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Principais jornais do país fazem duras críticas a Lula por apoiar denúncia da África do Sul contra Israel

Por Edu Mota, de Brasília

Lula e o embaixador da Palestina
Foto: Reprodução Youtube

Os três principais jornais do país – Folha de S.Paulo, O Globo e Estado de S.Paulo – fizeram duras críticas, nesta sexta-feira (12), ao apoio dado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à iniciativa da África do Sul em denunciar Israel no Tribunal de Haia. Na última quarta (10), Lula endossou a denúncia por “genocídio” feita pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça da ONU, além do pedido de investigação de “atos e medidas que possam constituir genocídio ou crimes relacionados”.

 

O apoio de Lula à ação da África do Sul ocorreu no mesmo dia em que o presidente se reuniu com o embaixador da Palestina em Brasília, Ibrahim Alzeben. Os três jornais, em seus editoriais, taxaram a decisão do presidente brasileiro de “infeliz”, “lastimável”, fruto de “ignorância ou má-fé”, entre outros adjetivos.

 

O Estadão, por exemplo, afirmou que Lula quer “posar de estadista”, mas, ao decidir endossar formalmente uma acusação “infundada” de genocídio contra Israel, revelaria que lhe falta o básico para governar: “prudência”.

 

“Pouco importa se esse alinhamento decorre de ignorância, cálculo político ou má-fé do presidente Lula da Silva e dos acólitos que o orientam na condução da política externa. O fato é que o Brasil só tem a perder se imiscuindo dessa forma lamentável numa questão muitíssimo complexa – e para a qual não está devidamente apetrechado para exercer qualquer influência relevante”, afirma o jornal paulista.

 

Na mesma linha, o jornal carioca “O Globo”, em um editorial com o título “Endosso de Lula é agressão injusta a Israel”, classifica como “lastimável” a decisão do presidente Lula de aderir à petição apresentada pela África do Sul à Corte Internacional de Justiça (CIJ). O Globo defende que ao atender ao pedido do embaixador palestino no Brasil, Lula teria violado a tradição de equilíbrio da diplomacia brasileira, além de ter banalizado uma acusação que, segundo o jornal, fortalece vertente insidiosa do antissemitismo contemporâneo. 

 

“Ainda que a CIJ ordene medidas emergenciais, é difícil haver efeito na guerra. O caso em nada ajudará a luta justa – apoiada pelo Brasil – em favor de um Estado palestino ao lado de Israel. Sua única contribuição, ao associar as palavras “genocídio” a Israel, será avivar o paralelo ofensivo entre nazistas e o Estado judeu, obsessão do antissemitismo contemporâneo. Com o aval de Lula”, conclui O Globo.

 

O jornal paulista Folha de S.Paulo também fez fortes críticas à decisão da diplomacia do governo Lula, e considera que o Brasil erra ao deixar de tomar uma posição de equidistância em relação ao Oriente Médio. Em seu editorial, a Folha destaca relatório recente da Human Rights Watch que aponta a oscilação de líderes mundiais quando se trata de condenar violações dos direitos humanos.

 

Segundo a Humans Rights Watch, os líderes tendem a fazer vista grossa quando os perpetradores das violações são governos aliados, assim como carregam nas tintas em casos em que os violadores são adversários. O presidente brasileiro é um dos líderes citados pela organização global como adepto dessa tese.

 

“O documento em que o endosso foi anunciado não explica por que o Brasil considera estar havendo crime com essa caracterização na Faixa de Gaza. Genocídio é a ação deliberada para exterminar um grupo. Genocidas foram os nazistas contra judeus e outras minorias na 2ª Guerra Mundial, o Império Otomano contra armênios em 1915 e 1916 e hutus contra tutsis em Ruanda em 1994. A reação de Israel ao massacre, estupro e sequestro de civis cometido por terroristas do Hamas merece críticas, mas não justifica o abandono da equidistância tradicionalmente abraçada pelo Brasil”, defende a Folha.