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Coluna

Desafio Ambiental: Projeto Repense Reuse impulsiona a economia circular na capital baiana

Por Lenilde Pacheco

Desafio Ambiental: Projeto Repense Reuse impulsiona a economia circular na capital baiana

A imagem de uma montanha formada por milhares de roupas usadas, no deserto do Atacama, no norte do Chile (cerca de 1.800 km da capital Santiago), é impactante e deve ser vista como um alerta para os cuidados necessários ao pós-consumo de têxteis em todo o planeta. Na Bahia, essa temática movimenta a agenda de sustentabilidade da ong Humana Brasil, com bons resultados econômico e ambiental.


Cabe observar que a indústria da moda está no ranking das mais poluentes do mundo, depois da produção de petróleo. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que é responsável por 8% dos gases do efeito estufa e por 20% do desperdício de água no mundo.

 


A imagem do cemitério de roupas no deserto do Atacama é o penúltimo estágio, que antecede os lixões clandestinos, triste destino final de aproximadamente 50% daquelas peças usadas, descartadas em países ricos da Europa ou nos Estados Unidos.


Na Região Metropolitana de Salvador, essa poluição tem sido minimizada pelas mãos de uma equipe de profissionais e voluntários da Humana, articulados pelo Projeto Repense Reuse. Com ações em curso desde 2021, o trabalho está baseado no conceito de economia circular para prolongar a vida útil do produto têxtil.


A operação começa em 140 contêineres instalados em dezenas de bairros, visando a coleta de roupas doadas no pós-consumo. Todo o material têxtil – doado voluntariamente – é recolhido e passa por uma curadoria no Centro de Armazenamento e Triagem, no município de Lauro de Freitas. Cada peça é categorizada, classificada e higienizada.


Na etapa seguinte, as roupas usadas podem ser direcionadas às Lojas Humana, brechós sustentáveis que funcionam na Rua Direita da Piedade, no centro de Salvador, e no bairro de Itapuã. Os itens são comercializados a baixo custo, proporcionando economia para quem precisa comprar roupa e incentivo ao consumo consciente.

 


O resultado das vendas é destinado aos projetos sociais da Humana Brasil, organização sem fins lucrativos. Os itens reprovados para o brechó ganham outra destinação. São encaminhados para a reutilização criativa, trabalho de transformação em novas peças por costureiras capacitadas nos projetos sociais da Humana Brasil. Desde 2021, os pontos de coleta registram doações diárias. Ao total, já foram coletadas 350 toneladas de roupas usadas.


Neste período, o projeto também contribuiu para gerar emprego e renda na Região Metropolitana de Salvador. O assistente administrativo da ong Humana, Cleiton Alves, fala com entusiasmo sobre sua participação no  trabalho social. “Trabalhar no Repense Reuse é uma oportunidade de integrar um projeto inovador que proporciona impacto positivo para as  comunidades local e global, diante das preocupações sociais e ambientais crescentes”, enfatiza.


Para a gerente de Implementação do Projeto, Cláudia Andrade, os bons resultados levam a organização a reforçar as iniciativas de economia circular e desenvolvimento social. “Na Bahia, estamos iniciando a expansão pelo município de Madre de Deus e vamos seguir com a ampliação dos pontos públicos e privados da capital”, disse. “Também vamos implementar o projeto em Sergipe e Pernambuco para disseminar as boas práticas de reuso”.


O Projeto Repense Reuse foi vencedor do Prêmio Bahia Sustentável, ação da Secretaria do Meio Ambiente da Bahia, na categoria Tecnologia Social Sustentável. A premiação destacou a iniciativa por contribuir com a economia circular. Desde 2021, o projeto gerou mais de 50 postos de trabalho.

 


Grande parte da roupa coletada está cheia de poliéster, resina plástica derivada do petróleo, que passou a ser amplamente utilizada pela indústria têxtil por tornar as peças do vestuário mais econômicas, leves, sem nunca amassar. Porém, demoram mais de um século para se desintegrar (o algodão leva 2,5 anos) e pior: com o passar do tempo, a roupa com poliéster desgasta e libera microplásticos na atmosfera. Daí, o alerta: sempre que a atividade humana degradar o ambiente, é preciso observar que a restauração é muito mais difícil que a proteção de um ecossistema.