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Opinião: Quando disputas da República Federativa da Bahia influenciam rumos do Brasil

Por Fernando Duarte

Opinião: Quando disputas da República Federativa da Bahia influenciam rumos do Brasil
Fotos: Câmara dos Deputados

A República se tornou refém de brigas provincianas. Depois da rixa dos alagoanos Renan Calheiros e Arthur Lira, agora o Brasil é obrigado a lidar com a rivalidade entre o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Em outras circunstâncias, as disputas por poder seriam até interessantes. Todavia, pelo andar da carruagem, mais provocam tensões desnecessárias do que um debate efetivo sobre o futuro do país.

 

É possível, inclusive, traçar paralelos entre as duas batalhas campais nordestinas. Lira e Elmar são um único corpo sob a ótima de utilizar a Câmara para pressionar o Executivo. Se há algumas semanas a guerrilha entre o presidente da Câmara e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, sobre a tramitação de medidas provisórias tinha como pano de fundo a briga de Lira com Renan, a votação da reorganização da Esplanada dos Ministérios contrapôs Elmar e Rui. Agora, ficou tudo um pouco mais exposto.

 

A rusga entre Elmar e o PT é muito anterior a atual gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Quase ministro, o deputado federal teve que voltar a colocar o paletó da posse no armário depois que o PT baiano vetou que ele fosse ministro. Não é algo novo para o político baiano. Em 2008, quando ainda era deputado estadual pelo antigo PR (atual PL), Elmar também teria chegado a arrumar o traje para ser secretário de Jaques Wagner e não logrou êxito. O presente então repete o passado. De quase aliado, o campo-formosense se tornou um ferino adversário, não permitindo um diálogo possível.

 

Rui, que teve participação no veto a Elmar, ainda que indireta, também não ajuda. Desde que tomou posse na Casa Civil, é possível ouvir de aliados, nos corredores, que a estratégia utilizada pelo ex-governador para lidar com os congressistas tinha grandes chances de dar errado. Controlador da “caneta” do Planalto, o ministro estaria esticando a corda nos mesmos moldes que fazia no comando da Bahia, algo impensável para lidar com raposas da Câmara e do Senado.

 

A cereja do bolo foi a “ilha da fantasia”. Rui foi duro ao falar que Brasília vive deslocada da realidade do restante do Brasil. O ex-governador da Bahia não está inteiramente equivocado, apesar de ter sido infeliz na expressão. Uma parcela expressiva dos políticos que migra para a capital federal realmente vive numa bolha e desconhecem o Brasil real. Tanto que o slogan “mais Brasil menos Brasília” embalou os primeiros meses de Jair Bolsonaro e “empolgou” o endosso ao então presidente recém-eleito.

 

Esse episódio de Rui versus Brasília tem ajudado para que Elmar aperte ainda mais a crítica ao ministro da Casa Civil. Ao lado de Arthur Lira, que não mede esforços para criticar a articulação de Lula, ele engrossa o coro para a queda de Rui - mesmo que a articulação não caiba exclusivamente ao ex-governador. Por mais que a briga entre Lira e Renan não esteja mais no foco, teremos mais algum tempo da disputa da República Federativa da Bahia conduzindo rumos do debate público no embate político.