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GT vai acompanhar conflitos fundiários das comunidades quilombolas de Mata de São João

Por Redação

GT vai acompanhar conflitos fundiários das comunidades quilombolas de Mata de São João
Foto: DP-BA

A Ouvidoria Cidadã da Defensoria Pública da Bahia vai instituir um grupo de trabalho para acompanhar as demandas e buscar a resolução dos conflitos ligados à demarcação das terras quilombolas de Mata de São João, na Região Metropolitana de Salvador. A resolução foi tomada durante reunião interinstitucional realizada na segunda-feira (27), na sede da Defensoria, no CAB, na capital baiana.

 

“Vamos instituir o grupo de trabalho a partir de portaria no Diário Oficial com a relação dos órgãos integrantes. Antes disso, vamos encaminhar a minuta do texto para todas as instituições aqui presentes, que compactuam com a criação desse instrumento de garantia de direitos”, explicou a ouvidora-geral, Sirlene Assis, que articulou e presidiu a reunião com representantes das comunidades e órgãos municipais, estaduais e federais.

 

“Estamos à disposição para empreender todos os esforços a fim de regularizar o território de Tatuapara e para qualquer outra mediação para, nos próximos anos, ter todas as comunidades adequadamente titularizadas”, reforçou a defensora-geral, Firmiane Venâncio.

 

Atualmente, está em andamento o trabalho de campo do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para titulação das comunidades quilombolas de Mata de São João. As ações do grupo de trabalho que será criado envolverão articulações para garantir a segurança dos integrantes das comunidades quilombolas e técnicos do Incra, revisão do zoneamento da Área de Proteção Ambiental (APA), além de discussões sobre questões identitárias e combate ao racismo na comunidade.

 

Essas prioridades foram definidas a partir dos relatos de intimidação por parte de agentes da Polícia Militar, abuso de autoridade e desinformação por parte de agentes municipais, grilagem, poluição e impedimento de acesso às praias, além de outras formas de violências no território. “A comunidade está com medo, por isso não participa dos encontros. Queremos que pare o assédio que tem sido feito e dificultado o processo de titulação”, clamou a presidenta da Associação Quilombo Tatuapara, Maria Jurema Nascimento.

 

Intimidações também foram relatadas por técnicos do Incra que realizam estudos para o processo de demarcação das comunidades. “Todas as vezes que estamos em campo a polícia aparece sem que haja nenhuma ocorrência e as pessoas ficam inseguras”, relatou a antropóloga Queila Oliveira. Ela denunciou ainda um processo de desmobilização e desinformação por agentes municipais para que as pessoas não se identifiquem como quilombolas.

 

A coordenadora do Núcleo de Equidade Racial da DP-BA, Vanessa Lopes, assumiu para o núcleo a função de juntar informações e articular com os órgãos públicos o processo de revisão do zoneamento da Área de Proteção Ambiental do Litoral Norte. “Essa é uma questão importante e, enquanto não dermos conta dela, outros problemas como os narrados aqui vão continuar acontecendo”, pontuou.

 

Também participaram da reunião desta segunda, Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Superintendência de Prevenção à Violência (SPREV), Corregedoria da Polícia Militar, Superintendência de Desenvolvimento Agrário, Coordenação Nacional de Entidades Negras, e Ordem dos Advogados da Bahia subseção Camaçari.

 

O encontro desta segunda-feira deu continuidade à atuação iniciada em janeiro, quando foi feita uma escuta das demandas das comunidades quilombolas de Mata de São João pela Ouvidoria Cidadã, Especializada de Direitos Humanos da DP-BA, Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, Defensoria Pública da União e Ministério Público Federal. Os órgãos foram acionados pela Associação Quilombo Tatuapara, Remanescente de Quilombo dos trabalhadores rurais de Pau Grande de Baixo, Tapera, Beira Rio, Castelo da Torre e Adjacências.