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Opinião: Debate da Band quase esquentou e escancarou estratégias dos três candidatos em Salvador

Por Fernando Duarte

Opinião: Debate da Band quase esquentou e escancarou estratégias dos três candidatos em Salvador
Foto: André Carvalho/ Bahia Notícias

 

O debate da Band Bahia quase entregou aquilo que se espera de um confronto entre candidatos a prefeito de uma cidade como Salvador, apesar do esforço deles, em mais de um momento, de fugir dos temas propostos. Essa foi uma estratégia recorrente especialmente para Geraldo Jr. (MDB), que focou os ataques no antigo aliado e candidato à reeleição Bruno Reis (União). Mesmo nos embates diretos contra Kleber Rosa (PSOL), o vice-governador centrava esforços contra Bruno e a gestão da capital baiana.

 

Houve uma estratégia deliberada, por exemplo, de trazer números que dificilmente seriam checados em tempo real, algo que chegou a ser alvo de críticas de Kleber Rosa. O candidato do PSOL, inclusive, mereceu destaque por diversas vezes, não apenas por saber colocar os adversários contra a parede - sem se importar quem era o confrontador em questão. Kleber provocou o emparedamento de Geraldo Jr. com a falta de alinhamento dele com a esquerda e com os quase 10 anos de endosso ao projeto agora liderado por Bruno Reis, gerando uma saia justa explícita.

 

Do ponto de vista do desempenho, o prefeito Bruno Reis pareceu mais nervoso do que deveria, especialmente nos momentos iniciais do debate. Quando colocado às cordas, hesitou e, quando teve oportunidade de confrontar o principal adversário, Geraldo Jr., optou por focar no governo do estado - que está por trás do endosso à candidatura do vice-governador. Era algo esperado, mas poderia ter sido melhor aproveitado, já que Jerônimo Rodrigues não é candidato em outubro. Ainda assim, conseguiu responder a parte das críticas, ao mesmo tempo em que apresentou feitos da gestão dele e do antecessor, ACM Neto (DEM).

 

Em um dado momento, Kleber Rosa chegou a pedir que Geraldo Jr. respeitasse a presença dele no debate, já que, mesmo nas virtuais interações entre eles, o vice-governador se direcionava ao atual prefeito. Ainda que tenha mantido certo nível de equilíbrio ao tecer críticas aos dois adversários, o candidato do PSOL entendeu que a alternativa para ele crescer nas intenções de voto passa por vincular a Geraldo Jr. temas caros à esquerda. Se vai funcionar como impulsionador eleitoral, é necessário aguardar o início da campanha.

 

Ainda que tenha acontecido um debate dinâmico, o engessamento típico desse tipo de ato político-eleitoral - consequência direta da legislação - não permitiu que os temas, até citados pelos candidatos, fossem aprofundados. Kleber Rosa foi quem melhor aproveitou o espaço dado. Geraldo Jr. mostrou-se controlado no item construção de imagem, mas com repertório limitado a ataques frontais ao prefeito. Já Bruno Reis pode avaliar na prática se vale a pena os desgastes gerados quando se tem um alvo do tamanho de uma melancia nas costas.

 

Os eleitores - aqueles que sobreviveram até pouco depois da meia-noite - sofreram para acompanhar ideias factíveis daqueles que pretendem governar uma cidade tão cheia de qualidades e defeitos como Salvador. Como a campanha começa efetivamente no próximo dia 16, talvez depois disso seja possível reconhecer algo mais propositivo de todos eles.