Vinci rejeita proposta de aluguel de estacionamento para motoristas de aplicativo e indica "projeto" para o local
Por Rebeca Menezes
Quem chega ao aeroporto de Salvador, em qualquer horário, logo vê uma longa fila de motoristas parados próximos a um estacionamento desativado localizado pouco antes do bambuzal que se tornou cartão postal da cidade. Se o espaço criado para carros está vazio, e os motoristas precisam de um local mais seguro e organizado, a solução parece fácil... Mas não é. Um impasse sobre o aluguel travou a solução óbvia.
O assunto voltou à tona durante uma entrevista com o vereador Átila do Congo (Patriota) ao programa Bahia Notícias no Ar, na Salvador FM, na última semana, quando o edil revelou que ele mesmo tentou pagar o estacionamento com verba do Sindicato dos Motoristas por Aplicativo da Bahia (Simactter), mas não conseguiu avançar na negociação com a Vinci, concessionária que administra o Salvador Bahia Airport.
"Eu já tentei alugar aquele espaço, via sindicato. A Vinci disse que ia ocupar - e tem anos que não ocupa. [...] A empresa disse pra mim que teria utilidade e até hoje não tem", lamentou Átila.
O vereador citou como exemplo bolsões para os motoristas que já existem em outras capitais, como Brasília e São Paulo - espaços geridos pela própria Uber, primeira empresa do ramo a chegar ao Brasil.
Presidente do sindicato, ele contou ainda que, sem um acordo com a concessionária, iniciou conversas com o prefeito Bruno Reis e com o secretário de Mobilidade, Fabrizzio Muller, para desenvolver um projeto para aquela localidade e alocar os motoristas "com dignidade". "Aquele é um cartão postal negativo pra cidade. O turista chega e vê aquela situação".
Terreno de estacionamento desativado pertence à Vinci | Foto: Reprodução / Google Maps
PROJETO À VISTA, MAS SEM PRAZO
Procurada pelo Bahia Notícias, a Vinci explicou que não aceitou a proposta de aluguel porque "tem como premissa estabelecer contratos comerciais com pessoas jurídicas". "Mantemos um canal de diálogo constante com empresas de transporte por aplicativo em busca de viabilizar a melhoria contínua na experiência dos motoristas e passageiros", disse o grupo em nota.
Ainda ao site, a companhia confirmou que existe um projeto de uso para o estacionamento desativado, mas que a política interna "não permite dar mais detalhes de negociações em processo".
EXPERIÊNCIA EM OUTRAS CIDADES
Ao anunciar um novo estacionamento para os motoristas no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, a Uber prometeu acesso a 230 motoristas a um "local confortável, com banheiros, água, café, vending machines e apropriado para estacionar o seu carro e aguardar sua próxima viagem".
Menos de um ano depois, o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, também ganhou um espaço da empresa com 300 vagas com banheiros e sala de espera.
O BN procurou a Uber para questionar sobre a existência de um projeto similar na capital baiana, que este ano registrou a maior taxa média de ocupação em voos nacionais. Porém, até a publicação desta matéria, não houve resposta. A empresa também não respondeu se há alguma conversa com a Vinci nem se estuda alguma outra solução para o problema.
INSEGURANÇA E MULTAS
Além da dificuldade de locais gratuitos para estacionar próximo ao aeroporto, os motoristas de aplicativos questionam outros problemas que enfrentam diariamente. Temas como segurança são constantes. Não só há a preocupação com assaltos como, em pleno carnaval deste ano, um carro desgovernado atingiu o a fila, deixando um morto.
Acidente atingiu carros e deixou um morto | Foto: Reprodução / Redes Sociais
Críticas à atuação de órgãos da prefeitura também são comuns: em dezembro do ano passado, uma manifestação acusou a Transalvador de aplicar multas em quem estaciona no local. Já em julho deste ano, as barracas utilizadas como ponto de apoio para motoristas foram retiradas pela Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), por falta de licenciamento.