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Opinião: Derrota de Marcelo Nilo ao TCM é derradeiro episódio tragicômico da política baiana

Por Fernando Duarte

Opinião: Derrota de Marcelo Nilo ao TCM é derradeiro episódio tragicômico da política baiana
Foto: Priscila Melo/ Bahia Notícias

Marcelo Nilo disse, durante a própria defesa como candidato a conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), que uma derrota significaria o final da vida pública daquele que foi de “estagiário da Embasa” à governador interino. Como políticos têm o hábito de não necessariamente cumprirem a palavra, isso não quer dizer que o ex-deputado pôs fim a carreira política. Porém foi uma derrota dura para quem, outrora, foi poderoso ao ponto de permanecer por 10 anos à frente da Assembleia Legislativa da Bahia.

 

Desde que o senador Jaques Wagner entrou no circuito para articular a candidatura de Paulo Rangel, Nilo se tornou um azarão para a cadeira do TCM. Não deixa de ser uma fina ironia, inclusive, caber a Wagner o papel de sepultar as chances de o antigo aliado permanecer na vida pública. O Galego foi quem tornara Nilo poderoso, quando derrotou o carlismo em 2006 e o “bancou” pela primeira vez na Assembleia. Também veio do próprio Wagner o ato de defenestrar o “amigo” da chapa majoritária em 2014, mas até ali a relação de aproximação continuava. Só que, em 2017, já brigado com o novo governador Rui Costa (PT), o ex-chefe do Legislativo iniciou sua derrocada.

 

A “traição” do PCdoB, quando em 2017 abandonou o barco da quinta reeleição de Nilo na Assembleia, foi a ponta visível. Ali, ficava claro o distanciamento do então presidente do entorno do governo da Bahia, representado por Rui, mas sem o distanciamento de Wagner - afinal, os comunistas se colocaram na condição de apêndice petista. Angelo Coronel (PSD) não apenas ascendeu para colocar um fim na Era Nilo, como acabou alçado à condição de candidato ao Senado em 2018, de onde assistiu o desenrolar dos fatos.

 

Naquele ano, depois de ficar um biênio como um deputado estadual da planície, Nilo resolveu ser candidato a deputado federal, indicando o genro, Marcelo Veiga, para ser o herdeiro dos votos para Assembleia. Agora deputado federal, ele poderia ter ficado em Brasília, mas nunca escondeu que preferia estar pela Bahia. Assim, Nilo iniciou a caminhada para migrar para as figuras que, num passado não tão distante, estiveram do lado oposto ao qual ele construiu a vida pública. Anunciou ainda no começo de 2022 o rompimento com o PT e o apoio a ACM Neto (DEM) na corrida eleitoral daquele ano. 

 

Os desdobramentos desse processo são de conhecimento público. Caiu da candidatura ao Senado. Caiu da disputa pela vaga de vice. Ficou com uma votação reduzida para tentar retornar à Câmara, depois que distribuiu suas bases para os novos aliados. Agora, depois de ficar um tempo como assessor especial do prefeito de Salvador, Bruno Reis - uma espécie de prêmio de consolação -, Nilo se deparou com a maior derrota política: sequer ameaçou o favoritismo de Paulo Rangel (que manteve a discrição que sempre o acompanhou e lidou com apenas duas ou três traições) e toda a influência de Wagner sobre a base aliada do PT na Bahia.

 

O potro de Marcelo Nilo passou selado há muito tempo. Alguns já tinham percebido isso. Ele, nem tanto. Insistiu em tentar ir para o TCM, mesmo contra todos aqueles que o aconselhavam a não o fazer. Cobrou (ou lembrou, para não parecer uma troca de favores) todas as benesses que fizera ao longo de 10 anos de mandato na presidência da AL-BA e que ainda beneficiam os parlamentares. Não deu. Confirmada a própria perspectiva de Nilo, o eclipse de uma carreira de vitórias culminou com um fim bem menor do a história em si. Quando ele tentou montar, o tal cavalo já tinha ido com o tempo...