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No Senado, Campos Neto defende autonomia do BC e diz que Brasil teve “pouso suave” no controle da inflação

Por Edu Mota, de Brasília

Campos Neto no Senado
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Os juros no Brasil ainda estão altos, mas já estiveram em patamar muito mais elevado; Banco Central promoveu um “pouso suave” para redução da inflação e consequente retomada do crescimento e geração de emprego; instituições internacionais destacam importância da autonomia do BC. Essas foram algumas das justificativas dadas pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em sessão especial no Senado na manhã desta quinta-feira (10), para decisões recentes do órgão. 

 

O presidente do Banco Central compareceu ao Senado para explicar as posições tomadas em relação à inflação e à estabilidade financeira, como o corte, na semana passada, de 0,5% na taxa básica de juros, a Selic. Campos Neto afirmou que a principal mensagem que procurou deixar aos senadores foi a constatação de que o BC atuou corretamente ao promover um “pouso suave” da inflação. 

 

“O Banco Central fez um bom trabalho em termos de pouso suave, que é trazer a inflação para baixo com o mínimo de custo possível. Se a gente comparar o que caiu com a inflação no Brasil, proporcional ao que gerou ou ao que aconteceu no emprego e o que aconteceu com o crescimento econômico, a gente tem dificuldade de achar um outro país no mundo que tenha conseguido reduzir a inflação nessa mesma proporção, quase sem alteração no crescimento e com geração de emprego no mesmo período”, disse. 

 

O presidente do Banco Central admitiu que a taxa de juros real no Brasil é alta, principalmente se comparada com a de outros países da América Latina. Entretanto, ele ponderou que a diferença vem caindo nos últimos dez anos.

 

“De 2014 a 2019, a taxa de juros no Brasil era 3,6% acima da média. Entre 2021 e 2023, foi 2,9%. Hoje, é 2% acima da média. Então, a taxa de juros real do Brasil hoje é alta? Sim, é. Mas ela é bem menos alta em relação à média do que foi no passado. Essa crítica de que a taxa de juros é muito alta é verdadeira, mas não resiste à análise comparativa intertemporal”, afirmou.

 

Ao defender a autonomia do Banco Central, que vem sendo alvo de críticas de membros do governo Lula e parlamentares governistas, Campos Neto citou elogios feitos por instituições internacionais. Para o presidente do BC, esses elogios confirmam que a aprovação da autonomia da instituição pelo Congresso Nacional tem mostrado “grandes frutos”. 

 

“Quando melhoraram a nota do Brasil, quando a gente olha o FMI ter elogiado, quando a gente olha as revisões da Febraban, quando a gente olha todos esses índices de termômetros, em todos eles, em 100% deles, é mencionada a autonomia do Banco Central, assim como é mencionada a política de juros do Banco Central como fator decisivo. A Moodys mencionou, o S&P mencionou, a Fitch mencionou, a reportagem do Economist faz um grande elogio à política de juros do Banco Central, o relatório recente da Goldman destaca a estabilidade do Banco Central. Então, eu acho que o que foi atingido com a ajuda do Congresso em termos de aprovar a autonomia, e essa capacidade do BC de gerir a crise de forma autônoma e técnica, tem mostrado grandes frutos”, declarou Roberto Campos Neto.

 

A autonomia do Banco Central também foi elogiada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Na abertura da sessão, Pacheco classificou a autonomia da instituição como um “valoroso instrumento”, mas reforçou o dever da autoridade monetária de prestar contas ao Congresso Nacional sobre a condução da política de juros.

 

“O Banco Central deve prestar contas ao Poder Legislativo e, consequentemente, a todos os brasileiros e brasileiras sobre sua atuação na qualidade de condutor da política monetária nacional. A autonomia do Banco Central é um inegável avanço institucional e protege a instituição de eventuais ingerências e decisões de curto prazo por pressões do processo eleitoral”, afirmou o presidente do Senado. 

 

Pacheco falou também sobre a decisão recente do Comitê de Política Monetária do Banco Central de reduzir a Selic de 13,75% para 13,25% ao ano. Para o senador, o corte na taxa de juros era “um clamor da sociedade”. 

 

“Quero enaltecer a decisão do Copom de cortar meio ponto percentual da taxa básica de juros, tendo em vista que as expectativas inflacionarias têm se mostrado controladas. A queda da Selic era um clamor da sociedade porque uma taxa mais alta prejudica a geração de empregos e o crescimento da economia”, declarou Rodrigo Pacheco.

 

Outro elogio à atuação do Banco Central no controle da inflação foi dado pelo senador Angelo Coronel, do PSD da Bahia. O senador disse que a política monetária conservadora é uma questão de justiça social, mas, para ele, é preciso manter uma redução constante da taxa Selic até o final do ano.

 

“O Banco Central tem conseguido controlar a inflação, garantindo estabilidade econômica e tranquilidade para a população e os investidores. O imposto inflacionário recai sobre todos, sem autorização legislativa, e afeta de forma desproporcional os mais vulneráveis. A redução dos juros na última reunião do Copom abre caminho para um ciclo de queda. Não tenho dúvidas de que, até o final do ano, a taxa Selic pode beirar os 10%. Torço por isso”, afirmou o senador Angelo Coronel.

 

Coronel questionou o presidente do BC sobre o volume de papel moeda em circulação no Brasil. Campos Neto respondeu afimando que esse volume hoje é de R$ 285 bilhões, ou R$ 10 bilhões a menos do que o verificado em 2022. O presidente do BC disse ainda que a digitalização da moeda por meio de ferramentas como o PIX e o recém-lançado Drex tende a reduzir a circulação de dinheiro em espécie.

 

"Umas das coisas que a gente tem uma economia grande é porque não precisa gastar tanto tempo e tanto dinheiro imprimindo papel moeda. Por outro lado, a gente gasta mais em tecnologia. O PIX tem um custo de manutenção que vai subindo, porque são 140 milhões de negociações por dia. A medida que isso vai acontecendo, o papel tende a diminuir. Se vai deixar de existir, é difícil fazer essa previsão", respondeu Roberto Campos Neto.