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Do traço de nanquim ao sucesso: Como brincadeira transformou Elano Passos em um dos principais artistas baianos da atualidade

Por Manuela Meneses

Do traço de nanquim ao sucesso: Como brincadeira transformou Elano Passos em um dos principais artistas baianos da atualidade
Foto: Igor Barreto / BN Hall

Baiano de nascimento, alma e coração. Arrisco dizer que Elano Passos, um nome “recente”, como ele diz, nas artes plásticas, é um dos principais destaques do ramo da atualidade. Há cerca de seis anos dedicando a vida à arte, ele se descobriu nesse meio enquanto desenhava ao lado do filho, que hoje tem 21 anos. Sim. Uma linha feita num papel, com caneta nanquim, foi capaz de traçar um novo destino para o baiano. Desde lá, Elano vem trabalhando uma de suas principais características, que torna suas obras reconhecíveis em qualquer lugar: o traço simples e ainda assim tão completo. 

 

“Eu usava para reunião, andava com uma agenda e uma caneta nanquim, mas nunca utilizei para desenhar. Sempre desenhei com grafite. Na minha vida toda, eu sempre adorei desenhar. O nanquim estava na mesa, peguei, fiz um desenho”, contou. 

 

Celebrando o Dia do Artista Plástico, Elano esteve na redação do Bahia Notícias à convite do BN Hall. Durante o bate-papo, o artista contou que o seu primeiro desenho foi o que lhe abriu as portas para que hoje ele pudesse viver inteiramente do que mais ama fazer. “Eu publiquei numa rede social naquela época e uma arquiteta se interessou querendo saber onde que comprava e tudo começou dessa forma”, lembrou.

 


Foto: Igor Barreto / BN Hall 

 

Sempre inserido no mundo da arte, desde o período escolar, começou a trabalhar como designer digital, permanecendo na área por cerca de duas décadas. “Me desligar do design foi uma coisa muito natural, porque as coisas foram crescendo de uma forma muito exponencial. Hoje eu tenho muito essa vontade de crescer, de me provocar sempre com artes plásticas”, relatou.

 

Atualmente, a arte de Elano Passos está em tudo, até no próprio corpo, onde carrega também o seu amor pela Bahia e pela música com tatuagens de Yemanjá, do Bonfim, de um barquinho e até uma homenagem ao Jazz. A cantora Ju Moraes - à frente do Espaço Colaboraê, que abrigava o ateliê do artista - também registrou uma obra dele na pele: uma representação de Yemanjá criada exclusivamente para ela. Paredes, blusas, guardanapos, xícaras, quadros, livros, capas de álbuns e até a borda da piscina de Jéssica Senra já serviram de tela para a extensa criatividade de Elano. 

 


Foto: Igor Barreto / BN Hall 

 


Foto: Reprodução/Instagram

 

“O que me motiva é sempre procurar um suporte novo, um material novo. Recentemente eu comecei a reaproveitar material, indo numa linha bem bacana de sustentabilidade, de reaproveitamento. Isso é uma coisa que vai vir aí pela frente”, anunciou. “Ontem eu estava pintando uma arte com café. Peguei um pouquinho de café antes de misturar com o açúcar, eu peguei no copo e já estava utilizando uma tela, como ferramenta, como suporte”, exemplificou. 

 

Pela quantidade de vezes em que ele se referiu ao café na conversa, o questionei sobre sua relação com essa bebida tão tradicional. Ele me contou que já sofreu uma overdose de cafeína, após comprar uma máquina e experimentar cerca de 10 cápsulas no mesmo dia. Acho que isso já responde parte da pergunta. “Interessante que eu não bebia café, só fui começar a beber quando entrei em agência para trabalhar com designer. Eu odiava o café. E aí o café, computador e ar-condicionado tem tudo a ver e eu nunca mais me desliguei”, relembrou.

 

Sobre o processo criativo, Elano explica que “não tem uma regra, é tudo espontâneo” e que depende, é claro, do objetivo. Se é uma obra encomendada, por exemplo, ou apenas para expressar o que sente. Entre os trabalhos que mais o marcaram, ele destacou uma obra que estava fazendo no aeroporto de Salvador. “Eu estava desenhando uma Nossa Senhora e chegou uma senhora atrás de mim e se benzeu. Aí a lágrima desceu. Porque não estava fazendo apenas um desenho, estava fazendo uma imagem que representava para aquela pessoa uma coisa muito forte”, narrou. 

 

No começo da carreira, o artista tinha sua inspiração nas imagens rupestres e nas artes dos povos indígenas, além de artistas baianos como Miu Monteiro, Bel Borba, Gustavo Maciel e Leonel Mattos. Fazendo uma avaliação sobre o progresso das artes plásticas, que tem observado, Elano ainda se mostrou esperançoso quanto ao futuro da profissão. 


Fotos: Reprodução/Instagram

 

“O cenário [atualmente] é difícil, mas eu acho que é um cenário crescente, superpositivo. É uma coisa incrível viver da arte. As pessoas pegam a arte como uma ferramenta de terapia, só que eu vivo dentro dessa terapia, eu vivo dentro desse mundo”, comentou. “As pessoas me perguntam ‘o que que vai ser amanhã?’ e eu não sei. Eu estou entregue à arte. A arte é minha vida hoje, o que vai acontecer amanhã a gente nunca sabe. O que a gente sabe é que já aconteceu que eu tento sempre criar um legado para que daqui a 50 ou 100 anos, as pessoas olhem e enxerguem a arte com o devido valor, devida necessidade do dia a dia”, acrescentou. 

 

No momento, o artista divide seu ateliê, que fica na Academia Villa Forma, no Rio Vermelho, com Carol Sousa e Celo Hermida. Na redação do BN, Elano ainda revelou que pretende levar seu ateliê para outros estados brasileiros. “A gente está criando uma relação em São Paulo para tentar montar uma estrutura no segundo semestre, deixa acontecer”, anunciou.

 

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