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Diretor artístico, Gil Alves defende horizontalidade para combater o racismo dentro dos ambientes de produção

Por Eduarda Pinto / Camila São José

Diretor artístico, Gil Alves defende horizontalidade para combater o racismo dentro dos ambientes de produção
Foto: Eduarda Pinto / Bahia Notícias

Protagonismo do povo negro na produção artística e cultural, e uma relação horizontal entre chefia e equipe. Esse foi o ponto defendido pelo diretor artístico e criativo, e produtor audiovisual Gil Alves, em conversa com o Bahia Notícias neste sábado (4) durante o Festival Internacional Liberatum Salvador no Centro de Convenções. 

 

O soteropolitano começou a trabalhar no universo da arte com a dança – ele é formado pela Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) – e foi lá que os questionamentos quanto à participação e liderança de profissionais negros começou a surgir. 

 

“Comecei com a dança, mas com a dança eu já atuava em outras áreas dentro do processo artístico, dentro do fazer artístico. Aos poucos eu fui entendendo como eu era usado para entregar o meu trabalho e como as pessoas conduziam para eu não assinar aquilo que eu estava fazendo, até o momento em que eu consegui virar essa chave”, contou. “Isso foi um processo de autoconfiança”.

 

Conhecido por atuar na direção artística de shows, espetáculos e festivais, como: Show Encontro de Fenômenos, Projeto Concha Negra, Projeto Afro Fashion Day, Prêmio YouTube Vozes Negras, Festival Afropunk Bahia, o próprio Liberatum e também na concepção artística e criativa de projetos audiovisuais, Gil Alves reforçou a importância de ter uma perspectiva horizontal de trabalho e assegurar espaços a pessoas pretas. 

 

“É muito importante eu estar aqui, eu ter uma diretora executiva preta, um produtor executivo preto, diretor técnico preto, um coordenador de imprensa preto, para que todo mundo que está colaborando com a gente se espelhe e consiga”, disse. 

 

“Dentro da minha forma de direcionamento horizontal, todo mundo pode colaborar. Então, eu procuro sempre ter uma equipe diversa, inclusive, porque assim eu acho que é o ponto de virada. Quando você tem uma equipe diversa, você escuta sua equipe, está no mesmo lugar que ela, no mesmo nível no sentido psicológico mesmo”.

 

Como exemplo da ineficiência de uma gestão verticalizada, Gil Alves citou a sua própria experiência. “Fica um mix de medo, insegurança quando você está recebendo ordem de uma pessoa de forma vertical e não horizontal, ainda mais se a pessoa for branca. Eu passei por situações, em todos os lugares eu passei por situações, em todos os festivais, eu não vou liberar ninguém aqui, mas acontece muito isso de você ter fornecedores, colaboradores que são pessoas negras, que são bons para caramba, mas basta chegar o diretor que é branco e falar uma palavra, e desabar com tudo, desestabilizar a equipe completamente”.

 

“Então, a minha função no mundo e na vida é o meu foco de tentar horizontalizar todos os discursos, todas as conversas, todos os núcleos dentro de um processo artístico”, destacou.