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Travelling

Davidson pelo Mundo: Tourist, Go Home!

Por Davidson Botelho - @davidsonpelomundo

Davidson pelo Mundo: Tourist, Go Home!

Uns com tanto e outros com nada ou quase nada. Poucos poderiam crer que um dia isso poderia acontecer, recusar clientes, o bastante de visitantes, não queremos mais!

 

Pois é, acreditem, tem muitas cidades que estão se manifestando para limitar o número de turistas, entendem que o turismo é o grande causador de problemas estruturais, degradação e até violência. Pois é, incluso em várias cidades, a própria população confirmou o desejo de seus representantes através de pesquisas e plebiscito, impondo limites ao turismo, aumentando taxas, restringindo a chegada de cruzeiros e voos.

 

 

Alguns políticos na Europa responsabilizam a plataforma AIRBNB e as empresas aéreas de baixo custo e baixas tarifas por essa invasão desenfreada de turistas, criando aquela sensação de elitismo e preconceito, mas existem estudos que apontam sim que o turismo em massa tem trazido transtornos em algumas cidades.

 

Os gestores de Amsterdã indicam que o problema de controle das drogas se torna mais difícil, pois os turistas vão justamente atrás dessas experiências. Mas foi o turismo que levou a droga para Amsterdã ou Amsterdã que liberou o consumo e assim atraiu turistas? Muitas polêmicas estão por vir.

 

O turismo é o grande fenômeno social do século XX. A melhoria das comunicações e do nível de vida de boa parte do planeta pôs metade da população mundial a caminho do lugar de residência da outra metade. E longe de parar, só irá aumentar no século XXI. Mas como todo fenômeno global, tem seus prós e contras, do negócio turístico vive mais de 11% da humanidade e em algumas regiões representa até 50% do PIB. Além disso, o turismo não é só negócio, esses movimentos de massas também implicam intercâmbio de ideias, de projetos, de mestiçagens e de paz. Mas, descontrolado, o turismo é como Átila, acaba com a cultura local. Nessa guerra se inserem as nada amigáveis pichações que aparecem com certa frequência em várias cidades contra os turistas, como se eles e não quem planeja as políticas de desenvolvimento fossem os culpados. O turista não costuma ir aonde quer, vai aonde lhe facilitam ir.

 

 

Pode-se odiar os turistas? Sim, infelizmente (embora muitas das cidades que agora os rejeitam cresceram e se tornaram ricas graças a eles; qual seria o PIB dos espanhóis sem o turismo?) O jornal britânico The Independent cita destinos que odeiam ou rejeitam os turistas. A lista não tem nenhum lugar da América Latina, mas seguramente esta lista aumenta a cada dia.

 

Veneza, Amsterdã, Santorini, Barcelona, Cinque Terre, Arlington, Islândia, Butão, são exemplos de destinos abertamente favoráveis ao controle de turistas. Seria simples se as leis não fossem tão complicadas (em alguns casos, graças a Deus), bastava aumentar os preços e isso já seria um limitador natural, mas as coisas não funcionam tão simples assim, existem acordos bilaterais, interesses que vão além da vontade dos moradores incomodados e dos seus gestores, não esquecendo que essa gente também gosta de viajar e visitar a cidade de alguém.

 

Pois bem, vivi até 2023 pra ver isso, pra saber que tem destinos que não querem mais receber turistas, que investiram bilhões e agora não querem brincar. Mas se analisarmos friamente e fizermos um paralelo com outras atividades econômicas, existem ciclos de controle da produção e equilíbrio do mercado, o que não deixa de ser salutar para o desenvolvimento de outras regiões. A indústria do petróleo pratica isso seguidamente, trava a produção e aumenta preço, espera o consumo baixar para voltar a produzir e baixar o valor do barril até estabilizar e voltar a aumentar o preço e diminuir a produção. Assim a indústria automotiva trabalha, o agro pratica essa filosofia, mas no turismo tem algo além do negócio, tem a rejeição, o sentimento pessoal, ninguém gosta de ser rejeitado.

 

 

Dizem que é por isso que o homem lá de cima de vez em quando manda umas crises, umas guerras e umas pandemias, justamente pra dar um freio de arrumação, pra frear a bonança, iniciar a escassez e com ela a humildade dos seres humanos. Em todo enterro tem gente chorando e gente vendendo lenço, sejamos os vendedores de lenços nesse funeral, o Brasil, a Bahia e nossa cidade precisam dizer que aqui tem lugar para todos, 'pode vir meu nêgo, estamos te esperando', precisamos de inteligência de oportunidades e transformar a rejeição de uns em acolhimento nosso.