‘Depois da Chuva’ aborda a fase pouco lembrada de transição pós-ditadura
Por Luiz Zanin Oricchio | Estadão Conteúdo
Filme baiano entra em cartaz nesta quinta em sete cidades brasileiras
Depois da Chuva, de Claudio Marques e Marília Hughes, filme que estreia nesta quinta em Salvador e mais outras outras seis capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza) debruça-se sobre um período importante, porém pouco abordado pelo cinema brasileiro. De modo geral, os filmes políticos nacionais centram atenção na fase mais fechada da ditadura, e pelo lado da resistência. Compreende-se. O aspecto épico (ainda que de "causa perdida") da luta armada parece mais atraente. Porém, o casal de cineastas prefere girar o foco e ambientar sua ação na fase final da ditadura civil-militar. Ou seja, em plena campanha pelas Diretas-Já, a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral e a redemocratização, que colocou ponto final no período ditatorial (1964-1985). É no quadro desse epílogo do autoritarismo, e com personagens da classe média baiana e branca, que a dupla de cineastas compõe a sua narrativa. Ela se dá pelo ponto de vista adolescente, em especial o do garoto Caio (Pedro Maia, premiado no Festival de Brasília de 2013). Ele é filho de pais separados e tem ideias alinhadas à esquerda. Mais para o lado anárquico, a bem dizer, como convém a um jovem, ou como convinha a um moço daquele tempo.
Veja os horários do filme "Depois da chuva" nos cinemas de Salvador entre os dias 15 e 21 de janeiro:
UCI Orient Iguatemi: 11h – 13h20 – 15h20 – 17h40 – 19h50 – 22h – 00h05
Os diretores de 'Depois da Chuva', Cláudio Marques e Marília Hughes
Nesse contexto, Depois da Chuva se beneficia de um frescor cinematográfico perceptível, tanto na articulação da narrativa quanto no tônus de interpretação do jovem elenco. Não por acaso, quando se pergunta pelas influências dos cineastas, eles citam várias, mas, em especial, a do francês Olivier Assayas. Falam em filmes como Água Fria, de Assayas, e Amores Constantes, de Philippe Garrel. O ambiente parece esse mesmo. Amores jovens, um ar 68, a segurança e a determinação da juventude, a coragem meio irresponsável e a irreverência, qualidades que em geral se perdem com o tempo. Ou mudam e se tornam outra coisa, como o pensamento político estratégico, com pé na realidade e nos limites. Talvez até mais eficaz, mas sem a mesma graça juvenil, irreverente, como na cena que alterna imagens documentais de um discurso de Tancredo e imagens dos garotos fumando um baseado. Esse espírito, o filme capta. E já é muito.
Veja os horários do filme "Depois da chuva" nos cinemas de Salvador entre os dias 15 e 21 de janeiro:
UCI Orient Iguatemi: 11h – 13h20 – 15h20 – 17h40 – 19h50 – 22h – 00h05
UCI Orient Barra: 10h50 – 13h – 15h10 – 17h20 – 19h30 – 21h40 – 23h50
Espaço Itaú - Glauber Rocha: 13h30 – 15h10 – 17h – 18h50 – 20h40
Saladearte Cine Vivo 2 – 16:50
Saladearte Cinema da Ufba – 20:55 ( exceto dia 15-quinta)