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Opinião: Lira joga com possibilidade de votar reforma tributária até sexta

Por Fernando Duarte

Opinião: Lira joga com possibilidade de votar reforma tributária até sexta
Foto: Bruno Spada/ Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a semana pode terminar com a aprovação da reforma tributária, que sequer foi encaminhada formalmente ao Congresso Nacional. Homem poderoso da República desde que ascendeu à liderança dos deputados, Lira faz o jogo de quem quer manter o capital político. Se conseguir cumprir a promessa da força-tarefa, fica com todo o crédito. Se der errado, a culpa é da falta de articulação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Um parlamentar que conhece os meandros da tramitação de projetos como a reforma tributária foi bem taxativo quando questionado se ela seria aprovada de maneira tão célere: “impossível”. Uma matéria com tantas nuances e tantos interesses - vide a batalha de governadores e prefeitos para participar ativamente do debate - não pode ser votada a toque de caixa, sob o risco de tornar a já confusa estrutura fiscal do Brasil algo mais difícil de ser administrada. Principalmente para os empresários, que só não morrem sufocados por muito esforço.

 

Lira quer pagar para ver o seu prestígio. O novo arcabouço fiscal passou sem grandes problemas, ainda que a articulação política do governo tenha sido questionada dia sim e no outro também. Depois de mudanças no Senado, o texto pode voltar a ser o da Câmara com o aval do presidente dos deputados. Matérias relevantes para Lula vivem em um estica e puxa sem tamanho e o peso de Lira se torna cada vez maior. É o cenário que o mantém influente o suficiente para tentar dar as cartas em Brasília, como já o faz há quase três anos.

 

Apesar da palavra “impossível” ter sido usada pelo interlocutor, que mantém certa proximidade com Lira, talvez “improvável” caiba melhor nesse caso. Como o presidente da Câmara é extremamente poderoso após o Executivo ainda não ter conseguido juntar os cacos dos sucessivos fracassos na articulação - e lidando com as consequências da ressaca do Legislativo reforçado da era Bolsonaro, não dá para duvidar da capacidade do alagoano de fazer valer sua vontade. Mesmo que isso custe uma reforma tributária sem a discussão devida.

 

Para completar os planos do líder sindical dos deputados (é um título que cabe devido a política do “venha a nós” de Lira), se a reforma for adiada a conta pode ficar inteira para o governo Lula e a articulação. Tanto que o assunto não está pacificado e já começam a circular rumores que o Executivo não cumpriu a expectativa em torno do projeto - e olha que, por ironia, caberia ao Legislativo fazer o debate que agora o próprio Lira tenta suplantar.

 

Ao fim e ao cabo, por enquanto, apenas Lira sai vencedor dessa hipótese de a reforma tributária ser votada agora ou adiada. Ou o governo acorda ou o presidente da Câmara vai seguir sendo poderoso demais para a República.