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Sistema de secagem de cacau criado na UESC tem patente reconhecida pelo INPI

Por Vitor Castro

Sistema de secagem de cacau criado na UESC tem patente reconhecida pelo INPI
Foto: Arquivo pessoal - Jorge Henrique Sales

Após um trabalho de pesquisa que durou cerca de dez anos, um sistema desenvolvido na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), em Ilhéus, que usa o calor do sol para secar amêndoas de cacau, obteve a patente concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Com a promessa de reduzir custos na secagem da matéria-prima do chocolate, quando comparado ao método tradicional, o equipamento leva menos da metade do tempo para chegar ao resultado final. 

 

O inventor do Sistema Vertical de Secagem Solar é o professor doutor em Física Jorge Henrique Sales. Ele explica que o método tradicional das barcaças, espaços a céu aberto, onde as amêndoas são deixadas para secar ao sol e, eventualmente são reviradas para garantir um bom resultado, traz pontos negativos como a contaminação do insumo, já que o revolvimento do material é feito manualmente, além do contato com poeiras, penugens e fezes de pássaros.

 

Foto: Divulgação / Dr. Jorge Henrique Sales, inventor do sistema 

 

Já o secador patenteado é um sistema fechado, o que reduz estes riscos, como explica o inventor. “É um secador vertical, como se fosse uma geladeira com bandejas. As amêndoas ficam nestas bandejas perfuradas. O sol transfere energia para dentro desse secador que cria uma corrente de convecção. Ao passar pelas bandejas o calor abraça as amêndoas provocando uma secagem que, se no método tradicional leva em média sete dias, neste secador, dura uma média de 3 dias”, explicou, salientando que o sistema não requer energia elétrica, já que é aquecido pelo calor do próprio ambiente. 

 

Na parte de cima do equipamento há um exaustor por onde o ar quente passa. "As bandejas onde as amêndoas ficam acomodadas têm pequenos furos. Daí, por meio da convecção, o ar quente, mais 'leve', entra por baixo do equipamento e sai pela parte de cima. Esse calor abraça todas as amêndoas provocando a secagem. Uma das principais observações que fizemos é que no método tradicional a secagem leva cerca de sete dias, já no sistema, a secagem dura em média três dias", disse.  

 

Ainda de acordo com Jorge Henrique, dois secadores equivalem a 4 barcaças. O que possibilita a secagem de 300kg a 400 kg de sementes frescas. 

 

Foto: Arquivo pessoal - Jorge Henrique Sales

 

Ainda de acordo com o inventor, um levantamento feito por ele e por sua equipe em 2019 revelou que o custo para a construção de uma barcaça chegava a cerca de R$ 40 mil. Já para aquisição do secador, os interessados devem desembolsar de R$ 10 mil a R$ 15 mil. "Também desenvolvemos um modelo com sensor, que é capaz de regular a temperatura interna. Em se tratando da secagem do chocolate gourmet, por exemplo, que precisa estar entre 25 e 30 graus, esse é um diferencial para o produto final", disse.

 

O sistema foi desenvolvido com o auxílio do programa de modelagem computacional da UESC, o que, de acordo com o inventor, foi de grande relevância para o projeto. Ele comemorou o reconhecimento do INPI e a conquista da patente. "O objetivo principal é que o produtor carente, que não tem acesso a tantas tecnologias, possa se valer dessa tecnologia mais barata, mais eficiente. É uma grande felicidade ter um trabalho de mais de 10 anos sendo reconhecido a este nível", celebrou.