Única doação de órgãos pode beneficiar 50 pessoas; recusa familiar é de 44%
Com apenas um doador de órgãos pode-se salvar a vida de 50 pessoas. É o que explica José Lima Oliveira Junior, cirurgião cardiovascular e integrante da Comissão de Remoção de Órgãos da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). De acordo com ele, oito vidas são salvas diretamente com a doação dos principais órgãos, que são o coração, dois pulmões, dois rins, intestino, pâncreas e fígado. O número sobe quando levamos em conta os transplantes de córneas, ossos, válvula cardíaca etc. Na entrevista, o cirurgião nos explica que a doação de órgãos no Brasil deve ser feita de forma consentida, ou seja, com a permissão da família. De acordo com ele, se a pessoa disser em vida que quer doar órgãos mas a família for contra e se manifestar assim, os órgãos não serão doados. “Ela deve procurar expressar e deixar clara a sua vontade e o seu desejo, ela pode até colocar nas mídias sociais, mas sempre a decisão final é da família”, explicou. A ABTO faz levantamentos sobre a doação de órgão; o último, divulgado em agosto, apontou que no Brasil existem mais de 33.199 pessoas à espera da doação de um órgão e que 44% das famílias não autorizam a doação de órgãos. Mesmo com tal taxa, o número de doadores efetivo de órgãos subiu de 13,1 por milhão de habitantes para 14 por milhão no segundo trimestre; o número ainda é longe da meta buscada pela instituição de 16 por milhão. No segundo trimestre o número de transplantes feitos caíram e o total de potenciais doadores também. Os órgãos mais requisitados são córneas e rim, seguida de fígado, coração, pulmão, pâncreas e intestino.
A pessoa pode informar a um familiar que ela tem o desejo de ser um doador. Eventualmente ela tendo uma condição de morte cerebral, morte encefálica, com esse aviso a família pode concordar que a pessoa se torne um doador efeitvo. Não precisa deixar nada por escrito, não há necessidade de registrar nada no cartório, isso não tem mais valor. Hoje em dia a doação só é realizada se a família concordar.
A família sempre é abordada por uma equipe multiprofissional. Com médicos, enfermeiras, assistente social, psicólogo, advogado, mas mesmo se com todo o trâmite a família não concordar, o assunto é encerrado.
Depois que a família concorda um material é colhido para fazer testes de compatibilidade, ele é processado, a análise é feita atestando a sequência de compatibilidade de cada órgão para determinar quais são os setores compatíveis. A central estadual vai pegar o primeiro paciente da fila, ver de que instituição ele é, entrar em contato com a instituição para verificar se o paciente está em condições para receber o órgão compatível. Se ele estiver, o órgão vai ser retirado para esse receptor. Se for rejeitado, a central passa para o segundo paciente e assim por diante para todos os órgãos. Primeiro será retirado coração, pulmão, fígado, pâncreas, rins, intestino, pele, osso, córnea etc.
s pessoas têm medos de que os órgãos sejam vendidos e que não sejam efetivamente dados de forma gratuita para os pacientes, as pessoas têm muito receio quanto ao tráfico de órgãos, se existe, se não existe, como funciona a doação efetivamente. O custo também é uma preocupação das famílias, que sempre perguntam se a família terá custo, mas o transplante é realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O estado do corpo da pessoa depois da doação também é uma preocupação para a família, que tem medo que o corpo fique deformado, mas os órgãos e tecidos são retirados por cirurgias.
Diretamente até oito vidas, com o coração, dois pulmões, dois rins, intestino, pâncreas e fígado. Mas indiretamente até 50 pessoas, isso porque um olho, pele, córnea, válvula cardíaca, tudo isso também pode ser doado e ajudar outras pessoas.
Os pacientes que apresentarem alguma insuficiência orgânica que podem comprometer o funcionamento dos órgãos e tecidos, como insuficiência renal, hepática, cardíaca, medular, pancreática etc; além de portadores de doenças contagiosas transmissíveis, como soropositivos, portadores da doença de Chagas, hepatite Be C, entre outras; paciente com infecção generalizada ou insuficiência de múltiplos órgãos, além das pessoas com tumores malignos.
No geral todos os órgãos tem uma procura maior do que a oferta. Nós temos um número grande de potenciais doadores e temos um número pequeno de doadores efetivos. De uma forma geral nós realizamos em torno de 40% dos transplantes a cada ano para todos os órgãos. O problema é que para alguns órgãos, como coração e pulmão, a mortalidade na fila de espera ainda é muito alto. E quanto menor a oferta, maior o tempo de espera da pessoa até que o órgão compatível chegue. Então no geral todos os órgãos nós temos uma demanda bem inferior à necessidade apresentada.
Sim, os doadores vivos doam órgãos duplos como o rim, pâncreas, pulmão, uma parte do fígado, até mesmo a medula óssea, para que seja transplantado em amigos ou família. Para a doação ocorrer, será necessário atestar que o receptor não apresentará nenhum de problema de saúde após o transplante.
Ela deve procurar expressar e deixar clara a sua vontade e o seu desejo, ela pode até colocar nas mídias sociais, mas sempre a decisão final é da família. Se a família concordar, mesmo que a pessoa tenha concordado em vida, a captação não será realizada porque nós trabalhamos no Brasil com a doação consentida.