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Inteligência artificial “deve ser usada da maneira mais inteligente e segura possível”, diz secretário

Por Thiago Teixeira

Inteligência artificial “deve ser usada da maneira mais inteligente e segura possível”, diz secretário
Foto: Alana Dias / Bahia Notícias

“Este é um caminho sem volta, e precisamos utilizá-lo da maneira mais inteligente e segura possível”. Esta é a visão do secretário de Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia, André Joazeiro, sobre a utilização da Inteligência Artificial (IA) no Brasil. De autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e relatado pelo senador Eduardo Gomes (PL-TO), um Projeto de Lei deve ser aprovado até meados deste ano tratando sobre a regulamentação da IA em solo nacional.

 

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Em entrevista ao Bahia Notícias, o secretário se mostrou favorável ao uso da tecnologia, sobretudo na área da saúde, porém destacou que essa é uma opinião estritamente pessoal dele, que não reflete o posicionamento oficial do governo acerca do assunto, até por não haver um consenso sobre o tema. “O debate em torno da integração da Inteligência Artificial na prática médica é extremamente complexo, e vou expressar uma opinião que não reflete necessariamente a posição do governo, pois não há um consenso claro. Internamente, dentro do governo da Bahia, estamos enfrentando esse debate para posterior discussão em nível federal. Este é um caminho sem volta, e precisamos utilizá-lo da maneira mais inteligente e segura possível, buscando obter o máximo benefício sem comprometer a qualidade do diagnóstico. Embora reconheçamos a importância do toque humano, do olho no olho e da sensação do médico, a IA pode desempenhar um papel crucial na padronização de condutas a partir de diagnósticos previamente estabelecidos”, afirmou André Joazeiro.

 

Na opinião do titular da pasta de Ciência e Tecnologia da Bahia, a ideia é que a IA possa fornecer diretrizes padrão com base em diagnósticos consolidados, gerando um debate e mostrando o que a maioria dos médicos está praticando. Ele destaca que, não necessariamente, a IA vá substituir a decisão final do médico, mas pode servir como uma referência valiosa.

 

“Se a maioria dos profissionais está seguindo determinadas condutas a partir de um diagnóstico específico, isso pode fazer com que médicos que optam por caminhos diferentes reavaliem suas escolhas. A IA, portanto, não é destinada a tomar a decisão final, mas sim a fornecer uma quantidade significativa de informações ao médico. Ela pode analisar imagens com uma precisão notável, oferecendo diagnósticos baseados em uma vasta quantidade de dados. Enquanto a máquina fornece uma avaliação inicial, o papel do médico continua sendo essencial para a decisão final. A inteligência artificial atua como uma ferramenta de auxílio ao médico, proporcionando insights valiosos e facilitando o processo de tomada de decisão, mas sem substituir o julgamento humano”, destacou o secretário.

 

Balanço sobre o primeiro ano de gestão já no governo Jerônimo Rodrigues (PT), expectativas para 2024, aumento de bolsas para Fapesb, Bahia Mais Inovadora, parcerias entre Acelen e Petrobras, Centro Tecnológico Aeroespacial, Conferência de Ciência e Tecnologia. Tudo isso foi - e mais um pouco - foi tema da nossa entrevista da semana com o secretário de Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia, André Joazeiro, aqui no Bahia Notícias. Confira a entrevista completa logo abaixo:



Secretário André Joazeiro em entrevista ao Bahia Notícias | Foto: Alana Dias / Bahia Notícias

 

Secretário, o senhor está acompanhando esse debate da regulamentação da Inteligência Artificial (IA)? O que o Estado da Bahia está observando a respeito disso, até do ponto de vista do seu uso na saúde? 

O debate em torno da integração da Inteligência Artificial na prática médica é extremamente complexo, e vou expressar uma opinião que não reflete necessariamente a posição do governo, pois não há um consenso claro. Internamente, dentro do governo da Bahia, estamos enfrentando esse debate para posterior discussão em nível federal. Este é um caminho sem volta, e precisamos utilizá-lo da maneira mais inteligente e segura possível, buscando obter o máximo benefício sem comprometer a qualidade do diagnóstico. Embora reconheçamos a importância do toque humano, do olho no olho e da sensação do médico, a IA pode desempenhar um papel crucial na padronização de condutas a partir de diagnósticos previamente estabelecidos. A ideia é que a IA possa fornecer diretrizes padrão com base em diagnósticos consolidados, gerando um debate e mostrando o que a maioria dos médicos está praticando. Isso não significa que a IA deve substituir a decisão final do médico, mas pode servir como uma referência valiosa. Se a maioria dos profissionais está seguindo determinadas condutas a partir de um diagnóstico específico, isso pode fazer com que médicos que optam por caminhos diferentes reavaliem suas escolhas. A IA, portanto, não é destinada a tomar a decisão final, mas sim a fornecer uma quantidade significativa de informações ao médico. Ela pode analisar imagens com uma precisão notável, oferecendo diagnósticos baseados em uma vasta quantidade de dados. Enquanto a máquina fornece uma avaliação inicial, o papel do médico continua sendo essencial para a decisão final. A inteligência artificial atua como uma ferramenta de auxílio ao médico, proporcionando insights valiosos e facilitando o processo de tomada de decisão, mas sem substituir o julgamento humano.

 

Secretário, queria que o senhor apresentasse para a gente um balanço acerca desse primeiro ano de gestão na Secti, já sob o governo Jerônimo.

Esse ano foi um ano de planejamento e consolidação de uma nova política para ciência e tecnologia. Nós lançamos como marco disso tudo o Programa Bahia Mais Inovadora, com vários eixos de ação que vai da popularização da ciência até você tratar com startups. Aí passa por fundos de investimento, por um programa de educação científica já no ensino médio, desde a formação da base até você tratar as grandes empresas, como Acelen, por exemplo, em projetos de biocombustível e em convivência com a seca no semiárido. Então é uma carteira grande de ações que precisam ser planejadas e estruturadas para a gente poder entregar esse ano. [Também tem] programas que já eram da casa, como o programa de internet nas praças é continuado. Ele teve durante todo o ano. A gente tá entregando 375 pontos de wi-fi gratuito, que é o Conecta Bahia nas praças. Essa foi a entrega da Secti que tem capilaridade, chega em tudo que é município. Mas tem aquele planejamento que envolve a academia, que envolve interação com o setor empresarial, que leva tempo para você construir. Então essa política foi feita. Aprovamos o decreto de regulamentação da Lei de Inovação, que estava pendente já há algum tempo. Era uma demanda do setor bastante antiga e a gente conseguiu regulamentar. Agora ela abre vários instrumentos pra gente poder trabalhar diretamente com as empresas. E a política de bolsas [da Fapesb], nós aumentamos o valor, reajustando igual ao governo federal que estava aí há mais de dez anos sem reajuste. A gente seguiu o CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] em termos de percentuais de reajuste. Igualamos e agora estamos aumentando a quantidade de bolsas 15% a mais. Então vou ter mais mestres e doutores recebendo bolsa da Fapesb. Então acho que isso resume bem rapidamente o trabalho do ano.

 

Esse aumento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) já estava previsto. Esse ano vai ter um novo acréscimo?

Esse ano está aumentando a quantidade. A gente sempre fica em dúvida. Tem um orçamento para a gente aumentar valor ou aumentar a quantidade, e pode fazer as duas coisas. Aumentar valor, ia ficar descasado com o CNPq. Isso é um problema, porque vários programas da Secti têm bolsa metade da Fapesb e metade do CNPq. Isso ia dizer que se eu aumentar minha bolsa diferente do CNPq, uma parte dos mestrandos ou doutorandos vai ter uma bolsa de um valor e outra parte de outro valor. Isso dá o maior problema dentro do projeto. Então eu prefiro sempre acompanhar o CNPq aumentando o aumento [da Fabesp] também. Como o CNPq não fez reajuste esse ano, esse ano a gente preferiu aumentar a quantidade de bolsas. Estava precisando também ofertar mais.

 

O Bahia Mais Inovadora foi lançado em novembro do ano passado com um aporte de R$ 1 bilhão. Eu queria saber do senhor para quais setores essa verba vai ser destinada.

Isso tá no PPA [Plano Plurianual Participativo]. A gente tem um PPA de mais de R$ 1 bilhão. Uma parte disso é para bolsas e uma parte disso é para projetos de pesquisa. Os projetos de pesquisa que vão ter direção com base nas em todas as estratégias de desenvolvimento do governo. A gente não vai mais fazer pesquisa desvinculada de uma ação estratégica, desenvolvimento econômico e social do governo. Então eu vou apostar na agricultura familiar. O governo tem uma linha de agricultura familiar e tô fazendo tecnologia social para apoiar. O que é isso? Desde a mecanização da produção, para eu tirar a enxada da mão dessa turma que tá na agricultura familiar e colocar um pequeno trator ou um equipamento que possa fazer esse cultivo, diminuindo o sofrimento dessas pessoas, o desgaste físico, que é um trabalho muito árduo. Vai trabalhar, por exemplo, melhoramento de mudas para a produção, aumentar a produtividade para que ele [produtor] tenha uma renda melhor com a mesma terra que ele tem, que é pequena, conseguir produzir mais daquela fruta. Eu posso fazer um trabalho de melhoramento genético, de produtividade, que é a segunda geração. Ao invés de vender a fruta, ele pode fazer doce ou geleia. Isso dá uma industrializada no processo, saindo de vender sem beneficiar e passar a fazer o beneficiamento para vender. Isso envolve uma série de articulações de cooperativas para você ter volume para a indústria, mas são pequenas indústrias, agroindústrias e a gente está dando tecnologia. Então, estamos indo na direção de uma política do governo que é de interiorização e de trabalho com a agricultura familiar, levando tecnologia nessa direção. Uma outra política do governo, por exemplo, biocombustíveis, que também tem um impacto grande na agricultura familiar. Nós temos uma transição energética, uma oportunidade para a Bahia. Nós temos um potencial eólico gigante, temos um potencial solar gigante. Vamos ser o primeiro estado autossuficiente de energia limpa, verde. Então vou começar a ter excedente para fazer, por exemplo, hidrogênio verde. E eu posso investir também em biocombustíveis. A gente está fazendo um projeto grande com Acelen, com R$ 1 bilhão e meio em pesquisas. Essa é a maior pesquisa que já aconteceu na Bahia. É quase o volume todo de aporte que a Fapesb fez em toda a sua história. Então, essa pesquisa é uma pesquisa muito grande. 

 

Isso tem algo a ver com o Memorando de Entendimento (MOU) que a Petrobras assinou com eles também lá no ano passado?

Não, vamos lá. A Acelen tem dois projetos aqui na Bahia. Eles compraram a refinaria [Rlam]. O primeiro memorando é o da Petrobras que está avaliando recomprar uma parte da refinaria. Isso é um projeto que está em curso. Tem um movimento para a reestatização, que eu acho que não dá para fazer, romper contrato. Mas dá para fazer o que eles estão tentando fazer, que é recomprar uma parte. É dentro do mercado e dentro do contrato. Isso não geraria nenhum problema de segurança jurídica para um investidor estrangeiro. Porque tornar a Acelen de novo em estatal, na canetada, você afasta investidor estrangeiro para qualquer outro contrato. O cara não vai confiar no Brasil mais para poder fazer nenhum investimento. Então, acho que a estratégia correta. A Petrobras está avaliando recompra e também começou a avaliar este outro projeto que é do biocombustível, que apesar de ser da mesma empresa, são dois CNPJs diferentes. Ou seja, vão ter sócios diferentes na refinaria e na nova refinaria de biocombustível. E a Petrobras está fazendo uma due diligence [procedimento que visa fazer pesquisas e investigações aprofundadas acerca de uma empresa quando há interesse em fazer negócio a mesma] para poder se tornar investidor desse projeto novo que não existe ainda. Está tudo no papel e vai começar a ser implementado agora. Nesse projeto é preciso fazer uma pesquisa muito grande que vai durar dez anos para se ter macaúba e dendê produtivos de um volume grande, com alta produtividade e frutos com muita energia dentro dele. Há várias espécies. Uma espécie dá um óleo mais energético, outra dá um óleo menos energético, dá um volume maior de óleo, ou menor. Então, o que a gente está fazendo hoje é pesquisa de seleção de espécies e como é que ela se adapta no semiárido, no sul da Bahia, em várias áreas, que são 200 mil hectares de plantio. Para você ter uma ideia, a gente tem 230 mil hectares plantados de algodão na Bahia e estamos há 30 anos produzindo algodão. A gente vai começar um projeto para ter 200 mil hectares de dendê e macaúba. Então é um projeto grandioso. E aí essa escolha das áreas envolve uma pesquisa qual o fruto, que tipo e espécie que se adapta em determinada região. No sul tem chuva e no semiárido é sequeiro. Não pode ser da mesma espécie, é outra que produz ali. Então tudo isso é trabalho social, para você levar para a agricultura familiar a técnica desse plantio, para que ele possa desenvolver. A Acelen vai comprar aí 30 a 40% da produção da agricultura familiar. Então isso gera uma receita muito grande para essas famílias. Isso eu só estou falando da primeira fase. A máquina para esmagar essa macaúba não existe. Então, a máquina de esmagamento que separa o óleo, o que é que faz com o bagaço? Tem pesquisa para saber o que que eu faço com esse bagaço, que vai desde ração animal até painel de carro, porque tem fibra. Então é muita coisa que envolve pesquisa. Eu tenho a planta de beneficiamento depois desse óleo, que é a usina. Então é muita pesquisa. São sete linhas de pesquisa no projeto em dez anos e R$ 1,5 bilhão. Então é uma coisa grandiosa, com impacto em todas as áreas que você imaginar. Vai ter também combustível para aviação, que tem alto valor agregado. Vamos tentar, depois de atender o mercado nacional, vender isso para fora. A primeira produção vai ser SAF. Depois eles têm uma pesquisa para fazer um combustível verde que substitui a gasolina. Não é aquele biocombustível de misturar na gasolina, porque tem limite de 10% a 13%. Esse substitui 100%. Isso vai botar um combustível no seu carro que é todo baseado em óleo vegetal. Essa planta está sendo preparada para produzir esse tipo de combustível, que é o combustível do futuro.

 

Secretário, eu queria retornar o assunto da Petrobras, porque quando se fala sobre a questão da reestatização, o presidente da petroleira, Jean Paul Prates, já tinha batido nessa tecla, falando que não havia um alinhamento acerca da recompra da Rlam. Então, existe uma possibilidade? Há um acordo para selar recompra parcial da Rlam?

Eu não posso te dizer qual é a estratégia da Petrobras. Eu tinha que estar lá dentro para saber, né?! Mas eu vejo os estudos. Eles estão estudando e, eu acho que a possibilidade mais real e eu diria que atende a todos os interesses, é uma recompra parcial. É bom para a Petrobras porque ela volta para o jogo, mas não retoma o controle. Porque hoje já está rodando de uma forma diferente, já tem uma nova administração que está produzindo mais do que produzia aquela planta [antiga] da Rlam, que teve muito investimento de modernização da planta, de reestruturação dos quadros. Então, deixar a operação com a Acelen é uma coisa inteligente para a Petrobras, para não se meter de volta na operação. Tomar pé da situação, ficar dentro de novo, controlar preço, estrategicamente é importante, mas não tomar a operação de volta. Eu não estou dizendo que isso vai acontecer. Mas estou vendo que esses estudos estão sendo feitos e eu acho que essa é a tendência. Recomprar totalmente, eu acho inviável. Cancelar aquela licitação, eu acho mais inviável ainda. Seria um absurdo. Então, assim, dentro das hipóteses que são reais, eu acho que uma recompra parcial e adequada.

 

O senhor vinha falando sobre a questão dos investimentos aqui na Bahia com relação à agricultura familiar. No ano passado, a gente teve a disponibilização de R$ 334 milhões, do governo federal, para investir em fertilizantes. Como é que está sendo feito esse projeto aqui?

É um projeto da Fosnor. É uma empresa que está lá no Oeste da Bahia, em Luis Eduardo Magalhães. Eles fizeram um projeto e apresentaram a Finep [Financiadora de Estudos e Projeto]. É um projeto em conjunto do Ministério de Ciência e Tecnologia e Ministério da Indústria e Comércio, mas o recurso é Finep, é um recurso de pesquisa. Essa planta não tem resíduo. Então, a inovação é essa. Fazer um fertilizante e não deixar contaminação depois, então é resíduo zero. É uma estratégia nacional que está na nova política industrial. Os R$ 334 milhões também vão servir para deixar o mercado de fertilizantes do Brasil menos dependente da Rússia, que é o grande fornecedor de fertilizantes para o país e, agora que está em guerra, esse preço foi lá para cima e teve falta no mercado. Então, nossa agricultura fica dependente desse mercado, é ruim. Então, esses investimentos da Fosnor, estão indo nesta linha estratégica da estratégia nacional, de ficar menos dependente em mercados essenciais, digamos assim. E aí o fertilizante se enquadra nisso daí. E ser na Bahia é uma sorte nossa já que vamos fazer isso em Irecê.

 

E falando sobre o interior, a gente sabe que a Conferência de Ciência e Tecnologia está chegando. Pode falar sobre novidades das conferências no interior afora?

A conferência é algo que acreditávamos que a Bahia já deveria ter realizado, e saímos na frente em 2019, mesmo durante o governo Bolsonaro, sem obter repercussão nacional, pois foi uma estratégia interna do estado. Realizamos conferências e chegamos a conclusões, elaborando documentos finais. Contudo, naquela época, não tínhamos uma política nacional para fundamentar essas conclusões. O material resultante acabou sendo deixado de lado, com uma série de propostas que hoje fundamentam as políticas que implemento. Atualmente, o governo federal está promovendo a Conferência Nacional, agendada para junho. Diante disso, percebemos a importância de revisitar a conferência realizada em 2019 e atualizar o material produzido na época. Não estamos começando do zero; estamos trazendo para a discussão todo o conteúdo sintetizado daquela conferência, que mobilizou considerável participação popular, inclusive no interior e na academia. As 11 macroterritoriais acontecerão entre 27 de fevereiro e 14 de março, e pretendo participar de seis delas. Embora desejasse estar presente em todas, é humanamente impossível, mas estarei nas principais para trazer essas discussões adiante. Posteriormente, em abril e maio, realizaremos as conferências do Nordeste em articulação com o Consórcio Nordeste, uma novidade que nunca havia ocorrido antes. Após essas etapas regionais, em junho, levaremos todo o material alinhado com os outros estados do Nordeste para a Conferência Nacional. Destaco que esta abordagem é robusta politicamente, pois não estamos representando apenas a Bahia, mas toda uma região. Desconheço se outras regiões estão realizando um trabalho similar, e acredito que o Consórcio Nordeste seja uma peculiaridade nossa. Estamos apresentando uma proposta sólida ao levar vários estados à mesa para defender uma mesma visão política.

 

E o Parque Tecnológico Aeroespacial, como é que está sendo desenvolvido?

O Parque Tecnológico foi lançado. No início do ano que vem a gente começa a operar. Agora estamos trabalhando no prazo para desenvolver o projeto básico, conhecido como masterplan. Isso envolve a definição da governança, ou seja, decidir como será a gestão entre o Estado da Bahia, Cimatec, Ministério da Defesa e a Aeronáutica. Questões como a composição do conselho, a tomada de decisões e o processo de votação estão sendo discutidas como parte desse processo de governança. Um aspecto importante é a atração de empresas para o parque. Já temos uma conquista nesse sentido, pois o governo da Bahia fechou um acordo de cooperação com a empresa Leonardo. Eles estão assinando contrato para estabelecer um centro de serviços nas aeronaves ATR nacionalmente. Isso inclui a manutenção dessas aeronaves, gerando empregos e demandando um alto nível de expertise tecnológica. A Ufba está desempenhando um papel crucial, colaborando na formação de profissionais. Estamos até planejando um curso de engenharia aeroespacial para ampliar as oportunidades de trabalho nesse setor. Então a oportunidade para o nosso jovem já começar a pensar nisso e entrar na universidade, se formar no setor aeroespacial, com mestrado, doutorado, pós-graduação. Outra parceria estratégica está em andamento com o Cimatec, é com outra empresa do grupo da Embraer. Além disso, estamos explorando oportunidades no campo de drones e diversas outras áreas. Este projeto é altamente estratégico e promissor para a Bahia. Planejamos concluir o projeto no início do próximo ano, após um ano de trabalho dedicado ao amadurecimento do plano, incluindo a governança e o início das obras. Já temos alguns galpões construídos que precisam de reformas para iniciar as atividades. Este é um passo significativo que, acredito, trará excelentes notícias para o estado.