13 do próprio PT registrado nas últimas pesquisas de intenção. Então essa é a nossa posição na mesa de debate com a liderança do presidente Éden. A discussão nossa é sobre a candidatura a prefeito e não a nenhum debate sobre candidatura a vice”, afirmou o deputado, reforçando que a pauta hoje, dentro da base, é definir o nome que encabeçará a chapa para, somente após isso, partir para uma definição do vice.

 

Críticas à gestão Bruno Reis (União) à frente da capital baiana, BRT, rescisão do contrato de concessão do VLT do Subúrbio e o lançamento de uma nova licitação. Tudo isso marcou a entrevista da semana do pré-candidato pelo PT à prefeitura de Salvador, Robinson Almeida, ao Bahia Notícias. Confira:

 

Robinson Almeida em plenário da AL-BA  | Foto: Divulgação / Agência Câmara

 

Em entrevista à uma rádio, o senador Jaques Wagner pontuou uma demora quanto à definição de quem é que vai ser o candidato da base aliada do governo para a prefeitura da capital. O senhor concorda com a afirmação dele ou acredita que as coisas estão caminhando no ritmo que deve ser?

Olha, todo o processo político tem uma metodologia própria de escolha. No caso de Salvador, há vários nomes apresentados, há vários partidos na base. Não há uma candidatura natural e por isso o tempo de decisão é um tempo maior. A nossa ansiedade, de quem quer disputar e ganhar a eleição, é que a gente já pudesse ter resolvido isso há um mês ou dois meses atrás. Mas o tempo da política é esse. Nós estamos unidos com a liderança do governador, tendo também a convicção que a base toda sairá com um único candidato e isso dará uma competitividade muito grande à disputa do ano que vem. E creio que ja já a gente vai ter a definição do nome e também as linhas gerais do que será um programa para ser apresentado, para mudar Salvador e retomar ela ao seu brilho que nunca deveria ter perdido.

 

Deputado, o nome do senhor já foi anunciado pela Federação PT, PCdoB e PV, junto também com o nome da Olívia Santana, como os pré-candidatos para a prefeitura de Salvador. Só que a gente também tem o nome do vice-governador Geraldo Júnior surgindo forte nos bastidores. Como é que o senhor enxerga essa disputa interna?

Com muita naturalidade. Nós fazemos parte de um grupo democrático que não tem dono, que não tem um chefe e sim líderes. E o processo de escolha é feito em cima de critérios de argumento do debate. E é muito legítimo que todos os partidos que têm trabalho político, força, representatividade em Salvador possam apresentar seus nomes para serem avaliados. Todos excelentes nomes: Olívia Santana, Geraldo Júnior, Lídice da Mata, Silvio Humberto. E creio que a gente tenha um bom problema, que é escolher, dentre eles, qual o que tem o perfil mais adequado para representar o time de Lula e Jerônimo na disputa do ano que vem. Então, eu estou muito tranquilo e à vontade, porque se essa tarefa couber a mim, eu a farei com muita alegria e entusiasmo para apresentar um projeto alternativo para a cidade. Salvador merece um outro projeto com outro modelo de desenvolvimento econômico, com uma outra prioridade para resolver as suas políticas públicas na área social. Vai ter o apoio de Jerônimo, vai ter a parceria de Lula e a gente vai trazer Salvador para a primeira divisão, porque o legado do grupo que está aí governando há 12 anos foi colocar a nossa querida capital na segunda divisão entre as cidades do Nordeste.

 

Deputado, o senhor acredita que a escolha da secretária Fabya Reis, que é ligada a Jerônimo Rodrigues, para ficar à frente da comissão que tratará a candidatura na capital baiana pode ser um aceno a Geraldo Júnior para uma chapa encabeçada por ele e com Fabya como vice?

Não tem nada a ver. Eu estava na reunião e a sugestão de Fábia para participar dessa coordenação saiu da deputada Fabíola Mansur. Eu não vejo nenhum sentido nisso, de preferência por candidatura, e sim um reconhecimento da capacidade da secretária Fábia, que coordenou a campanha passada [de Denice Santiago]. O único debate dentro do PT e no Conselho Político sobre o candidato a vice é qual o melhor perfil. Eu advogo a tese que quem tem a maior representatividade política, social e institucional na cidade de Salvador ou em qualquer cidade da Bahia, tem a prerrogativa de liderar e apresentar a candidatura do grupo do governador Jerônimo, em Salvador. É a Federação que tem sete vereadores, que tem ampla presença no movimento social, que tem as maiores votações de deputados estaduais e de deputados federais na cidade e tem o partido do presidente Lula e do governador Jerônimo, que tem a força do 13 do próprio PT registrado nas últimas pesquisas de intenção. Então essa é a nossa posição na mesa de debate com a liderança do presidente Éden. A discussão nossa é sobre a candidatura a prefeito e não a nenhum debate sobre candidatura a vice.

 

O senhor, enquanto pré-candidato da oposição pelo PT, como avalia a gestão Bruno Reis na capital baiana?

Salvador nos últimos 12 anos, perdeu 257.000 habitantes, segundo o IBGE. A população saiu da capital para outras cidades em busca de oportunidades de emprego, mais qualidade de vida. E isso é reflexo da gestão. Essa é a síntese de um julgamento de um governo que não pode ser bem avaliado porque não consegue sequer deixar as pessoas satisfeitas. Na cidade de Salvador, tornou-se uma cidade muito cara devido a uma política fiscal agressiva implantada em 2013, com uma supervalorização do valor genérico dos imóveis e de terrenos que se desdobrou numa alta sem precedentes nos impostos municipais, especialmente no IPTU e no ITIV. Isso fez com que Salvador perdesse competitividade. Vários investimentos foram atraídos por Fortaleza e por Recife. E Salvador perdeu a condição de maior economia do Nordeste, colocando-se agora no segundo lugar. Além disso, Salvador perdeu o protagonismo no setor industrial, o PIB da capital caiu de 15º no Brasil para 39º. E isso é fruto desse modelo de concentração em poucas atividades econômicas e não na diversificação. E a cidade foi perdendo espaços para outros municípios, especialmente na região metropolitana, como Camaçari e São Francisco do Conde. Esse modelo, que foi montado uma máquina de arrecadação com uma indústria de multa, a única indústria que prosperou em Salvador nos últimos 12 anos foi a indústria de multa. Não há vivente em Salvador que tem um veículo que não tenha sido multado pelo menso uma vez. E não há campanha nenhuma de educação no trânsito. O transporte de Salvador vive um colapso. A maior crise da sua história, fruto de um modelo de concessão onerosa que transformou a tarifa da cidade a maior do norte nordeste do Brasil. E a população não tem a oferta de linhas, por mais que a macro mobilidade com o metrô conseguiu destravar o trânsito da cidade. Mas nos bairros as pessoas não conseguem se locomover até as estações de metrô. Por conta dessa crise do financiamento do transporte público municipal. Então é uma avaliação reprovada nos quesitos fundamentais de geração de emprego, de competitividade econômica e prestação de serviços públicos.

 

Deputado, o senhor sempre pontuou muito essa questão do transporte público da capital desde a época de ACM Neto e vem tecendo duras críticas ao BRT, desde sua elaboração. Hoje a gente vê que o sistema já inaugurou diversas estações. Qual sua avaliação acerca do empreendimento atualmente?

Olha no ponto inicial e final do BRT, já existe uma linha de metrô que é a estação da Lapa até a Rodoviária. Então, há um atendimento por um transporte de massa de muita qualidade e aprovação. Há um problema realmente, que é a integração daquela região da Pituba e do Itaigara com a região da rodoviária. E essa deveria ser a prioridade, então, investir mais de R$ 1 bilhão em um modal que é considerado hoje em transição, em superação, que é o BRT. não tem uma relação custo benefício adequada. Eu passei pelas estações do metrô ali nessa região do Iguatemi, e vi os ônibus vazios, as estações sem frequência de passageiros. Inclusive, era importante que a Câmara de Vereadores fizesse uma auditoria para ver se realmente o que foi anunciado de melhorar o serviço de transporte tem acontecido na prática. Uma obra de muito concreto, de muito investimento, de muito recurso, agora de pouco retorno. Além disso, vai criar um “nó” no trânsito no início da Paralela, porque ali vai funcionar o fim de linha do BRT e vai ocorrer ali um cruzamento na altura do Atacadão do antigo Makro, que deve gerar um congestionamento e engarrafamento naquela região. A solução de retorno do BRT não foi a mais adequada. Ela não deveria interferir no fluxo viário daquela região. Então, eu acredito que não foi a melhor opção de investimento em transporte de massa. Um investimento muito caro, com pouco retorno na melhoria do serviço de transporte para nossa cidade.

 

Deputado, ainda seguindo nessa linha do transporte público, o senhor sempre foi um defensor do VLT, desde a época de sua elaboração. O investimento iria beneficiar 600.000 pessoas, que utilizavam o Trem do Subúrbio. Mas hoje a população não tem o trem e a obra do VLT está parada porque o contrato de concessão com o consórcio Skyrail foi encerrado pelo governo do Estado. Qual sua opinião sobre esse imbróglio?

Olha, o contrato foi assinado e você sabe que com a pandemia do Coronavírus, houve uma alteração nos preços da economia de uma forma geral e especialmente na construção civil. Para entender como esse mercado oscilou, o ferro multiplicou por três vezes o valor do quilo. Então isso fez com que o contrato assinado em 2019, antes da pandemia, não tivesse mais viabilidade econômica. Tentou-se uma solução negociada, um outro modelo que pudesse resolver o realinhamento, mas a legislação brasileira impede que o prazo geral da concessão extrapole 35 anos, que era uma das exigências deste consórcio para fazer o realinhamento. E foi em comum acordo, feito um distrato. Eu participei de uma audiência pública da Câmara de Vereadores no subúrbio de Salvador, puxada pelo vereador Thiago Ferreira. A secretária de Desenvolvimento Urbano, Jusmari Oliveira estava presente e também a presidente [Ana Claudia Nascimento] da CTB [Companhia de Transportes do Estado da Bahia]. E lá foi esclarecido todos os pontos para os presentes vereadores, deputados e lideranças comunitárias. Também estive em contato com o secretário da Casa Civil, Afonso Florence, que afirmou que já está em processo avançado de gestação de uma nova licitação para ser lançada esse ano para implantação do VLT no subúrbio de Salvador. Tive com o governador Jerônimo também, que reiterou que essa é uma prioridade do seu governo. O governo do Estado, inclusive, negocia e precisa de um parecer do TCU [Tribunal de Contas da União] para a compra de trens do Mato Grosso que nunca foram utilizados. São trens seminovos e há uma possibilidade desses trens serem utilizados aqui nesse VLT.