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"Relicitar no mesmo modelo que existe hoje é temerário", diz secretário sobre operação dos 'amarelinhos' em Salvador

Por Gabriel Lopes

"Relicitar no mesmo modelo que existe hoje é temerário", diz secretário sobre operação dos 'amarelinhos' em Salvador
Foto: Gabriel Lopes / Bahia Notícias

A licitação para operação do Subsistema de Transporte Especial Complementar (Stec), os “amarelinhos”, segue pendente em Salvador. Pleiteado desde 2018, o processo agora passa por novas análises em busca de um modelo que atenda a demanda da capital baiana. Para o secretário de Mobilidade, Fabrizzio Muller, relicitar dentro de um modelo que já existe hoje é "temerário". Segundo o titular da Semob, um grupo técnico busca respostas para tentar "um caminho diferente" em relação ao transporte complementar.

 

"A gente esteve inclusive com uma equipe técnica em Recife, olhando o modelo de sistema complementar, estudando algumas modelagens de sistemas complementares, para que a gente possa buscar um modelo que atenda às necessidades e atenda às expectativas. A gente não só licitou isso, existe um procedimento no Ministério Público, o Ministério Público tem acompanhado isso, a gente tem demonstrado que apenas relicitar dentro de um mesmo modelo que existe hoje é temerário, a gente precisa realmente avaliar as possibilidades e tentar buscar um modelo que seja mais sustentável para o sistema complementar. Tem um grupo técnico estudando alguns modelos para tentar entender um caminho diferente", disse em entrevista ao Bahia Notícias na última semana.

 

Durante a conversa, Muller também comentou os casos recentes de coletivos incendiados na capital baiana - que chega a 10 apenas em 2023. O secretário garante que mantém contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Bahia para adoção de procedimentos com a finalidade de proteger os ônibus e os passageiros que são transportados.

 

"Primeiro a gente tem mantido um diálogo permanente com a Secretaria de Segurança Pública, com o secretário, com o subsecretário, com toda a equipe deles, porque a gente entende que isso em grande partes das vezes já ficou claro que são retaliações a algumas ações, ações de segurança pública de polícia e acabam repercutindo e tendo retaliação no sistema de transporte coletivo. Então a gente está exatamente conversando para criar procedimentos em casos onde pode gerar uma retaliação. Isso é um dos pontos, 10 ônibus no ano, é um prejuízo para a cidade, para a população, absurdo", disse.

 

Confira a entrevista abaixo:

 

Recentemente, no mês de setembro, a operação do BRT (Bus Transit Rapid) completou um ano. Qual é o balanço da Secretaria de Mobilidade diante dos números alcançados? O sistema atendeu o que a prefeitura esperava?

A gente tem em operação desde setembro de 2022 um trecho, que é o trecho Rodoviária/Pituba, é um trecho ainda pequeno, a gente está com três linhas operando. Eu te diria que os resultados superam as expectativas no sentido de o que tem sido, o público que tem sido atendido, primeiro tem ficado muito satisfeito com o serviço, o nível de serviço que tem sido apresentado. Eu acho que foi uma decisão acertadíssima na prefeitura, na implementação desse modal. O sistema de BRT é um sistema com ônibus em vias exclusivas com prioridade no embarque e desembarque. Então você agiliza todo o processo tanto de deslocamento do usuário, que conta com as vias exclusivas, quanto nas próprias estações, que além de mais seguro, você consegue ter menos tempo, perder menos tempo no embarque e desembarque de passageiros. Então isso é um sistema que não tem como ser obsoleto, como algumas pessoas tentam dizer. O mundo inteiro tem ônibus, e quanto mais facilidade, mais agilidade, mais rapidez você der no sistema de ônibus, você tem um serviço melhor. É claro que o sistema passa por ajustes operacionais, o que é normal de um novo sistema, a gente tem feito ajustes nas linhas e buscado ajustar os tempos de intervalo entre ônibus, justamente porque é uma demanda que vem sendo crescente e a gente vai precisando fazer ajustes. Mas a gente está extremamente satisfeito com o sistema. O BRT está em obras no trecho até a Lapa, é um trecho que vai mudar totalmente a dinâmica do BRT porque o público é muito mais gente para ser transportada, então a gente tem a expectativa do primeiro semestre do próximo ano ter já essa operação. Ainda não serão todas as linhas, a gente tem feito de forma gradativa a implementação das linhas, então quando você tiver a linha Lapa pronta a gente vai iniciar com a linha Lapa/Pituba e Lapa/Rodoviária, e a pretensão também de uma linha expandida que sai pela Orla através do BRS, que é a faixa prioritária pela Orla. Então a ideia é a gente iniciar a operação no próximo ano com três linhas, e a medida que a gente vai consolidando o serviço, vai ajustando o serviço, a gente ampliar para outras linhas, e tendo essas linhas você tem os serviços expressos, então eu vou ter, por exemplo, serviços expressos em determinados horários, e isso é regulado pela demanda. Então por exemplo, eu sei que no horário de pico eu tenho uma grande demanda que vai direto para Pituba, que não vai descer no corredor, então terá linhas expressas até a Pituba. Com base já nesse aprendizado que vem tendo no BRT, a gente já vai ajustando. Então ganha o usuário, que vai chegar muito mais rápido, e tem um serviço mais eficiente.

 

Sobre os casos dos coletivos que foram incendiados esse ano, só em 2023 já foram 10 aqui em Salvador, queria saber de que forma a Semob vocês têm feito estudo em relação a isso e se tem dialogado também com outros setores, o próprio governo do Estado na área da segurança pública, para que isso não volte a acontecer?

Primeiro a gente tem mantido um diálogo permanente com a Secretaria de Segurança Pública, com o secretário, com o subsecretário, com toda a equipe deles, porque a gente entende que isso em grande partes das vezes já ficou claro que são retaliações a algumas ações, ações de segurança pública de polícia e acabam repercutindo e tendo retaliação no sistema de transporte coletivo. Então a gente está exatamente conversando para criar procedimentos em casos onde pode gerar uma retaliação. Isso é um dos pontos, 10 ônibus no ano, é um prejuízo para a cidade, para a população, absurdo. Eu não estou nem colocando o privado, que são donos dos ônibus, é um serviço público, mas é um serviço operado por um privado, eu não estou nem colocando prejuízo financeiro de isso, que também é monstruoso, sobretudo num sistema que hoje está deficiente, deficitário. Um sistema que no Brasil hoje passa ainda por enormes problemas em razão das dificuldades que o sistema enfrenta. Você ainda ter perda de ônibus, a dificuldade imensa para repor esses ônibus. O custo de aquisição hoje, depois de pandemia, é muito superior ao período de pandemia, não só o valor do veículo, que praticamente dobrou, e também as linhas de crédito que hoje estão super caras. Não estou nem falando isso, acho que o prejuízo que a população sofre no final do dia é dela, é ela que tem menos um ônibus ali naquela linha que vai parar, porque os ônibus demoram de ser repostos, muitas vezes só são repostos em um próximo ciclo tarifário, que prevê investimentos. A gente tem mantido permanente contato, nossas equipes também estão muito atentas a qualquer tipo de indício, de possibilidade, mas muitas vezes você não consegue prever. Então, o que a gente vem discutindo com a Secretaria de Segurança Pública é, nessas ações que podem gerar repercussão de retaliação, que a gente tenha um procedimento diferente para salvaguardar não só o equipamento, mas os passageiros que estão ali sendo transportados.

 

Um outro assunto, que já vem se arrastando desde 2018, é a licitação dos amarelinhos. Alguma novidade referente a isso?

Ainda não, a gente esteve inclusive com uma equipe técnica em Recife, olhando o modelo de sistema complementar, estudando algumas modelagens de sistemas complementares, para que a gente possa buscar um modelo que atenda às necessidades e atenda às expectativas. A gente não só licitou isso, existe um procedimento no Ministério Público, o Ministério Público tem acompanhado isso, a gente tem demonstrado que apenas relicitar dentro de um mesmo modelo que existe hoje é temerário, a gente precisa realmente avaliar as possibilidades e tentar buscar um modelo que seja mais sustentável para o sistema complementar. Tem um grupo técnico estudando alguns modelos para tentar entender um caminho diferente.

 

E a venda dos terrenos da CSN já avançou em algum ponto?

A informações que chegam para a gente, até porque isso não não é um assunto tratado diretamente pela prefeitura, a prefeitura tem buscado acompanhar porque tem interesse que isso seja resolvido, a gente sabe que tem alguns terrenos que estão com negociações bastante avançadas e é uma questão apenas procedimental, documental entre quem está vendendo e quem está comprando. Então você não tem como interferir muitas vezes nessa negociação, nesse processo de compra e venda do terreno. Existem às vezes certidões, existem às vezes negociações que são feitas entre quem vende e com quem compra. O que a prefeitura tem feito é acompanhar e buscar ajudar onde cabe, por exemplo, em remissão de dívidas dos terrenos, que isso estava dentro do acordo, todos os processos que dependem da prefeitura estão já finalizados. É de fato uma operação privada de compra e venda.

 

Motoristas têm se queixado sobre as intervenções na região da Avenida Tancredo Neves e imediações do Salvador Shopping, em especial com o fechamento de um acesso à avenida principal. Qual a previsão para a entrega dessas obras que fazem parte das intervenções da nova Tancredo Neves?

A Sucop está executando, o prazo que me passaram era até o final do ano. Esses projetos eles foram pensados justamente para poder melhorar o fluxo de veículos, melhorar a mobilidade. Foi tudo simulado por uma equipe, inclusive um contrato com uma empresa de consultoria externa altamente reconhecida nacionalmente. Quem está saindo do Salvador Shopping, que sai na Copyart, logo depois tinha uma rampa de saída que chegava na Tancredo Neves e conseguia cruzar para o Shopping Sumaré, chamamos de agulha, ela foi fechada mas tem solução. O projeto já prevê uma solução, um novo acesso. Essa agulha foi fechada, permanece fechada agora para a realização das intervenções e o acesso será outro ao final.