Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias
Você está em:
/
Notícia
/
Salvador

Notícia

Censo 2022: Vereadores planejam debate por queda populacional na capital baiana; saiba mais

Por Flávia Requião

Foto: Flávia Requião / Bahia Notícias
Foto: Flávia Requião / Bahia Notícias

A divulgação do Censo 2022 pegou os soteropolitanos de surpresa após indicar que Salvador caiu no ranking de capitais mais populosas do Brasil. Em 2010, o dado indicou que a capital baiana era a terceira maior do país, no entanto, esse ano caiu para a 5ª colocação. (Veja aqui).

 

A razão para a queda inesperada ainda tem sido discutida e os vereadores da Câmara Municipal de Salvador (CMS), que estão de recesso, já planejam voltar debatendo o tema.

 

Silvio Humberto (PSB) enfatizou que a discussão na Casa precisa ser realizada. “É um tema que a cidade precisa discutir. É evidente que a gente pode propor, com os instrumentos que nós temos de audiência pública, para discutir para além dos números, do porquê que isso aconteceu, quais são as implicações disso?”, disse.

 

Para o vereador, a queda da população soteropolitana pode impactar no Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e “vai ser mantido independente do que aconteceu com o resultado da população e considerando também os problemas que nós tivemos com o censo, mas eu sempre avalio que é melhor ter um dado do que não ter dado nenhum”.

 

Humberto também comentou sobre a ascensão da capital do Ceará na lista. “A gente já tinha perdido essa liderança anteriormente quando Fortaleza é primeiro PIB do nordeste, isso já tinha acontecido no ano passado, isso mostra mesmo a falta de dinamismo na cidade. Então eu acho que uma discussão que os números demonstram é uma realidade, pode estar relacionada também com a questão do IPTU”, explicou.

 

Já Cláudio Tinoco (União) citou vários pontos de discussão que precisam ser tratados no debate na Câmara. “Uma das primeiras preocupações quando a gente toma conhecimento é saber das consequências do ponto de vista da receita do município. Até mesmo porque nós aprovamos a semana Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2024, mas independente do valor absoluto da queda, Salvador mantém-se na mesma linha de manutenção do Fundo de Participação dos Municípios. Além disso, o próprio presidente Lula sancionou ontem uma lei que prevê um escalonamento, para os municípios que tiveram perda de população e consequentemente um reflexo disso na sua receita de transferência. Então nesse aspecto não vai haver nenhum prejuízo para Salvador”, esclareceu.

 

Outro ponto para Tinoco a ser debatido é o fato da queda de população de fato. “Da análise dos dados, a gente vai ter que aguardar um pouco. A divulgação de outros relatórios associados de fato todos foram pegos de surpresa. É uma queda significativa em torno de dez por cento em doze anos. A gente tem ouvido alguns especialistas para poder formar um juízo também e para não se precipitar entre aquilo que a gente tem ou de ontem para cá possíveis origens com a migração de população de Salvador para municípios da região metropolitana ou outros municípios da Bahia. Municípios inclusive que expandiram a oferta habitacional na região metropolitana, como Camaçari, Lauro de Freitas, uma migração realmente associada a uma oportunidade que tem as pessoas, não só de ter uma habitação mais barata, mas também oportunidades de trabalho. Esse é um outro elemento”, disse.

 

Além disso, o vereador citou que ainda é cedo para fazer uma análise da quantidade de pessoas, atribuidas as questões do bem-estar ou da qualidade de vida. “Isso inclusive a indicadores de violência, de homicídio em Salvador, que isso de certa forma também faz com que as pessoas migrem buscando um melhor bem-estar, uma melhor qualidade de vida, a gente não vai até se precipitar para colocar isso”.

 

Outro fator dito pelo político foi a estagnação do êxodo rural na cidade após um crescimento desordenado. “Isso levou inclusive a uma série de, vamos dizer assim, consequências negativas como construções em áreas de risco, expansão da cidade sem vincular a implantação de serviços ou infraestrutura, como é sobretudo a região do subúrbio e tudo isso sempre foi associado ao chamado êxodo rural, as pessoas saírem do interior da Bahia para virem para capital em busca de oportunidade de trabalho, mas também de acesso a serviços, a melhor infraestrutura. Bem, [a queda na população] seria um ciclo que de repente estagnou e volta agora para um outro processo, até mesmo porque outras cidades brasileiras também tiveram queda, outras sobretudo cidades como é o caso de São Gonçalo no Rio de Janeiro, a própria cidade do Rio de Janeiro. Então, talvez seja uma tendência de interiorização. Então, eu acho que é momento agora de reflexão”, afirmou.

 

E, por último, Cláudio defendeu que é preciso ser conversado sobre a metodologia do Censo. “Nós sabemos que esse censo foi produzido com muita polêmica. Enfim, teve o período de pandemia, tem a questão de acesso de recenseadores a localidades com dificuldade, enfim. Claro que a gente não pode atribuir a qualquer um desses elementos de forma  isolada, mas a gente tem que sim trazê-los para um conjunto de fatores para que a gente possa realmente assimilar”, concluiu.

 

Associado ao último ponto trazido por Tinoco, o também vereador Isnard Araújo (PL) questionou a efetividade do Censo e acredita ser um absurdo Salvador ter menos pessoas que Fortaleza, por ser uma metrópole bem grande e agitada.

 

“Esse censo de fato está correto? Porque é difícil acreditar que Salvador tenha diminuído. A gente sabe que em Salvador, a população nasce mais do que morre. Então eu não sei”, justificou.

 

O vereador declarou que levará a questão para ser conversada na Câmara para analisar se de fato a capital baiana está diminuindo. “Porque na prática a gente não vê isso, na prática se vê por Salvador muito grande, você vê as às unidades cada dia mais tomadas as populações ribeirinhas, as populações que vivem nas comunidades crescendo muito. Então eu não creio que tenha caído não e também é pouco provável que Fortaleza tenha crescido além de Salvador. Vamos discutir muito isso aí”, insistiu.