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Para evitar conflitos, Pacheco pode ceder privilegiado gabinete antigo do PSDB à Mesa; entenda

Por Edu Mota, de Brasília

Liderança do PSDB no Senado
Foto: Edu Mota / Brasília

Motivo de intensa disputa de bastidores entre as bancadas dos principais partidos no Senado, o prestigiado gabinete que abrigava há mais de 20 anos a Liderança do PSDB está próximo de ter um novo dono. O espaçoso gabinete, localizado no Salão Azul, em frente do Plenário, e que foi desocupado pelo PSDB neste mês de outubro, vem sendo reivindicado pela Secretaria Geral da Mesa, um dos principais órgãos do Senado. 

 

O PSDB, que já teve uma das maiores bancadas do Senado, vem passando por acentuado processo de redução de seus quadros a cada eleição, e, ao perder neste ano o senador Alessandro Vieira (SE) para o MDB, ficou com apenas dois parlamentares em sua bancada. De acordo com as regras impostas pela Presidência da Casa, para ter direito a usufruir da estrutura de liderança, com gabinete, cargos e automóvel funcional, é preciso que o partido tenha ao menos três senadores. 

 

Como já estava há mais de 90 dias com apenas dois senadores (Izalci Lucas, do DF, e Plínio Valério, do Amazonas), o PSDB acabou perder o disputado gabinete. O líder do PSDB, Izalci Lucas, ainda tentou filiar o senador Marcos do Val, do Podemos, para não perder os privilégios do partido. A direção nacional do PSDB, entretanto, vetou a entrada do parlamentar no partido, devido a seu envolvimento com iniciativas golpistas do ex-presidente Jair Bolsonaro.

 

Sem conseguir filiar o terceiro senador, os tucanos perderam não somente o gabinete, mas tiveram também 17 funcionários exonerados neste mês de outubro. No entanto, dias depois da exoneração, alguns dos funcionários exonerados foram recontratados pelo "Gabinete da Liderança do PSDB". No total, oito dos 17 que haviam sido exonerados foram recontratados, entre os dias 16 e 25 de outubro, com o salário mais baixo oferecido pelo Senado.

 

Fundado em 1988, o PSDB começou a disputar eleições para a Câmara dos Deputados e o Senado em 1990. Naquele ano, o partido elegeu apenas um senador, e a quinta maior bancada da Câmara, com 38 deputados. Na eleição seguinte, em 1994, na esteira do sucesso do Plano Real e da candidatura vitoriosa de Fernando Henrique Cardoso para a presidência, o PSDB saltou para uma eleição de nove senadores e 63 deputados, se consolidando como a terceira maior bancada da Câmara. 

 

Na eleição de 1998, com a renovação de apenas uma cadeira por estado, o PSDB teve quatro senadores eleitos, que se juntaram aos nove de 1994 e formaram uma bancada de 13 senadores. Para a Câmara, foram eleitos 99 deputados, apenas seis a menos que os 105 da maior bancada formada pelo PFL, com 105 parlamentares.

 

A partir da eleição de 2002, ao final do governo FHC, o PSDB começou a sua rota de queda, apesar de ter eleito oito senadores naquele ano, e 70 deputados, apenas a quarta bancada. Em 2006, foram cinco os senadores tucanos eleitos, e um total de 65 deputados, o que colocava o partido com a terceira maior bancada. Já na eleição de 2010, após a terceira derrota dos tucanos nas disputas presidenciais contra o PT, foram apenas seis os senadores eleitos pelo partido. Para a Câmara, o PSDB elegeu 54 deputados, ainda a terceira maior bancada.

 

Em 2014, em disputa com apenas um terço das cadeiras por estado, o PSDB elegeu quatro senadores, e os mesmos 54 deputados do pleito anterior. Já em 2018, foram novamente quatro os senadores eleitos pelo partido, e uma queda mais acentuada para a Câmara, com apenas 29 cadeiras tucanas. Por fim, em 2022, o PSDB foi considerado um dos maiores derrotados naquele pleito, ao não eleger nenhum senador e apenas 18 deputados, atuando em federação partidária com o Cidadania. 

 

Ao definhar politicamente e chegar aos dias atuais com apenas dois senadores, o PSDB passou a ter o seu gabinete de Liderança ambicionado por diversos partidos. Mesmo antes do fim do prazo dado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para que conseguisse filiar mais um senador, partidos como o MDB, o PSD, o União, o PL e o Podemos já se movimentavam em reivindicações de bastidores pelo amplo e bem localizado espaço.

 

Em meados deste mês, e em meio a perda definitiva da sala, líderes partidários enviaram ofícios à Diretoria Geral demonstrando interesse em ocupar o Gabinete. A Liderança da bancada feminina do Senado (que tem à frente a senadora Daniella Ribeiro, do partido de Rodrigo Pacheco) e a Liderança do Governo também manifestaram sua intenção de se instalar no conjunto de salas em frente ao Plenário, uma disputa de bastidores que obrigaria o senador Rodrigo Pacheco a ter que escolher quem seria o partido ou a Liderança premiada com o gabinete. 

 

É possível, entretanto, que o espaço seja ocupado pela Secretaria Geral da Mesa, que tem suas instalações ao lado do agora ex-gabinete da Liderança do PSDB. O órgão, um dos mais importantes para o funcionamento do Senado, há tempos vinha reivindicando um aumento de seu espaço, já que possui 15 departamentos para a gestão de todo o processo legislativo. 

 

O conjunto de salas da Liderança do PSDB possui amplos gabinetes, uma sala de reuniões e espaço para equipe técnica. Atualmente, o secretário-geral da Mesa, Gustavo Sabóia Vieira, ocupa uma sala dentro do espaço da Secretaria que é considerada acanhada, e que não possui sequer uma antessala para visitas. 

 

Diante da possibilidade de garantir instalações melhores para o seu braço direito nas sessões plenárias, ou ter que fazer uma escolha difícil de conceder o espaço para um partido em detrimento de outro, existem apostas nos corredores do Senado de que os novos donos do antigo espaço do PSDB serão os antigos vizinhos dos senadores tucanos.