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Entrevista

“O povo de Ilhéus vota nas pessoas”, diz prefeito sobre possível estadualização de campanha

Por Francis Juliano

“O povo de Ilhéus vota nas pessoas”, diz prefeito sobre possível estadualização de campanha
Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias

A pouco menos de cinco meses de deixar a prefeitura de Ilhéus, no Sul, Mário Alexandre faz comparações sobre o que encontrou em 2017 e o que vai entregar até o final do ano. Padrinho da pré-candidatura do ex-secretário Bento Lima, o gestor não admite uma composição com a pré-candidata do PT, a ex-secretária de Saúde e Educação do Estado, Adélia Pinheiro, recentemente filiada à legenda.

 

“A mulher nunca fez uma campanha em Ilhéus. Ela está querendo saber dos problemas de Ilhéus agora?”, questionou ao Bahia Notícias. Na entrevista, o prefeito disse ainda que não acredita na “estadualização” da campanha, o que poderia dividir votos com Adélia.

 

“O povo de Ilhéus, pelo que conheço, vota mais nas pessoas”, acrescentou. Mário Alexandre ainda comentou a relação com o PT local e contou o que vai fazer quando deixar a prefeitura. Veja abaixo a entrevista completa.

 

Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias

 

Prefeito, o senhor está concluindo oito anos de mandato. Qual a avaliação deste período?
Primeiro, de gratidão, né? Gratidão a Deus, ao povo. São sete anos e quatro seis meses de gestão. Eu tenho dito que é uma alegria e um honra muito grande ter sido prefeito da cidade que eu amo. Foram muitos avanços, basta ver o que era Ilhéus sete anos atrás onde eu peguei quase cinco mil trabalhadores e servidores, pais e mães de família, parados na porta da prefeitura. Sem reajuste durante muitos anos, sem melhoria da qualidade de trabalho, com tíquete alimentação, que era um dos piores da Bahia. Nós temos esses sete anos sem nenhuma greve. Porque valorizamos e melhoramos a qualidade de vida, fizemos plano de cargos e salários, o tíquete alimentação que era de R$ 130 está agora em R$ 630. Esse tíquete é o pão na mesa daquele trabalhador. Então, isso foi de extrema importância pra levantar a autoestima daquela turma que estava sem acreditar em uma gestão.

 

O que o senhor não conseguiu fazer nesse tempo?       
Olha, nós deixamos encaminhados as contenções. Conseguimos inserir no PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] do governo Lula esse programa que é o maior do interior do Brasil em contenção de encostas. Nós levamos um projeto atendendo todas as necessidades e exigências do ministério e fomos classificados. Eu fico muito feliz. Precisamos do serviço de macrodrenagem também, porque tem algumas ruas fundamentais que quando chove demais, ficam alagadas. Então, como o município não tinha condições de fazer isso, nós conseguimos inserir e fomos atendidos. Eu tenho dito muito que todos os projetos que nós conseguimos nessa parceria com o governo do estado, o município foi fundamental. Porque o município é que leva e encaminha o projeto.

 


Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias

 

Na conversa que tivemos com o pré-candidato Bento Lima, escolhido pelo senhor, questionamos sobre pontos que precisam de maior atenção da prefeitura e ele elencou os setores de esportes, cultura e turismo, por exemplo. Ele está certo?
Realmente, esses setores precisam funcionar mais. Até porque o investimento é alto e nós não conseguimos fazer isso com recursos próprios. Nós precisamos recuperar alguns prédios e colocá-los na ativa. Apesar de ter melhorado o Vesúvio e o Bataclã através de concessões, e eles funcionam muito bem, tem outros prédios que a gente precisa ampliar e melhorar a estrutura para incentivar o nosso turismo. No esporte, apesar de ter construído a Areninha, com muito incentivo, nós precisamos ampliar ações, como o triatlhon [ocorrerá em agosto].

 

Por que a escolha de Bento Lima para disputar a eleição deste ano?
Ele é um gestor, conhece a máquina administrativa. Hoje, o equilíbrio fiscal que nós temos, com salários em dia, valorização do servidor, reajuste, tíquete, convênios, tem participação dele. Além disso, tem mestrado e conhecimento de gestão pública. Isso é bom porque não desanda.

 

O fato de ele não ser um político em atividade e nunca ter sido prefeito nem vereador, também foi levado em conta?
Claro. Porque ele é nome novo na política. Como Jerônimo [Rodrigues] na eleição de 2022. Jerônimo era secretário e virou governador. Nossa estratégia é mais ou menos com foi feito com o governo do estado. E Bento é uma pessoa preparada. Não estamos pegando qualquer um. Até porque a gente precisa manter a responsabilidade e o ritmo de crescimento, de desenvolvimento, de chegada e atração de empresas importantes. Hoje, o comércio de Ilhéus não reclama do desenvolvimento. 

 


Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias

 

Como Bento Lima vai responder a questões espinhosas enfrentadas pela prefeitura, como a da Operação Trapaça, da Polícia Federal (PF), sobre supostas irregularidades durante a pandemia da Covid-19?
Primeiro, tem que fazer o que nós fizemos. Ilhéus foi referência em Covid no interior da Bahia. Fizemos um hospital de campanha. É claro que na hora daquela emergência é natural que possa ter tido alguma falha. De qualquer forma, as investigações estão em andamento. Se tiver algum culpado vai ter que responder, e todo mundo tem direito a defesa. Mas o mais importante, e eu fico tranquilo em relação a isso, é que não morreu ninguém por falta de aparelho. No Amazonas morreu gente com falta de ar dentro do hospital e tem pessoas respondendo por isso. Em Ilhéus, não. Atendemos os ilheenses e pacientes de cidades até do sertão.

 

Já está definido o pré-candidato a vice de Bento Lima?
[Risos] Eu acho que o nosso trabalho agora é de apresentar o nome de Bento. Trabalhar, junto com a deputada Soane Galvão (PSB), e outras lideranças. É hora de nossa equipe, nosso grupo, botar o pé na estrada nesses 30 dias. Mostrar o que a gente fez, os avanços. Firmar essa parceria com o governo do estado, já que ele [Bento] é um candidato do PSD, partido do nosso senador Otto Alencar. Agora, a escolha do vice deve sair próximo da convenção. Meu atual vice [Bebeto Galvão, já rompido], por exemplo, foi escolhido no dia da convenção.

 

Há ainda alguma possibilidade composição com a pré-candidata Adélia Pinheiro? No último Dois de Julho, o governador deixou a entender que podia haver uma aproximação.
Nós estamos trabalhando forte. Nosso candidato, que é o candidato do governo do estado, se chama Bento. Eu sou o prefeito e tive legitimidade de indicar nosso candidato. Tive esse reconhecimento de ser eleito na primeira vez com mais do dobro de votos do segundo colocado, e com quase o dobro de vantagem na segunda eleição. A gente vai buscar fazer política agregando. Eu nunca fui um homem de ficar brigando. Não brigo com adversário quanto mais com aliado.

 

Em caso de a eleição se estadualizar, quem ficaria mais evidente, Bento Lima ou Adélia Pinheiro?
Essa estadualização nunca foi vista na cidade. O povo de Ilhéus, pelo que conheço, vota mais nas pessoas. É claro que existe a influência. ‘Ah candidato de Lula, candidato de Bolsonaro’. Se fosse assim, o PT por causa de Lula ganharia em Ilhéus. E o PT sempre foi contra mim em Ilhéus e sempre ganhei sem o PT. Então, isso é muito relativo da influência do governo, de Neto. É claro que quando existe aliança, a gente junta todo mundo e é a soma do exército, né?

 


Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias

 

Então, o seu desgaste é mais com o PT local do que com o partido na Bahia.
Não temos dúvida. O PT local fala mais mal de mim do que da turma de Bolsonaro e de ACM [Neto]. Eu quero entender um pouco o que é que tá se passando no pensamento do PT local. É claro que pode ser estratégia. Agora, botou uma candidata que não conhece Ilhéus. ‘Ah que as gestões foram péssimas em Ilhéus’. A mulher nunca fez uma campanha em Ilhéus. Como é que ela pode dizer isso? Ela está querendo saber dos problemas de Ilhéus agora? Ela está fazendo reunião para saber os problemas da cidade. Eu conheço os problemas de Ilhéus. É uma cidade com 1.540 quilômetros quadrados. Ela não deve saber. Eu já vivi isso, fui vice-prefeito, fui prefeito, minha mãe foi vice-prefeita. Tem que ter um histórico.

 

O senhor já foi aliado do PT, não foi?
Fui candidato a vice do PT de Ilhéus. Agora o PT infelizmente ficou assim.

 

E o prefeito Mário Alexandre vai fazer o quê depois de dezembro?
Eu sou um soldado. Sou sempre a favor da composição. Vou ajudar onde quiserem que eu ajude. Vou estar à disposição do governo, para que a gente possa estar articulando a região, podendo ajudar junto aos prefeitos. Tenho grandes amigos prefeitos. Então eu quero ajudar a população e servir.